sábado, 28 de junho de 2014

Onde está o “Guilherme Boulos” do outro lado?
Rodrigo Constantino - VEJA
Guilherme Boulos com Dilma e Haddad. Fonte: CC
Guilherme Boulos com Dilma e Haddad. Fonte: CC
Há poucas coisas mais absurdas do que a acusação que o PT em particular e a esquerda em geral fazem contra a imprensa nacional. Acusam-na de ser “conservadora”, a tal “mídia golpista” que adoraria odiar Lula e o PT, “defensores dos pobres” (risos). Paradoxalmente, esta imprensa poderosa não impediu a permanência do PT no poder por 12 anos (e que sejam os últimos!).
A “imprensa conservadora” é uma invenção canhota, um mito criado pela esquerda. Faz parte inclusive de uma estratégia inteligente, que funciona: com receio de serem “acusados” de conservadores, os grandes veículos de imprensa lotam ainda mais suas redações com esquerdistas. Quanto mais radicais forem, melhor! Tudo para posarem de “neutros”, na esperança de serem deixados em paz pelos críticos vorazes.
Não funciona, claro. Quanto mais seres jurássicos estes veículos contratam, mais são acusados de “conservadores”. A última contratação da Folha é realmente um espanto: ninguém menos do que Guilherme Boulos, o líder dos sem-teto, grupo praticante de crimes contra a propriedade alheia.
Eu já havia achado um absurdo a Folha dar espaço para “entrevistar” um sujeito que pratica e faz apologia ao crime (Mario Sergio Conti, aquele que entrevistou o sósia do Felipão achando que era o próprio, também convidou o ilustre invasor para seu programa na Globo News, no qual só vai comuna e já recebeu até o assassino Cesare Battisti, foragido da justiça italiana). Mas contratar como colunista fixo?
Isso é para fazer média com os neandertais porque Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli escrevem no jornal? Por falar nele, em sua coluna de hoje, Reinaldo Azevedo menciona esse duplo padrão hipócrita da imprensa esquerdista:
Digam-me um só tema em que a imprensa brasileira seja “conservadora”. Não há. Tome-se a cobertura dispensada às manifestações de rua. Imaginem o que aconteceria se mascarados “de direita” saíssem quebrando tudo por aí. Gritar-se-ia em coro: “Fascistas!”. E com razão. E se grupos “reacionários” recorressem aos métodos do MST e do MTST? Cadê o “Guilherme Boulos” do “outro lado”?
O jornalismo viu e vê com olhos encantados os ditos protestos, mas isso decorre de um desvio de esquerda. O petismo que remanesce nas Redações é do tipo primitivo, meio “psolento”, e acredita na geração espontânea da “consciência social”. Falta-lhe a dimensão, digamos, pragmática de um Luiz Moura e de um Carvalho.
Os farsantes tentaram jogar a hostilidade a Dilma nas costas de nove jornalistas, enquanto o principal auxiliar da presidente dialogava com pessoas que deveriam estar na cadeia.
A pergunta é pertinente: Cadê o “Guilherme Boulos” do “outro lado”? Alguém viu “conservadores” quebrando coisas por aí? Quando Rachel Sheherazade disse compreender quem, cansado da impunidade no país, desejava partir para a justiça com as próprias mãos, foi um Deus nos acuda! Ela foi linchada verbalmente pela imprensa, perseguida, intimidada, rotulada com os piores adjetivos.
Mas o sujeito que invade propriedades, praticando ele mesmo um crime, esse tudo bem? Esse pode até ser colunista do jornal, que não tem problema algum? Alguém realmente imagina qual seria a reação da mesma imprensa “conservadora” se seguidores de Jair Bolsonaro resolvessem sair por aí ignorando as leis para fazer “justiça com as próprias mãos”, segundo seus próprios conceitos de justiça?
Quando alguém como Boulos é comparado com alguém como Reinaldo Azevedo, cada um representando um “extremo” do espectro ideológico, então é porque a esquerda radical já teve sucesso em sua estratégia das tesouras. Já levou o centro tão para a esquerda que os inocentes úteis acreditam que “moderado” é um PT ou um PSOL da vida! E ainda repetem como papagaios que o PSDB, um partido de centro-esquerda social-democrata, representa a “direita neoliberal”.
Nada mais falso. O PT nunca foi moderado, e o PSOL é o PT de ontem, extremamente radical. Os tucanos não são nem liberais, nem de direita. E a imprensa não é conservadora, nem aqui, nem na China. A maioria dos jornalistas tem inclinação “progressista”, e o mesmo vale para os colunistas.
A cobertura das notícias acaba com um viés claramente esquerdista. O duplo padrão é evidente. Os que condenam “ambos os extremos” não se dão conta de que só há um extremo de verdade. Cadê o “Guilherme Boulos” do “outro lado”?
PS: O Brasil não é mesmo um país sério. Quando os arruaceiros sem-teto acamparam em frente a Câmara, até senha para usar o Wi-Fi eles receberam do governo. Sem teto, mas com iPad, porque ninguém é de ferro…

Nenhum comentário: