Em meio a manobras militares, Irã anuncia avanço na área nuclear
Apesar da pressão do Ocidente, país diz ter produzido barras de combustível atômico
O Globo
TEERÃ - Num momento de renovada tensão com o Ocidente e enquanto leva adiante polêmicas manobras militares no Golfo Pérsico, o Irã fez um anúncio inquietante neste domingo sobre seu controverso programa nuclear: pela primeira vez, conseguiu produzir barras de combustível nuclear, que já teriam sido inclusive testadas num reator atômico.
Desde que as sanções internacionais proibiram o país de comprá-las em mercados estrangeiros, o Irã deixava clara a intenção de fabricar por conta própria as barras de combustível, que contêm pequenas esferas de urânio enriquecido e dão energia às usinas nucleares.
O Irã tenta ser autossuficiente na produção de combustível nuclear para seus reatores. O Ocidente é cético em relação a alguns progressos anunciados pelo regime, mas teme que esses esforços que Teerã garante serem pacíficos possem eventualmente levar à produção de armas atômicas.
"Essa grande conquista deixará o Ocidente perplexo, porque os países ocidentais contavam com um possível fracasso do Irã na produção de combustível nuclear", disse o jornal estatal iraniano “Tehran Times”.
Neste domingo, o Irã lançou um novo míssil de médio alcance, projetado para evitar radares, dentro de exercícios navais de dez dias que coincidem com o aumento da tensão.
- O lançamento-teste do míssil de médio alcance terra-ar, equipado com a última geração de tecnologia anti-radar, foi um sucesso - disse o vice-comandante da Marinha, Mahmoud Mousavi, citado pela agência de notícias estatal à Irna.
Há dois dias, o Irã anunciou testes de mísseis de longo alcance durante o exercício - alguns com capacidade para atingir Israel e bases americanas no Oriente Médio - mas um dia depois decidiu adiar.
Nos últimos dias, EUA e Irã trocaram acusações sobre o Estreito de Ormuz, considerado pelo próprio governo americano como a mais importante rota mundial do petróleo. Teerã diz que vai fechar o canal caso, por conta de seu programa nuclear, seja alvo de novas sanções do Ocidente. Washington, por sua vez, disse que não vai aceitar uma interrupção na rota.
A UE disse que estava considerando um embargo - já adotado pelos EUA - às importações do petróleo iraniano. O bloco espera chegar a uma decisão sobre o aumento de sanções contra o Irã até o fim de janeiro.
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