terça-feira, 20 de novembro de 2012

O casamento do filhote do protetor de mensaleiros com o procurado pela Interpol justifica a criação da Vara de Famiglia
Augusto Nunes - VEJA
O companheiro Fernando Haddad jura que não vai dispensar o aliado Paulo Maluf da devolução, imposta pela Justiça de Jersey, dos milhões de dólares tungados da prefeitura paulistana. Mas agirá com muita discrição, ressalvou a reportagem do Estadão. Haddad pretende botar a mão no dinheiro sem magoar o parceiro que lhe fez até cafuné na cabeça quando posaram para a posteridade no jardim da mansão.
Maluf, que sabe ser grato, também tem sido bastante discreto nas negociações que envolvem a entrega ao PP de parte da máquina administrativa municipal — cofres incluídos. Até agora, por exemplo, não revelou nenhuma cláusula mais perigosa do contrato de aluguel.
O ex-prefeito também tem tratado com exemplar discrição o que anda acontecendo no STF. O Maluf dos velhos tempos não resistiria à tentação de lembrar que, se ficou preso menos de dois meses, os inimigos que sonhavam vê-lo na cadeia vão dormir numa cela mais de dois anos.
São elogiáveis esses cuidados recíprocos, destinados a preservar o casamento que uniu um renovador da esquerda revolucionária mensaleira e um ultrarreacionário procurado pela Interpol. Para coisa tão rara, toda cautela é pouca. Não seria nenhum exagero, portanto, proteger com o segredo de Justiça, como acontece nas Varas de Família, qualquer caso de polícia que ameace a harmonia do casal.
Se não estivesse tão atormentado com a administração das masmorras medievais que seu partido administra há 10 anos, José Eduardo Cardozo já teria socorrido Haddad e Maluf. Assim que tiver tempo, o ministro da Justiça vai melhorar a vida dos bons companheiros com a criação da Vara de Famiglia.

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