sábado, 8 de abril de 2017

‘Deus abençoe Trump’: cidade síria celebra bombardeio
Moradores de Khan Sheikhun, alvo do ataque químico, elogiam o presidente americano pela represália contra o governo de Bashar Assad
VEJA
Na cidade de Khan Sheikhun, vítima do ataque químico de terça-feira, a população ainda chora seus mortos, enquanto manifesta esperança de que os bombardeios americanos deem uma lição a seu inimigo, o presidente da Síria Bashar Assad.
“Que Deus abençoe Trump!”, grita Abu Ali, um morador dessa localidade, segundo reportou a agência France-Presse.
O ataque químico matou 86 pessoas, entre elas 30 crianças e, três dias depois da tragédia, os habitantes ainda têm dificuldade para falar sobre o que aconteceu, as famílias continuam recebendo condolências de visitantes, e as ruas seguem com pouco movimento.
Algumas horas depois da primeira ação militar americana contra o regime de Assad desde o início do conflito sírio, Abu Ali comemora os ataques dos Estados Unidos. A ofensiva teve como alvo uma base militar de onde teria decolado – segundo os americanos – o avião lançou gases tóxicos sobre Khan Sheikhun.
“É um alerta claro a Bashar Assad: chega de assassinatos e de injustiça!”, acrescenta ele, esperando que Assad, Irã e Rússia vejam nesse episódio um “sinal” sobre a “mudança do equilíbrio de forças”.

Memes de apoio a Trump

Nas redes sociais, opositores ao governo de Bashar Assad comemoram o bombardeio com memes do presidente americano. Centenas de sírios trocaram temporariamente a imagem do perfil por uma sátira a Assad em que um foto de Donald Trump aparece com os dizeres “nós te amamos”, escrito em árabe. O slogan é utilizado por Assad e divulgados nas ruas das cidades sírias. 
O agradecimento à ação militar, no entanto, não significa apoio incondicional ao presidente americano. Em sua conta do Twitter, o usuário Obada destacou que Donald Trump é “um ser humano horrível”, mas fez uma coisa certa.
Insuficiente
Em Duma, reduto rebelde perto de Damasco, os moradores celebraram o ataque dos Estados Unidos, mas pedem mais intervenção. “Não queremos um único ataque, para que, depois, os crimes continuem”, disse à AFP Abu Shahid, de 30 anos. “É necessário um meio de dissuasão mais importante. Não acho que [os ataques] sejam suficientes”, completou.
Alguns querem que Washington impeça os aviões sírios de sobrevoarem a região. “Na realidade, os sírios querem uma zona de exclusão aérea”, comenta Hassan Taqiddin, de 27. “Porque, no fim das contas, esses ataques têm um efeito limitado. Eles atacam um aeroporto e, então, o quê?”, desabafou.
Em Khan Sheikhun, Abu Ali recorda que “uma parte do povo sírio fugiu do país, outra está enterrada, e outra está em busca de ajuda humanitária”. “Não queremos comida. Queremos exatamente que  Trump e seu governo ponham fim a essa farsa”, frisou.

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