O ex-procurador é suspeito de repassar informações para a JBS enquanto ainda estava no Ministério Público
Os dados oferecidos pelo edifício Ez Towers, que fica em São Paulo, apontam que Miller esteve no escritório de advocacia nos dias 13 e 20 de fevereiro, 3, 10 e 20 de março e 10 de abril – nessa última visita, ele estava exonerado do Ministério Público havia cinco dias. Um dia depois, Miller passou a constar nos registros como integrante do escritório e adquiriu um cartão de acesso, sem precisar mais se identificar como visitante.
As informações foram encaminhas à CPI da JBS, que investiga, no Congresso, o acordo de delação firmado pelo grupo. Entre os principais objetivos da comissão de inquérito, composta por aliados do presidente Michel Temer e de outros alvos do acordo firmado pela JBS, é enfraquecer as informações repassadas pelos delatores e questionar a atuação do Ministério Público no processo de colaboração.
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Chama atenção a duração das reuniões de Miller no Trench, Rossi, Watanabe. Em sua primeira visita, no dia 13 de fevereiro, ele chegou ao escritório pouco depois das 9h e saiu quase às 13. Ele voltou ao local uma semana depois, onde passou mais de cinco horas.
Outro detalhe curioso é que, no registro, Miller declara ser membro do Ministério Público em suas três primeiras visitas. Nas seguintes, ele aponta motivação “particular” para frequentar o escritório. Na entrada, ele disse ainda que ia encontrar a ex-chefe de compliance Esther Flesch, além das advogadas Juliana Amarante e Bruna Silveira.
Marcelo Miller integrou o grupo de trabalho da Lava-Jato na Procuradoria-Geral da República entre 2014 e 2016 – quando, em julho, passou deixou de atuar na operação e mudou-se para o Rio de Janeiro. Em maio deste ano ele foi contratado pelo escritório responsável pelo acordo de leniência da JBS.
Em áudio, o diretor da JBS Ricardo Saud afirma a Joesley Batista, um dos donos da companhia, que Miller estava “afinado” com eles e que estaria encaminhando o acordo de colaboração premiada que viria a ser fechado.
O diálogo ocorreu, provavelmente, no dia 17 de março, dez dias depois da conversa gravada por Joesley com o presidente da República, Michel Temer, e dez dias antes de o acordo com o Ministério Público ser efetivamente fechado. Miller pediu demissão em janeiro de 2017, mas só foi exonerado em abril.
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