Governo judicializa o impeachment, mas setores da imprensa agora inventam que, se Câmara recorrer, é pura manobra! Tomem tento!!!
Reinaldo Azevedo - VEJA
Nós, da
imprensa, como categoria, já fomos melhores: quando não estávamos, ainda
que eventualmente sem saber, a serviço de um partido e de uma causa.
Eu tenho uma
novidade para os coleguinhas. Existe, por exemplo, um troço chamado
“embargo de declaração”. A Câmara dos Deputados é parte na causa que foi
julgada pelo Supremo. Ou não é?
Alguém sabe,
depois do que se votou ali, quando pode e quando pode haver voto
secreto? Alguém sabe quando pode e quando não pode haver uma candidatura
avulsa? Alguém sabe quando pode e quando não pode haver uma disputa?
Se, como
quer o esvoaçante Roberto Barroso, uma comissão só existe se indicada
pelos líderes, por que haver, então, eleição? Por que discutir voto
aberto ou fechado?
“Ah, mas, se
Cunha recorrer a instrumentos como embargo de declaração, ele estará
apenas adiando o desfecho, esperando que a piora da economia leve o povo
às ruas…”
É mesmo? Que deputado sapeca!
Ele deveria fazer o jogo do PT e apressar o rito o máximo possível, não é mesmo? Não me matem de tédio!
Ora,
convenham: agora que Dilma terá na Fazenda e no Planejamento petistas da
gema, basta, então, tirar o país da lama e desmoralizar os que querem o
impeachment… Isso não muda os crimes cometidos, mas se tem um
argumento: “Querem tirar do poder uma presidente competente…”.
Não entendi a
tese. E sempre estou pronto para ouvir explicações. Então o governo
decide judicializar a questão do impeachment, contando com tipos como
Roberto Barroso, mas a parte que perdeu deveria se declarar impedida de
recorrer aos instrumentos que a própria legalidade oferece?
Se a Mesa da
Câmara recorrer a embargos de declaração, acho que estará cumprindo a
sua função. Se não o fizer, estará prevaricando. Se for Eduardo Cunha
ainda a fazê-lo, estará cumprindo o seu papel de presidente da Câmara.
Se outro estiver em seu lugar e não o fizer, então estará sendo apenas
um esbirro do Planalto.
Esse negócio de democracia é pra valer. Ou a gente acata ou não acata.
Eu acato.
Espero o
embargo de declaração. E, enquanto ele for julgado, com a questão
devidamente esclarecida, o rito do impeachment tem de ser congelado.
“Ah, mas a
economia vai piorar, e isso é ruim para Dilma.” Ora, basta que ela não
piore… Uma coisa é certa: a gente não deixa de seguir as regras legais
só porque a presidente é incompetente.
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