Excesso de desenvoltura
Eliane Cantanhêde - FSP
BRASÍLIA - Há três possibilidades no escândalo Rosemary Noronha, a Rose: ou Dilma não sabia da operação da PF, ou sabia e não falou para Lula, ou sabia, falou para Lula e ambos combinaram lavar as mãos.
Se a presidente não foi informada, ponto para o Ministério da Justiça e para a PF, que agiram profissionalmente e serviram ao país, não a um governo de plantão.
Se foi informada e não interveio no trabalho da PF, ponto para Dilma, mas o clima não deve estar nada bom entre ela e Lula, que prestigiava tanto a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo que sempre a levava em viagens internacionais.
Se Dilma autorizou a operação e avisou Lula, ponto para ambos, mas a própria Rose, com tanto poder nos dois mandatos de Lula, deve estar se sentindo traída. Uma arara.
Afora o tal cruzeiro do Bruno e Marrone, parece que Rose não é nada modesta. Além de empregar na Anac e na ANA os companheiros agora presos, também arranjou três (três!) vagas gordas para o marido e boquinhas para a filha, para o genro e sabe-se lá mais para quem. Boa mãe...
Afinal, ela se autoinvestiu desse poder ou recebeu delegação de quem mandava de fato e de direito? Caberia ao presidente do Senado, José Sarney, e ao líder do governo Lula na Casa, Romero Jucá, contar por que -e por quem- inverteram as regras, a tradição e o bom-senso para aprovar em plenário um cidadão que tinha sido rejeitado duas vezes para uma agência reguladora. E que acabou preso pela PF pela venda de pareceres para empresas privadas.
Será que os dois ilustres senadores fizeram das tripas coração para aprovar o sujeito por um cândido pedido de Rose? Ou ela tinha tanta desenvoltura que usava e abusava do nome do então presidente Lula? E ele não tinha ideia de que isso ocorria?
Dilma volta à fase da "faxina" e Lula espalha que não viu, não ouviu, não sabia, mal conhecia a moça. Os dois se dizem indignados. Deveriam ficar também muito preocupados.
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