terça-feira, 4 de abril de 2017

O espanto de quem votou no PMDB
Alvaro Costa e Silva - FSP
O que mais espanta na revelação do tamanho da corrupção fluminense é a reação: um fim de mundo que surpreendeu a todos. A estupefação é de quem é confrontado com algo inconcebível, inacreditável, terrível. Há quem pense que, por paroxismo, tudo não passa de mais um bem bolado esquema de "fake news": ninguém está preso e mais ninguém irá preso.
Mas a verdade que mais dói são os votos dados ao PMDB. Sérgio Cabral se transformou numa espécie de soba cleptomaníaco depois de ter sido eleito deputado estadual três vezes, senador da República e governador duas vezes. Sua reeleição ao cargo, em 2010, quando tinha 47 anos, deu-se em primeiro turno, com 66,08% dos votos válidos. Em toda sua trajetória política, contou com amplo apoio da sociedade, sobretudo da mídia. As coisas só mudaram com sua chegada triunfal a Bangu.
Pezão, atual governador cujo mandato foi cassado pelo TRE, é cupincha de Cabral. Chegou ao cargo com 55,78% dos votos. Prefeito do Rio entre 2008 e 2016, Eduardo Paes foi considerado um novo Pereira Passos (como se a comparação fosse elogiosa). Mas isso antes de ter o nome incluído na lista de Janot e deixar como legado a ciclovia Tim Maia, que custou R$ 45 milhões e expõe a população ao risco. Coitado do Tim, que não votou nele.
Eduardo Cunha, condenado a 15 anos de xilindró, começou a montar seu curral de influência no Rio. Assim como seu vizinho num condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Jorge Picciani, acusado de organizar o esquema de propinas no TCE.
Todos tiveram a confiança dos eleitores cariocas e fluminenses, hoje espantadíssimos com tantos escândalos. A revolta é quase geral. Não vale para a maioria dos deputados estaduais que aplaudiu Picciani na tribuna da Alerj, como se ele fosse um Cícero de papadas. Estes, ao menos, são coerentes em sua falta de espanto.

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