sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Tim Cook, CEO da Apple, assume que é gay, mas Jean Wyllys não o representaria no Brasil
Rodrigo Constantino - VEJA

Tim Cook, da Apple
A declaração de Tim Cook, CEO da Apple, sobre sua homossexualidade causou certo alvoroço, ainda que muitos já desconfiassem de sua inclinação sexual. Cook sempre foi reservado, mas resolveu se abrir para ajudar outros a saírem do armário no mundo corporativo.
O CEO da mais admirada empresa de tecnologia do mundo chegou a dizer que ser gay foi uma dádiva divina, que lhe deu mais empatia, “um entendimento mais profundo do que significa estar na minoria” e “uma perspectiva sobre os desafios enfrentados todos os dias por membros de outras minorias”. Logo, disse ter orgulho de sua sexualidade, mas não deu tanta importância assim ao tema até agora:
“Muitos de meus colegas na Apple sabem que sou gay, e isso não parece fazer a menor diferença na form acomo eles me tratam. É claro que tenho a sorte de trabalhar numa companhia que ama criatividade e inovaçào e sabe que elas só podem florescer quando você acolhe as diferenças. Nem todo mundo tem essa sorte.”
Entendo alguém ter orgulho de assumir sua sexualidade diferente, pela coragem do ato em um mundo ainda preconceituoso; não por ser gay em si. Também entendo seu ponto sobre a visão de mundo mais tolerante por sua condição, mas acho temerário associar a homossexualidade com a empatia. Não tem nada de automático nisso: existem heterossexuais muito solidários e gays insensíveis e egoístas.
Dito isso, eis o que gostaria de falar: como Tim Cook, existem vários outros gays no mundo corporativo americano, mas nem por isso fazem de sua sexualidade uma bandeira política. É apenas mais uma característica de tantas que compõem o indivíduo.
Peter Thiel é outro nome que vem à mente: o fundador do PayPal é gay também, mas sempre tratou do assunto como algo pessoal. Gostaria que houvesse menos preconceito do lado do público e mais coragem do lado dos empresários, mas entende e respeita quem adota postura discreta. Thiel, aliás, é um libertário capitalista que defende o Tea Party.
O que me traz ao cerne da questão: ser gay não deve levar ninguém automaticamente para o colo da esquerda. Cook e Thiel são ícones do empreendedorismo capitalista que os liberais defendem, e se sentem absolutamente à vontade nos valores liberais, que focam no indivíduo, e não em um coletivo abstrato qualquer.

Peter Thiel, fundador da PayPal
Não vemos ambos se vangloriando e demandando aplausos por serem gays. São nomes respeitados e admirados pelo que fizeram, não pelo que são do ponto de vista sexual. Eis a postura de um típico liberal. E oposta à de um coletivista, que enxerga na cartada sexual uma bandeira política oportuna para concentrar mais poder no estado e prejudicar o indivíduo, a menor minoria de todas.
Fossem brasileiros, esses ricos empresários capitalistas jamais seriam representados pelo PSOL de Jean Wyllys, defensor do socialismo e que desdenha do lucro, da propriedade privada, do sucesso meritocrático individual. Quem admira Che Guevara – que por sinal perseguia homossexuais e acreditava que o trabalho forçado iria “curá-los” – jamais pode representar empreendedores de sucesso e individualistas.
Coletivistas não gostam de avaliar caso a caso, individualmente, pois só enxergam um grande bloco monolítico chamado “minorias”, as quais fingem defender.
PS: Assim que publiquei esse texto, vi a seguinte notícia: Haddad coloca gays e travestis na fila prioritária do Minha Casa Minha Vida. Eis aí um típico exemplo do absurdo que a esquerda faz em nome das minorias, sempre criando privilégios e rejeitando o indivíduo como finalidade em si, e também a igualdade de todos perante as leis.

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