terça-feira, 30 de junho de 2015

Terror sem fronteiras 
FSP
Em ações que misturam barbárie e poder simbólico, dois violentos ataques terroristas reivindicados pela facção Estado Islâmico mataram 65 pessoas na sexta-feira (26).
Na Tunísia, um atirador assassinou 38 turistas em uma praia frequentada por estrangeiros. No Kuait, 27 fiéis morreram e dezenas saíram feridos após um homem-bomba se explodir em uma das principais mesquitas xiitas do país.
Os atentados marcam o primeiro aniversário de fundação do EI, que atualmente controla partes significativas da Síria e do Iraque: há um ano, seu principal líder, Abu Bakr al-Baghdadi, declarou-se califa.
Nas regiões sob seu domínio, a milícia radical horrorizou o mundo diversas vezes por meio da divulgação de imagens mostrando a morte cruel de reféns e o vandalismo contra patrimônios arqueológicos.
Ao mesmo tempo em que busca ampliar seu território, o EI promove ataques que buscam minar governos refratários ao fanatismo sunita, o que deixa xiitas e cristãos na lista de infiéis e hereges.
No caso da Tunísia, o segundo ataque contra estrangeiros --em março, 23 morreram dentro de um afamado museu-- tem o objetivo claro de debilitar uma das principais atividades econômicas do país que foi berço da Primavera Árabe e que há seis meses elegeu seu primeiro presidente de forma livre.
Também tido como um regime moderado, o Kuait enfrenta a difícil tarefa de evitar novos atentados de modo a não perder a tênue confiança da minoria xiita, que representa cerca de 30% da população.
Os alvos, porém, não se limitam a governos comedidos. Além da Síria, a Arábia Saudita, controlada por um ramo sunita diferente daquele do EI, sofre com atentados. Em maio, mais de 20 pessoas morreram em mesquitas xiitas.
Grande parte da capacidade para abrir fronts vem do macabro fascínio que o Estado Islâmico parece exercer sobre jovens dentro e fora do mundo árabe. A facção, mercê desse fluxo, tem conseguido repor as baixas que lhe são impostas nos campos de batalha, sobretudo pelos bombardeios americanos.
O risco de escalada ainda maior da violência é grande. Numa região tão fragmentada como o Oriente Médio, o Estado Islâmico aposta na exploração das fissuras entre sunitas e xiitas e entre países ocidentais e a opinião pública árabe para expandir sua loucura fundamentalista. A comunidade internacional, ao que tudo indica, ainda não aprendeu a conter esse avanço. 

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