A crise continua
Problemas de 2011 projetam incertezas sobre a economia mundial em 2012, mas o ano novo poderá acabar melhor do que está começando
FSP - Editorial
Do ponto de vista econômico, talvez o aspecto mais marcante de 2011 tenha sido a dissipação da expectativa otimista de que o mundo -notadamente os países desenvolvidos- conseguiria escapar com relativa facilidade dos problemas legados pela crise financeira de 2008.
A volta do crescimento acelerado e o bom desempenho das principais regiões em 2009 e 2010 deram margem a ilusões -que a realidade não tardou a desfazer.
Encerrado o ano, a economia dos Estados Unidos cresceu 1,8%, metade do que muitos estimavam inicialmente. O Fed, banco central norte-americano, começou 2011 aventando a possibilidade de elevar a taxa de juros -e terminou alertando o mercado de que deverá mantê-la em zero até o final de 2013.
Na Europa, a crise mudou de escala e contaminou todos os países da zona do euro, hoje ameaçada pela recessão e pelo risco de calote de governos considerados, há pouco, acima de qualquer suspeita. A implementação de ajustes recessivos causou agitação política e trouxe à baila a possibilidade de uma ruptura na aliança monetária.
Na China, apesar do crescimento de 9% no ano, a economia, nos últimos meses, deu mostras de arrefecimento. Teme-se uma desaceleração abrupta do mercado imobiliário, que teria graves implicações.
Neste quadro, o ritmo da economia brasileira, sob impacto do aumento dos juros e das restrições ao crédito, na virada de 2010 para 2011, caiu mais do que o esperado. O crescimento deverá ficar um pouco aquém de 3%, bem menos do que as previsões de meados do ano, que apontavam para 4% a 4,5%.
É nessa toada que 2012 tem início -e, ao que tudo indica, o primeiro semestre será de incertezas.
A possibilidade de um problema mais grave na zona do euro ainda preocupa, pois não foi finalizado o acordo político para assegurar as novas regras que devem regular a conduta econômica dos países do bloco. Não estão prontos para funcionar os mecanismos de financiamento das economias em dificuldades, e os programas nacionais de ajuste fiscal apenas começam a ser implantados.
Na China, onde prevalecem processos decisórios impositivos, o governo já se movimentou para estimular a economia. Levará algum tempo, contudo, até que os resultados apareçam. Por fim, nos EUA, espera-se mais do mesmo: baixo desempenho, sem recaída recessiva.
É um cenário que recomenda cautela, mas não está afastada a possibilidade de melhoria no segundo semestre, em especial se a Europa conseguir reforçar a integração e estabilizar suas finanças. Com mais margem de manobra, o mundo emergente deve continuar a ter papel relevante no crescimento internacional. Se tudo der certo nos primeiros meses, 2012, ao contrário de 2011, tem boas chances de terminar melhor do que está começando.
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