sexta-feira, 27 de junho de 2014

Jornal russo descobre coleção erótica da era soviética
Le Monde 
Eis uma coleção que a Biblioteca da Rússia mantém bem escondida no 9º andar de seu prédio em Moscou. Um jornalista do jornal "The Moscow Times" teve acesso a essa galeria de aproximadamente 12 mil obras de arte pornográficas e eróticas, reunidas durante a era soviética. Com um esboço de uma mulher se masturbando, assinado por Vasily Masyutin, gravuras japonesas do século 18 ou ainda um monte de romances eróticos a coleção é rica em diversidade.
Em sua reportagem, o jornalista explica que a galeria sempre foi proibida ao público, mas fazia a alegria dos oficiais de alto escalão do exército soviético em suas festinhas particulares. A bibliotecária entrevistada observa que ela assumiu o cargo em 1980, mas só soube da existência dessa coleção dez anos depois. Não existe uma coleção específica de todas essas obras, e a maior parte delas ainda não consta do catálogo da biblioteca. Mas como uma coleção dessa extensão foi formada?
Tudo começou em 1920, com a inauguração de um museu chamado Lênin, onde um departamento especial foi criado para armazenar a literatura comprometedora confiscada de aristocratas, dentre os quais muitos possuíam na época "Livros para Senhoras" com desenhos muito sugestivos, de acordo com o "Moscow Times". Nos anos que se passaram, escritos sobre sexualidade e publicações médicas sobre contraceptivos, alvos de diversas apreensões, se juntaram às prateleiras do departamento. Mas foi sobretudo graças a um certo Nikolai Skorodumov que a coleção foi enriquecida. Ardoroso colecionador de gravuras e de livros eróticos desde sua época de estudante, ele em seguida foi diretor da Biblioteca da Universidade de Moscou. Duas teorias explicam que ele pode ter reunido essas obras em total tranquilidade. Por um lado, aparentemente Nikolai Skorodumov forneceu escritos de pesquisadores que justificavam o interesse científico dessas obras. Mas conta-se também que ele recebia a proteção do chefe da polícia stalinista, que podia assim desfrutar das obras.
Quando seu tesouro foi descoberto na ocasião de sua morte, em 1947, aquilo que na época era o precursor da KGB se recusou a comprá-lo de sua viúva, explicando que as obras não apresentavam nenhum interesse científico ou histórico. Mas ao mesmo tempo ele considerou que deixá-las nas mãos de uma cidadã comum seria um "perigo considerável", então ele as apreendeu. O artigo do "Moscow Times" é o primeiro a revelar a existência dessa coleção secreta.

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