quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Mantega admitiria ter arrecadado para campanha de Dilma em 2014 
Vinicius Sassine - O Globo
Acordo com MPF, suspenso pela Justiça, previa entrega de provas sobre fraudesO ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, em acordo assinado com o Ministério Público Federal (MPF) para não ser preso preventivamente, tinha se comprometido a detalhar sua atuação como arrecadador de recursos de empresas para campanhas eleitorais do PT, entre elas a de Dilma Rousseff à reeleição presidencial em 2014. Mantega foi ministro da Fazenda entre março de 2006 e dezembro de 2014 e não atuou formalmente nas campanhas de Dilma.
O acordo é um termo de ciência e compromisso, e não uma delação premiada. Por meio dele, Mantega entregaria provas e documentos relacionados à Operação Bullish, que investiga fraudes em contratos de R$ 8,1 bilhões entre o grupo J&F, proprietário da JBS, e o BNDES. Em contrapartida, não haveria pedido de prisão preventiva ou temporária por parte do MPF. O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, não homologou o acordo, o que deve levar a um descarte de quatro anexos entregues pela defesa de Mantega à Procuradoria da República no Distrito Federal.
O detalhamento prometido pelo ex-ministro diz respeito a uma arrecadação tanto de repasses da J&F quanto de outras empresas, segundo fontes com acesso às negociações. Mantega prometeu dados sobre como esse dinheiro chegou, por exemplo, ao marqueteiro das campanhas de Dilma, João Santana. Ele esteve preso na Lava-Jato, assinou acordo de delação e disse ter recebido repasses em caixa dois.
No termo de ciência, Mantega não admite que o dinheiro era contrapartida a uma suposta atuação em contratos do BNDES com a J&F. E usa uma tese comum a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT preso: os valores foram recebidos como doações legais. O que Mantega prometeu foi explicar a quem repassou os valores, com a entrega de documentos. O GLOBO ligou ao escritório da defesa de Mantega, mas não obteve retorno. Em sua delação, um dos donos da J&F, Joesley Batista, acusou Mantega de operacionalizar repasses que teriam favorecido o PT, à medida em que o BNDES liberava os empréstimos ao grupo.

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