Espanha já admite rombo ainda maior nas contas públicas
Novo gabinete promete "agenda agressiva" de reformas para estimular crescimento
FSP
Menos de uma semana após anunciar um severo programa para corte de gastos, o governo espanhol admitiu que o deficit público (despesas maiores que receitas) será ainda pior do que o projetado para 2011.
Pela manhã, o novo ministro da Economia Luis de Guindos reconheceu "ser possível" que a cifra supere a casa dos 8%, bem acima da meta de 6% estabelecida pelos socialistas derrotados em novembro. Poucas horas depois, o ministro do Interior Jorge Fernández Díaz precisou a cifra em 8,2%.
No final do ano passado, os países da zona do euro concordaram em estabelecer limites para as contas públicas, determinando uma tolerância máxima de 3% do PIB para o deficit.
O novo premiê conservador, Mariano Rajoy, prometeu reduzir o descompasso entre receitas e despesas para 4,4% neste ano, para cumprir a meta europeia em 2013.
Os mercados financeiros, notadamente os investidores de títulos públicos, monitoram com atenção a trajetória dos deficits de um país.
Se uma nação mostra incapacidade em domar esse indicador, é "punida" no momento de captar recursos na praça financeira, sendo forçada a pagar juros cada vez mais altos para repassar seus títulos aos compradores que conseguir encontrar.
Eventualmente, essas taxas podem atingir um custo proibitivo, aumentando a possibilidade de esse país se afundar na vala do "default" (suspensão de pagamentos).
Na sexta-feira passada, o gabinete do premiê Rajoy anunciou um plano para cortar € 8,9 bilhões (cerca de US$ 11,5 bilhões) do Orçamento de 2012, bem como novos aumentos de impostos, para elevar a arrecadação federal.
O ministro De Guindos reconheceu que o rigor fiscal não será suficiente para tirar o país da crise e prometeu novas medidas para março.
"Se somente apertamos o torniquete, em termos de ajuste econômico, em termos de recorte de gastos, na melhor das hipóteses estamos nos metendo numa embrulhada", disse o ministro espanhol, antecipando uma "agenda muito agressiva" de reformas.
Além de a Espanha possuir uma das maiores taxas de desemprego entre os países ricos (22%), projeções apontam um crescimento modesto (0,25%) para 2012.
Ontem, outro indicador mostrou quão árdua deve ser a missão do novo premiê. As vendas de carros novos encolheram 17,7% em 2011, alcançando o seu patamar mais baixo desde 1993.
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