Notas para colunas inviáveis
Mario Sergio Conti - FSP
Ulysses Guimarães afundou no helicóptero de um empresário. Eduardo Campos explodiu num jatinho mutretado. Teori Zavascki caiu no mar com um estalajadeiro de luxo. Aécio Neves rabeou na pista e quase virou outro Mártir da Guerra Alada Contra a Corrupção.
O desejo maior de todo político é não entrar nunca mais num avião de
carreira. Aécio ia a São Paulo para um encontro com Fernando Henrique.
Como senador, tem direito a passagens. Preferiu o jatinho pago por
anônimos. Viajou só, com piloto e copiloto. Voou pouco, mas foi longe.
Um dos motivos a tornar a recessão brasileira mais longa e aguda que o
habitual é o gargalo do endividamento das empresas e famílias. Sob a
pressão dos compromissos financeiros, cortam-se gastos e investimentos,
retardando a retomada da economia.
Nesse contexto, uma redução substancial dos juros torna-se ainda mais decisiva para o retorno do crescimento. Tal agenda, contudo, não se limita ao abrandamento da política do Banco Central.
Como se sabe, a taxa fixada pelo BC, a Selic, baliza os juros pagos pela rede bancária aos poupadores e os cobrados dos devedores, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Em princípio, a queda da taxa deve levar todas as demais para baixo; na prática, a transmissão não tem se dado de maneira tão direta.
Com a inflação finalmente sob controle, abriram-se perspectivas favoráveis para o corte acelerado da Selic –que, desde outubro, caiu de 14,25% a 12,25% anuais. Projetam-se 9,5% até o final deste ano; mesmo uma baixa a 8% em 2018 deixou de ser implausível.
As hipóteses mais otimistas pressupõem que a agenda de reformas, sobretudo a previdenciária, continue em marcha. Conta-se ainda com algum ajuste dos orçamentos em todos os níveis de governo.
Para que a economia real de fato se beneficie, porém, é preciso que famílias e empregadores sintam a diferença no custo dos empréstimos e financiamentos. Quanto a isso, sinais de progresso são tênues.
Conforme relatório do BC, os juros cobrados de pessoas físicas e jurídicas –já muito distantes de qualquer padrão civilizado– elevaram-se ainda mais em janeiro. Em operações cotidianas, empresas pagaram taxa média de 28,8% ao ano; consumidores tiveram de arcar com asfixiantes 72,7%.
Tais discrepâncias são antigas. Governo e setor bancário prosseguem debatendo o tema nos termos de sempre: os culpados seriam a elevada inadimplência, a ineficiência na recuperação de garantias e os pesados impostos.
Isso, no entanto, é apenas parte da história. Pouco se fala, por exemplo, da elevada concentração bancária, que facilita comportamento oligopolista.
Pior, mal se avançou numa medida que beneficia de maneira direta os clientes –o cadastro positivo, que permite aos bons pagadores apresentar seu histórico de crédito em qualquer lugar. Os bancos dizem aprovar a ideia, mas parecem temer o compartilhamento de informações exclusivas que detêm.
Há distorções cultivadas ao longo de décadas de juros anômalos. O contraste entre a queda da Selic e a resistência das elevadas taxas cobradas dos consumidores explicita a urgência de corrigi-las.
Nesse contexto, uma redução substancial dos juros torna-se ainda mais decisiva para o retorno do crescimento. Tal agenda, contudo, não se limita ao abrandamento da política do Banco Central.
Como se sabe, a taxa fixada pelo BC, a Selic, baliza os juros pagos pela rede bancária aos poupadores e os cobrados dos devedores, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Em princípio, a queda da taxa deve levar todas as demais para baixo; na prática, a transmissão não tem se dado de maneira tão direta.
Com a inflação finalmente sob controle, abriram-se perspectivas favoráveis para o corte acelerado da Selic –que, desde outubro, caiu de 14,25% a 12,25% anuais. Projetam-se 9,5% até o final deste ano; mesmo uma baixa a 8% em 2018 deixou de ser implausível.
As hipóteses mais otimistas pressupõem que a agenda de reformas, sobretudo a previdenciária, continue em marcha. Conta-se ainda com algum ajuste dos orçamentos em todos os níveis de governo.
Para que a economia real de fato se beneficie, porém, é preciso que famílias e empregadores sintam a diferença no custo dos empréstimos e financiamentos. Quanto a isso, sinais de progresso são tênues.
Conforme relatório do BC, os juros cobrados de pessoas físicas e jurídicas –já muito distantes de qualquer padrão civilizado– elevaram-se ainda mais em janeiro. Em operações cotidianas, empresas pagaram taxa média de 28,8% ao ano; consumidores tiveram de arcar com asfixiantes 72,7%.
Tais discrepâncias são antigas. Governo e setor bancário prosseguem debatendo o tema nos termos de sempre: os culpados seriam a elevada inadimplência, a ineficiência na recuperação de garantias e os pesados impostos.
Isso, no entanto, é apenas parte da história. Pouco se fala, por exemplo, da elevada concentração bancária, que facilita comportamento oligopolista.
Pior, mal se avançou numa medida que beneficia de maneira direta os clientes –o cadastro positivo, que permite aos bons pagadores apresentar seu histórico de crédito em qualquer lugar. Os bancos dizem aprovar a ideia, mas parecem temer o compartilhamento de informações exclusivas que detêm.
Há distorções cultivadas ao longo de décadas de juros anômalos. O contraste entre a queda da Selic e a resistência das elevadas taxas cobradas dos consumidores explicita a urgência de corrigi-las.