Mensalinho
Melchiades Filho - FSP
BRASÍLIA - Viraram a casaca os dois tucanos que, no passado, mais aguerridamente investigaram e denunciaram o esquema de desvio de dinheiro público para a compra de apoio político ao governo Lula.
Gustavo Fruet bandeou-se para o PDT. Neste ano sairá candidato a prefeito de Curitiba, como "peão" no jogo do PT para desbancar o PSDB do poder no Paraná _o movimento seguinte será o lançamento da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) ao governo em 2014.
Eduardo Paes, que em 2005 chamou Lula de "chefe da quadrilha", pediu desculpas, migrou para o PMDB e virou prefeito do Rio. Tem agora o respaldo do PT para se reeleger e comandar a festa (e os "preparativos") da Olimpíada de 2016.
Outro garoto-propaganda das CPIs nascidas do mensalão, ACM Neto (DEM-BA) por pouco não fechou com o PMDB e se juntou à base de Dilma no ano passado.
Seis anos atrás, Gastão Vieira (PMDB-MA) fazia parte da bancada não (tão) alinhada com o Planalto. Acusava Lula de "comprar partidos e cooptar deputados", em um "caso de corrupção sem paralelo" na história. Em setembro, foi premiado com o Ministério do Turismo.
Quem também virou ministro de Dilma foi Garibaldi Alves (PMDB-RN), que, à frente da CPI dos Bingos, acolhia sem pestanejar os pedidos da oposição para fustigar o presidente então enfraquecido.
Como peça de promotoria, o mensalão está mais forte do que nunca. Apesar dos ardis de alguns ministros e de personagens do bastidor, o julgamento deverá mesmo ocorrer neste ano no STF. Não surpreenderá se resultar em prisões. O inquérito é detalhado e devastador.
Do ponto de vista político, porém, o escândalo aos poucos esmaeceu. Perdeu a octanagem do "nunca antes neste país" e começa o ano novo sem apelo no Congresso, vítima da força dos governos do PT e do adesismo de ocasião.
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