Comunismo é Tirania
É
preciso empreender uma batalha constante contra todos os tipos de
tirania. O que significa isso? Significa qualquer postura que tente
intermediar a relação do homem com a sua própria psiquê, com o seu
íntimo e com a sua fé. O homem que, covardemente, outorga autoridade
suprema a qualquer instância orientadora está desertando de um caminho
certamente longo, porém mais lúcido que é o caminho da responsabilidade
individual diante da valoração de uma causa qualquer.
Ora, atentemos um instante para a promessa aleatória de execução de
uma sociedade ideal e perfeita. Quem promete algo parecido com isso está
apenas convergindo lutas pessoais e letras imemoriais em um projeto
plenamente realizável. O que queremos dizer com isso é que a consecução
de uma obra de natureza duradoura depende de séculos de trabalho de uma
infinidade de segmentos sociais e de uma renovação de ideias tão
profunda que é impossível limitá-la a um dado projeto. A caminhada em
direção a algo nobre é efetivamente mais sólida que a suposta conquista
que mais tarde com certeza sucumbirá ante a fragilidade de seus
fundamentos.
O socialismo foi essa trajetória curva na História contemporânea que
atrasou o desenvolvimento técnico e o desenvolvimento material, sem
falar na outra face mais obscura, qual seja, a soma dos horrores
cometidos em nome de um suposto bem. A justificação moral do mal em nome
do bem é mais prejudicial ao homem que a execução do mal sem
justificativa alguma. Comunismo e nazismo se assemelharam, portanto,
quanto aos limites impostos à liberdade, distinguindo-se apenas pela
natureza de suas justificações.
Ora, o nazismo se concretizou como forma eficaz de totalitarismo
disseminando algo que qualquer pessoa minimamente bem-intencionada sabe
tratar-se de uma coisa insustentável, a saber, a ideia de uma raça
superior, possuidora de característica distintas que a fariam triunfar. O
absurdo da proposta faz com que, passada a catarse tétrica momentânea,
os indivíduos ponderem e sigam novamente a rota saudável das relações
sociais. Por que então o nazismo ainda encontra defensores? Porque ainda
existem indivíduos objetivamente maus que perseguem ideias que lhes
correspondam à índole.
Com o comunismo dá-se algo parecido no que compete ao fascínio
ideológico e ao embrutecimento intelectual, não obstante o problema se
agrave justamente pela manipulação das saudáveis inclinações e dos mais
honestos fins que são efetivamente alvos não das pessoas de má índole,
mas das pessoas sãs. O comunismo promete a extinção da desigualdade
social e estabelece métodos para alcançá-la.
Vejamos, primeiramente o indivíduo parte para uma batalha natural
entre a sua própria consciência e a consciência partidária que o obriga a
uma suposta moral que de moral efetivamente não tem nada. Depois, a
capacidade de persuasão da ideia faz com que o indivíduo se perca em sua
própria moralidade, subordinada, doravante, ao fim último a ser
perseguido. Nesse intervalo entre o indivíduo desobrigado de prestar
contas à própria consciência e o indivíduo devotado a uma causa maior
insere-se um sem número de projetos vãos que derrotam a moral dita
burguesa fazendo do indivíduo nada mais que um cego lutador, capaz de
atos bandidos desprovidos de compaixão, mas justificados pela honradez
perante uma causa que o ultrapassa. Eis o fim da sobriedade, da lucidez,
da honestidade de conduta e da moral firme de um indivíduo livre.
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