
Via djf
A
Argentina está a menos de 24 horas de formalizar um calote
em suas dívidas. Esse seria o
terceiro calote do governo argentino em apenas vinte e oito anos. Como a situação chegou a esse ponto?
Após
o calote de 2001, o governo da Argentina ofereceu aos seus credores um swap
de sua dívida (uma reestruturação
da dívida) para 2005. Vários detentores
de títulos públicos argentinos aceitaram essa oferta do governo. Mas
alguns se recusaram a aceitar. Esses credores que não aceitaram a
reestruturação são chamados tecnicamente de "holdouts". Quando a
Argentina começou a pagar pelos
novos títulos em posse daqueles que aceitaram a reestruturação
(tecnicamente
chamados de "holdins"), os holdouts acionaram judicialmente o governo
argentino
no tribunal de Nova York, que é a jurisdição sob a qual a Argentina
emitiu os
títulos de sua dívida. Após a Suprema
Corte dos EUA ter se recusado a ouvir, há algumas semanas, o argumento
de
defesa do governo argentino, o veredito do juiz Thomas Griesa tornou-se
definitivo.
Perante
o agora evidente fracasso da política econômica kirchnerista, um modelo populista
que vigora na Argentina desde 2003, começam a surgir nos jornais argentinos
várias colunas escritas por "especialistas" e por ex-integrantes do atual
governo que tentam limpar sua imagem e apontar os responsáveis diretos pelos acontecimentos
atuais, que envolvem saques
a comércios e residências, disparada
do dólar, queda
acentuada das reservas internacionais, restrições
à compra de dólares, inflação
de preços em
disparada e apagões.
O
ex-presidente Eduardo
Duhalde, por exemplo, que ficou no cargo de janeiro de 2002 a maio de 2003,
vem fazendo elogios ao seu então ministro da economia, Roberto Lavagna,
tentando resgatar sua imagem e chegando ao ponto de candidatá-lo como a pessoa
com a experiência necessária para resolver a situação atual. Já o ex-presidente do Banco Central Martin Redrado
(setembro de 2004 a janeiro de 2010), e o ex-ministro da economia Martín Lousteau (dezembro
de 2007 a abril de 2008), vêm escrevendo dezenas de artigos nos jornais
tentando se desvencilhar de suas ligações com o atual governo, sendo que
participaram dele até há poucos anos.
O estilo Kicillof
Conquanto o racional jurídico não esteja construído com o rigor
da técnica, aí vão algumas reflexões sobre um dos fenômenos mais
bizarros do “Brasil das Maravilhas”. Em comunicado aos seus clientes, um
grande Banco espanhol informou sobre as eleições, as percepções do
mercado e possíveis cenários. Mas, o governo – em campanha para
reeleição – não gostou dos esclarecimentos, pedindo retratação e (pelo
que foi noticiado) a demissão dos analistas. Para facilitar a
compreensão da questão, a nota segue transcrita abaixo:
Quando leio o que se escreve sobre democracia, fico bastante
preocupado. Fala-se muito em governo do povo e fora políticos. Aliás,
esse foi um dos maiores motes das manifestações do ano passado. Vamos
por partes. Governo do povo sem políticos (que na realidade são nossos
representantes) não existe. É pura fantasia, sonhos de uma noite de
verão.