terça-feira, 10 de outubro de 2017

Em troca de proteção aos 'dreamers', Trump quer restringir imigração
O presidente americano, que no mês passado jantou com líderes democratas na Casa Branca e deu a eles a esperança de que pudesse recuar de sua decisão de acabar com a salvaguarda, enviou ao Congresso na noite de domingo (8) uma longa lista de condições que inclui medidas migratórias rígidas.
Em troca de não deportar os sonhadores, como são chamados os filhos desses imigrantes sem documentos, o presidente pede a reforma completa do sistema de "green card" (a autorização de residência nos EUA), medidas severas para impedir que menores de idade, em especial da América Central, entrem no país e a construção do muro na fronteira com o México.
Democratas queriam adiar as negociações sobre a barreira e garantir que o programa de proteção aos jovens fosse convertido em lei, mas Trump voltou atrás e parece agora não querer abrir mão da expansão do muro na fronteira.
O retrocesso no debate, que causa atritos mesmo entre os republicanos, despertou ainda a oposição dos protegidos pelo Daca, que não querem se ver beneficiados por um arranjo que prejudicará futuros imigrantes, muitos deles parentes que tentam entrar nos EUA para rever a família.

2017
100.000
Negados
200.000
300.000
400.000
2012
2013
2014
2015
2016
2017
*Exclui requerimentos de renovação. A diferença entre o total de requerimentos e a soma de aprovados e negados corresponde aos requerimentos que ficaram pendentes

Filipinas
689.029
México
33.661
El Salvador
24.247
Guatemala
22.114
Honduras
9.721
Peru
7.813
Coreia do Sul
8.447
Brasil
7.649
Equador
7.217
Colombia
5.055
Filipinas


GARGALO
Trump também cria mais problemas com o México. Seu veto à entrada de menores vindos da Guatemala, de El Salvador e de Honduras faria do país vizinho um gargalo na rota de fuga rumo aos EUA, acirrando os ânimos.
Nos últimos quatro anos, centro-americanos dos países na mira dos pedidos de Trump vêm tentando escapar da violência das gangues, fazendo o número de refugiados no México saltar de 887, em 2013, para 8.051, em 2016.
A explosão reflete a dificuldade de entrar nos EUA, com uma vigilância cada vez mais agressiva na fronteira, o que faz com que muitos permaneçam em terras mexicanas.
Entre as exigências de Trump estão também a contratação de mais 10 mil agentes de imigração, o uso de um sistema que dificulta que ilegais consigam empregos nos EUA e a suspensão de verbas do governo federal para as chamadas cidades-santuário —entre elas Nova York, Los Angeles e Chicago—, que se recusam a seguir a política migratória do presidente.
Em carta a congressistas, Trump disse que suas novas exigências têm como meta rever "brechas perigosas, leis antiquadas e vulnerabilidades facilmente exploradas" na política de imigração e que se trata de "reformas que devem ser incluídas" em qualquer negociação sobre o caso dos "sonhadores".
Nesse sentido, uma solução bipartidária para resolver a crise em torno do Daca (um decreto de seu antecessor, Barack Obama) agora corre o risco de nunca sair do papel.
Em paralelo, Trump vem ampliando seu programa anti-imigração para além das medidas que visa implementar como contrapartida à negociação em torno do Daca.
Nesta semana, seu governo anunciou a suspensão da emissão de vistos para cidadãos turcos, detonando uma crise diplomática.
A relação vinha azedando desde a tentativa fracassada de golpe de Estado na Turquia, em 2016 —os turcos acusam o clérigo Fethullah Güllen, exilado nos EUA, de ter tramado o levante e pedem sem sucesso sua extradição.
A Turquia não é o único país na mira do republicano. No mês passado, ele anunciou nova versão do veto a viajantes de nações de maioria muçulmana, editado em janeiro. Desta vez, foram barrados cidadãos do Chade e de localidades em que a religião islâmica não é majoritária: Venezuela e Coreia do Norte.

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