Por apoio a Lula, PT pode se aliar a algozes de Dilma
Em busca de candidatos competitivos, dirigentes do PT estudam se aliar
até a siglas que trabalharam pela queda da então presidente, como PMDB,
PTB e PSB.
A ideia é apoiar "dissidentes" dessas siglas que pretendam se candidatar
a governador e abram espaço para a campanha nacional petista. Essa
estratégia valerá tanto para uma candidatura de Lula quanto para outro nome do PT, caso o ex-presidente tenha sua condenação confirmada e não possa concorrer.
Um mapa traçado a partir de informações de integrantes da direção
petista mostra, a um ano do primeiro turno de 2018, que o partido pode
reduzir a 11 o número de Estados em que lançará candidatos a governador.
Em 2014, o PT lançou 17 nomes.
O partido só deve começar a discutir esses cenários oficialmente no fim
do mês. Dirigentes, entretanto, já afirmam que suas prioridades serão as
eleições para presidente, deputado e senador.
A estratégia de pegar "carona" em candidaturas mais fortes nos Estados é
uma maneira de compensar o isolamento da sigla com a Lava Jato e o
impeachment de Dilma, que deixou sequelas na relação entre os petistas e
as principais legendas do país.
Por isso, os petistas preveem dificuldades para construir uma coligação
nacional ampla em torno de Lula ou de outro presidenciável.
Para contornar uma possível falta de musculatura, os dirigentes da sigla
querem abrir mão de projetos locais próprios e apoiar o maior número
possível de candidatos de outras legendas que se proponham a dar
palanque para Lula em seus Estados.
São citadas as candidaturas de Renan Filho
(PMDB), em Alagoas; Roberto Requião (PMDB), no Paraná; Paulo Câmara
(PSB), em Pernambuco; Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo; e
Armando Monteiro (PTB), em Pernambuco.
Os partidos de todos esses candidatos apoiaram o impeachment e
integraram o governo Michel Temer, mas os candidatos são considerados
simpáticos ao PT e, principalmente, ao ex-presidente.
Apesar do enfraquecimento, o PT ainda é considerado um aliado
importante. Como elegeu a maior bancada de deputados em 2014, emprestará
uma fatia significativa do tempo de propaganda de rádio e TV às chapas
que tiverem seu apoio.
Além disso, muitos postulantes a governador querem se aproximar de Lula,
uma vez que o ex-presidente ainda detém popularidade alta em muitos
Estados -em especial no Nordeste.
ADVERSÁRIOS
O PSDB deve seguir uma lógica semelhante na montagem de seus palanques
estaduais, mas com o objetivo de atrair mais partidos para sua coligação
nacional.
Em troca de uma aliança com seu presidenciável, os tucanos devem apoiar
candidatos do DEM a governador na Bahia (ACM Neto), no Amapá (Davi
Alcolumbre) e no Rio (Cesar Maia).
Jair Bolsonaro, que trocará o PSC pelo Patriota, ainda não construiu o
cardápio de candidaturas que dará sustentação a seu projeto
presidencial. Adilson Barroso, presidente do futuro partido do
parlamentar, quer lançar candidatos a governador em quase todos os
Estados.
O dirigente cita negociações em Minas Gerais, Pernambuco, Acre, Maranhão
e São Paulo -onde um "famoso do meio da comunicação" está em "fase
adiantada de acerto" para tentar ser governador pela legenda.
A Rede, de Marina Silva, deve seguir a mesma estratégia, com candidatos
próprios a senador, governador ou vice-governador em todos os Estados.
Os nomes ainda não foram definidos.
Mais adiantada está a articulação em torno de Ciro Gomes. As campanhas
regionais do PDT preveem a disputa à reeleição de dois governadores (no
Amapá e no Amazonas), além de outros 11 possíveis candidatos próprios.
Em ao menos três Estados, Ciro pode dividir palanque com Lula. Na Bahia,
o partido pleiteia a vaga ao Senado na chapa do atual governador Rui
Costa (PT). No Piauí, pode indicar o vice-governador ou o senador de
Wellington Dias (PT). Cid Gomes, irmão do presidenciável, deve disputar o
Senado na chapa de Camilo Santana (PT), que tentará se reeleger
governador.
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