sexta-feira, 31 de outubro de 2014

PF suspeita que empresa usou Caixa para aplicar golpe no exterior
A Operação Godfather, que investiga crimes contra o sistema financeiro no ramo imobiliário, apura se empresário forjou vínculo com o banco brasileiro para aplicar golpe em investidores do mercado imobiliário em outros países
VEJA
Anthony Armstrong Emery segura as camisas do Alecrim FC e AC Monza
Anthony Armstrong Emery segura as camisas do Alecrim FC e AC Monza (Gabriel Peres/Divulgação)
A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram nesta quinta-feira a Operação Godfather, que investiga crimes financeiros no setor imobiliário, como sonegação fiscal, gestão fraudulenta, formação de quadrilha e lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores. Uma das principais empresas investigadas, a EcoHouse, com sede em Londres, é suspeita de ter usado o nome da Caixa Econômica Federal para aplicar golpes no exterior.
De acordo com nota divulgada pela PF, as investigações estão sendo conduzidas há oito meses e foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em residências de investigados e em empresas supostamente ligadas à organização criminosa. As buscas estão sendo realizadas em cidades do Rio Grande do Norte e do Ceará. A PF divulgou que a organização movimentou cerca de 150 milhões de reais nos últimos cinco anos, "tendo parte deste montante transitado por empresas sediadas em paraísos fiscais e por contas de instituições e de pessoas físicas consideradas 'doleiras'”.
A suspeita é de que a quadrilha, que tem sede em Natal (RN), opere um esquema de lavagem de dinheiro com captação de recursos de particulares no exterior. Aos investidores, o grupo apresenta uma promessa de ganhos de 12 a 20% ao ano. Contudo, os investimentos jamais foram devolvidos aos investidores. A PF apurou que somente em Cingapura foram lesados pelo grupo cerca de dois mil investidores, e que cada cota vendida naquele país equivalia a 46 mil dólares.
Caixa Na página da EcoHouse, há menções à Caixa Econômica Federal e ao programa Minha Casa Minha Vida, financiado pela instituição bancária. Em uma das notícias publicadas no site, o grupo se apresenta como um dos responsáveis por construir residências financiadas no âmbito do Minha Casa Minha Vida. Em notícia publicada pelo site de notícias de Cingapura Channel News Asia, em agosto, Armstrong é acusado de forjar documentos que mostrem seu vínculo com a Caixa. De acordo com a reportagem, uma carta de recomendação do grupo teve sua autenticidade contestada pelo embaixador brasileiro em Cingapura, Luis Fernando de Andrade Serra.
O nome da operação é uma alusão ao principal investigado, Anthony Armstrong, que é presidente do grupo e foi apelidado pela imprensa potiguar de O Poderoso Chefão. Armstrong, segundo a página de sua empresa, é casado com uma potiguar e é ex-presidente do Alecrim Futebol Clube e proprietário de um clube na cidade de Monza, na Itália.
Ao jornal Folha de S. Paulo, o banco afirmou que a EcoHouse não constrói moradias do Minha Casa Minha Vida. O site de VEJA não conseguiu contato com a Caixa até o fechamento da reportagem.

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