segunda-feira, 29 de junho de 2015

Escola de Nova York reforma pátio para absorver a água da chuva
Lisa W. Foderaro - NYT
Brendan McDermid/Reuters
Depois de meses de planejamento, desenhos e obras, o novo pátio estava quase pronto. Arianna Cruz, 11, plantou flox, lavanda e sálvia no jardim. Lance Barbosa, 10, regou as plantas - e de vez em quando um colega de classe - com uma mangueira.
O pátio, inaugurado na semana passada no bairro de Tremont, do Bronx, no campus de escolas públicas Twin Parks, tem as coisas de sempre, como cestas de basquete, mesas de jogos e um gramado.
Menos comuns são as covas amplas para as árvores, a camada porosa de cascalho debaixo do gramado e a "biovaleta" cheia de plantas que podem suportar inundações. A ideia é que esses recursos funcionem como uma esponja gigante, absorvendo a água da chuva para evitar que ela sobrecarregue as estações de tratamento de esgoto quando chove.
A reforma de US$ 1 milhão do pátio foi realizada pelo Trust for Public Land, um grupo nacional de conservação, e pelo Departamento de Proteção Ambiental do município, como parte de uma parceria para transformar 40 pátios de asfalto em toda a cidade em armas contra a poluição da água.
"A ação está acontecendo debaixo do solo", disse Marc A. Matsil, diretor estadual do Trust for Public Land em Nova York. "O objetivo é capturar entre 500 mil e 700 mil litros de água da chuva por pátio por ano."
A capacidade de os pátios desviarem a água das estações de tratamento da cidade parece ser uma gota em comparação com o esgoto pluvial, mas eles são uma parte importante de uma nova rede de infraestrutura sustentável.
Cerca de 115 milhões de metros cúbicos de esgoto e águas pluviais poluídas são lançados através de centenas de dutos nos cursos d'água a cada ano quando as estações de tratamento ficam sobrecarregadas. Essa sobrecarga pode acontecer até 75 vezes por ano, de acordo com o grupo ambiental Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, e é o maior desafio para a qualidade da água na região de Nova York, impedindo que rios e baías permaneçam dentro das normas federais para nado, pesca e habitat selvagem.
O departamento está agora no meio de uma campanha de 20 anos de duração e US$ 2,4 bilhões em dinheiro público e privado para proteger os cursos d'água locais com a nova rede.
Em vez de depender exclusivamente da estrutura tradicional para as águas cinzas, tais como tanques e dutos, o programa usa tetos verdes, jardins, solos especiais e superfícies porosas para capturar e reter as águas pluviais — muitas vezes através de um paisagismo agradável, como calçadas com jardins e pátios permeáveis.
No campus Twin Parks, que abriga quatro escolas públicas, a reforma do playground se transformou em ferramenta de ensino.
Mais de duas dúzias de alunos de uma das escolas, a Escola Comunitária 300 (CS 300, na sigla em inglês), aprenderam sobre a sobrecarga dos esgotos e visitaram um pátio que já tinha sido reformado. Eles participaram de oficinas de projetos. E entrevistaram os 1.600 alunos do campus sobre o pátio de 5.000 metros quadrados, que é aberto ao público fora dos horários de aulas.
Eles também descobriram que todo projeto tem limitações financeiras. "Eles tiveram de tomar algumas decisões orçamentárias sérias e decisões sobre o espaço e pensar em que tipo de equipamentos queriam", disse Danielle H. Smith, diretora-assistente da CS 300.
Finalmente, os alunos criaram uma lista de itens que ao mesmo tempo seriam recreativos e absorveriam a água.
"As árvores ficaram no topo da lista, o que é fenomenal", disse Melissa Potter Ix, uma arborista certificada e diretora da SiteWorks Landscape Architecture, que supervisionou a reforma. "Eles entenderam, através da análise que fizeram, que a vegetação é importante. Não havia uma única árvore ou planta aqui antes."
Além dos olmos e árvores do gênero Zelkova recém-plantados, a biovaleta do pátio é um jardim gigante, de 2,5 m por 40 m, projetado para absorver e filtrar a água pluvial, com solo arenoso onde foram plantados pés de magnólia do pântano [Magnolia virginiana], arbustos de Cornus alba e ciperáceas que podem suportar inundações. A drenagem do pátio escoa a água da chuva para a biovaleta.
Outro pátio reformado na Escola Pública 111, em Manhattan, tem uma trilha entre as árvores, um "jardim de chuva" [para drenar a água pluvial] e um teto verde sobre um terraço. Ele já provou sua utilidade.
Dias depois de ser inaugurado no início deste mês, uma chuva torrencial caiu na cidade. "O pátio sempre inundava antigamente", disse Matsil. "Mas choveu cinco centímetros em um dia e não aconteceu nada. Tudo foi absorvido."
As iniciativas da prefeitura não são totalmente voluntárias. Nova York é uma das dezenas de cidades em todos os Estados Unidos que estão submetidas a acordos legais com agências ambientais estaduais e federais que exigem a redução do transbordamento dos esgotos.
Adrian Benepe, vice-presidente e diretor de desenvolvimento de parques municipais da Trust for Public Land, disse que Nova York está na vanguarda na busca de estratégias sustentáveis. (A organização já trabalhou em projetos de pátios semelhantes em Newark, Nova Jersey, Filadélfia e San Francisco.)
"As cidades podem criar infraestruturas subterrâneas caras que servem para apenas um propósito ou então podem se beneficiar da captação da água pluvial e de outros serviços para o ecossistema ao mesmo tempo", disse Benepe. "As árvores fornecem sombra. Árvores e outras plantas absorvem dióxido de carbono. Os jardins oferecem habitat."
Lance Barbosa, o aluno do terceiro ano que estava regando as plantas, disse que a paisagem mais agradável beneficiaria o meio ambiente e os estudantes. "Estou animado com a ideia de poder simplesmente deitar e relaxar na grama durante o intervalo", disse ele. "Antes era tudo concreto e podíamos nos ralar."
Tradução: Eloyse Del Vylder
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