segunda-feira, 30 de março de 2015

Países árabes anunciam criação de uma força militar unificada
Iniciativa é decorrência do conflito no Iêmen, onde milícia xiita obrigou o presidente a fugir
Detalhes da força ainda estão sendo definidos, mas ela pode ter 40 mil homens; influência do Irã na região é alvo
FSP
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, disse neste domingo (29) que os dirigentes da Liga Árabe concordaram com a criação de uma força militar conjunta, incentivados pela influência iraniana no conflito do Iêmen.
O presidente iemenita, Abdo Rabbo Mansur Hadi, foi obrigado a fugir do país após o avanço da milícia xiita houthi, apoiada pelo Irã.
O anúncio foi feito durante a cúpula da organização em Sharm-el-Sheikh (Egito), iniciada três dias após a Arábia Saudita, vizinha do Iêmen e aliada dos EUA, começar a bombardear as posições dos rebeldes na capital Sanaa e em outras regiões iemenitas.
A iniciativa abre espaço para um eventual embate entre nações árabes e as regiões sob influência iraniana.
Autoridades egípcias estimam que a força militar abrangerá cerca de 40 mil homens apoiados por aviões de caça e navios de guerra, com sede no Cairo ou na capital saudita, Riad.
É improvável, contudo, que todos os 21 membros da fragmentada Liga Árabe façam parte da iniciativa proposta. O Iraque, cujo governo xiita é mais próximo do Irã, por exemplo, disse que as discussões acerca da força militar requerem mais tempo.
ALINHAMENTO
O alinhamento é semelhante ao da guerra civil na Síria. Na ofensiva lançada pelos sauditas, houve uma coalizão com monarquias do golfo Pérsico, como Qatar, Kuait, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, e com países como Jordânia, Marrocos e Egito.
A ação militar recebeu o apoio da Turquia, dos EUA e do Reino Unido, mas teve a condenação do Irã, principal aliado dos houthis, além de Síria, Rússia e China.
Não está claro ainda a forma como o acordo anunciado na reunião da Liga Árabe será implementado.
Conforme dirigentes da organização, aspectos como a definição de um comando único ou a coalizão de unidades nacionais ainda estão sendo debatidos.
A participação de cada país deve ser voluntária, mas a proposta ganhou credibilidade por ter sido anunciada pelo presidente do Egito, general que liderou a tomada do poder pelos militares em 2013.
Ainda durante a cúpula, Nabil el-Araby, o secretário-geral da organização, reafirmou que os ataques aéreos sauditas continuarão até a rendição dos insurgentes.
O movimento dos houthis tomou o controle da capital e outras grandes cidades do Iêmen ao aliar-se às forças leais ao ex-ditador Ali Abdullah Saleh, que deixou o poder durante a Primavera Árabe. 

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