segunda-feira, 9 de outubro de 2017

PF pede que prisão de Nuzman se torne preventiva, sem prazo determinadoDirigente estaria tentando obstruir investigações 
Miguel Caballero - O Globo
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio pediu à Justiça a conversão da prisão temporária do ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, em prisão preventiva, sem prazo determinado. Nuzman foi detido na última quinta-feira, dia 5 de outubro, em prisão temporária, ciujo prazo de cinco dias terminaria nesta terça-feira (dia 10). Além da conversão da prisão de Nuzman, o MPF também requereu à Justiça Federal a prorrogação, por mais cinco dias, da prisão temporária de Leonardo Gryner, diretor-geral do COB. Caberá ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, decidir se aceita os pedidos do MPF.
Para embasar o pedido de prisão preventiva de Nuzman, os procuradores afirmam que identificaram intenção do dirigente em atrapalhar as investigações, usando como prova disso o fato de Nuzman ter imprimido e-mails em que Papa Diack, filho do membro do COI Lamine Diack, acusado de vender votos que elegeram o RIo sede das Olimpíadas de 2016, cobra de Nuzman e Gryner o pagamento acordado entre eles. Os e-mails impressos foram encontrados na casa de Nuzman no dia de sua prisão.
Papa Diack é filho de Lamine Diack, ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e membro do COI à época da votação que elegeu o Rio. Dias antes da votação, Papa Diack recebeu transferências bancárias, no total de 2 milhões de euros, de uma conta do empresário Arthur Soares, o "Rei Arthur", implicado em esquemas de corrupção ligados ao ex-governador Sérgio Cabral. O MPF investiga se o esquema de compra de votos foi além de Lamine Diack, envolvendo outros membros do COI.
Em depoimento dado à Polícia Federal na quinta-feira, e revelado pelo "Fantástico" da TV Globo no domingo, a ex-secretária de Nuzman, Maria Celeste Pedroso, contou ter começado a receber emails de Papa Diack antes da escolha do Rio como sede dos Jogos. Maria Celeste revelou ainda que imprimia os emails e relatava os contatos a Nuzman, que apenas dizia não saber do que se tratava.
OCULTAÇÃO DE PATRIMÔNIO
Os procuradores acrescentam que pediram às autoridades suíças ajuda na investigação de bens de Nuzman naquele país, e que uma eventual soltura do investigado poderia lhe dar acesso e seus bens e facilidade para ocultar patrimônio. O MPF desconfia que Nuzman possui mais recursos na Suíça além das 16 barras de ouro que ele incluiu em sua declaração de imposto de renda.
Outro motivo para a prisão preventiva, segundo os procuradores, foram e-mails em que Nuzman pede, no fim de setembro, que o comitê Rio-2016 faça pagamentos, por prestação de serviçõs jurídicos, ao escritório do advogado Nélio Machado, que o defende neste caso. Isto mostraria, segundo o MPF, que Nuzman tem utilizado a instituição, que recebeu dinheiro público para a organização dos Jogos, em benefício próprio.

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