sábado, 28 de março de 2015

A arte de fazer perguntas
Tom Pohlmann e Neethi Mary Thomas - NYT
NYT
Questionar o saber comum pode até mesmo levar uma pessoa a ser marginalizada Questionar o saber comum pode até mesmo levar uma pessoa a ser marginalizada
Pense na época em que você estava crescendo e frequentando a escola. As chances são de que você recebia mais reconhecimento ou recompensa quando respondia corretamente. Mais adiante na vida, esse incentivo continua. No trabalho, nós frequentemente recompensamos aqueles que respondem perguntas, não aqueles que as fazem. Questionar o saber comum pode até mesmo levar uma pessoa a ser marginalizada, isolada ou considerada uma ameaça.
Como as expectativas para tomada de decisão passaram de "faça isso logo" para "faça isso já" e então "deveria ter sido feito ontem", nós tendemos a fazer conclusões apressadas em vez de fazer mais perguntas. E o efeito colateral infeliz de não fazer perguntas suficientes é má tomada de decisão. Esse é o motivo para ser imperativo desacelerarmos e dedicar tempo a fazer mais e melhores perguntas. Na melhor das hipóteses, nós chegaremos a melhores conclusões. Na pior, evitaremos refazer muitas coisas depois.
Além de não falarem o bastante, muitos profissionais não pensam em como diferentes tipos de pergunta podem levar a resultados diferentes. Você deve guiar a conversa fazendo os tipos certos de perguntas, com base no problema que está tentando resolver. Em alguns casos, você vai querer expandir sua visão do problema, em vez de manter um foco míope. Em outras, você vai querer contestar as suposições básicas ou afirmar seu entendimento visando se sentir mais confiante em suas conclusões.
Considere estes tipos de perguntas, cada uma visando atingir uma meta diferente:
– Perguntas esclarecedoras nos ajudam a entender melhor o que foi dito. Em muitas conversas, as pessoas falam umas depois das outras. Pedir esclarecimento pode ajudar a revelar a verdadeira intenção por trás do que foi dito. Isso nos ajuda a entender melhor uns aos outros e nos leva às questões relevantes que ocorrem em seguida. "Você pode falar mais a respeito?" e "Por que você diz isso?" se enquadram nessa categoria. As pessoas não fazem essas perguntas com frequência porque tendem a presumir e completar as partes que faltam elas mesmas.
– Perguntas adjacentes são usadas para explorar aspectos relacionados do problema que foram ignorados na conversa. Perguntas como "Como esse conceito se aplica em um contexto diferente?" ou "Quais são os usos relacionados desta tecnologia?" se enquadram nesta categoria.
– Perguntas afuniladoras são usadas para ir mais fundo. Nós as fazemos para entender como uma resposta foi obtida, para contestar as suposições e para entender a raiz dos problemas. Os exemplos incluem: "Como você fez esta análise?" e "Por que não incluiu este passo?" O afunilamento pode seguir naturalmente o desenho de uma organização e suas ofertas, como "Nós podemos pegar esta análise de produtos para uso ao ar livre e aplicá-la a uma certa marca de móveis de jardim?"
– Perguntas elevadoras levantam questões mais amplas e acentuam o quadro maior. Elas nos ajudam a dar um passo para trás. Por estarmos imersos demais em um problema imediato, isso torna mais difícil vermos o contexto geral por trás dele. Então você pode perguntar. "Dando para um passo para trás, quais são as questões maiores? ou "Nós estamos tratando da questão certa?"
No mundo atual "sempre ligado", há uma pressa em responder. O acesso ubíquo a dados e as exigências voláteis dos negócios estão acelerando esse senso de urgência. Mas devemos desacelerar e entender uns aos outros melhor, para evitarmos decisões ruins e termos sucesso nesse ambiente. Como fazer perguntas exige um certo grau de vulnerabilidade, a cultura corporativa deve mudar para promover esse comportamento. Os líderes devem encorajar as pessoas a fazerem mais perguntas, com base nas metas que estão tentando atingir, em vez de pressioná-las a responderem rapidamente.
Tradutor: George El Khouri Andolfato 

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