Der Spiegel
Markus Schreiber/AP
Armas fabricadas na Alemanha estão em grande demanda por todo o globo − e os tanques, blindados de transporte e submarinos vendidos para o exterior não são destinados apenas aos aliados da Otan e países com retrospecto limpo de direitos humanos. De fato, a chanceler Angela Merkel transformou em marco do seu governo a exportação de armas para poderes regionais, apesar das dúvidas a respeito do compromisso do país recebedor com os valores democráticos.
Agora, após ter suportado os recentes miniescândalos devido aos grandes acordos de armas com a Arábia Saudita e a Indonésia, a Alemanha está buscando um aumento significativo na exportação de armas e cooperação com a Argélia. A “Spiegel” soube que uma subsidiária da empresa de defesa Rheinmetall planeja produzir até 1.200 blindados de transporte Fuchs na Argélia nos próximos 10 anos. Dizem que todos os veículos são para uso na Argélia.
Além disso, desde o início de 2011, Berlim autorizou a entrega ao país de 54 veículos Fuchs no valor de 195 milhões de euros, assim como outros veículos militares no valor de 286 milhões de euros. Berlim também firmou um acordo de 2,13 bilhões de euros para dois navios de guerra com destino à Argélia. Os acordos representam um aumento significativo nos acordos de armas com o país do Norte da África. Em 2010, as vendas de armas alemãs para a Argélia totalizaram meros 19,8 milhões de euros.
A doutrina Merkel
A decisão de uma maior cooperação com a Argélia não é isenta de controvérsia. Jan van Aken, um parlamentar do Partido de Esquerda, disse à “Spiegel” que foi irresponsabilidade “armar a Argélia em meio à Primavera Árabe”.
O governo de Merkel tem se mostrado particularmente ativo quando se trata de exportação de armas e, como resultado, tem sido duramente criticado. Em julho, vários parlamentares questionaram a legalidade de um acordo para entrega de 100 tanques, além de outros veículos militares, para a Indonésia. Uma declaração de intenção entre a Rheinmetall e o governo indonésio teria sido assinada no sábado.
Ainda mais controverso, devido ao histórico de opressão severa do país, o Conselho de Segurança Federal da Alemanha, um corpo de nove membros composto pela chanceler e vários ministros, que se reúnem a portas fechadas, aprovou a venda de mais de 200 tanques Leopard 2A7+ −o mais moderno da Alemanha− para a Arábia Saudita em junho de 2011. A aprovação ocorreu depois do início da Primavera Árabe e, particularmente, depois que a Arábia Saudita enviou tanques para ajudar a debelar um levante popular no Bahrein naquele ano.
Vários outros países também expressaram interesse nos armamentos alemães, incluindo Qatar, Índia e Angola. Em 2010, a Alemanha era a terceira maior exportadora de armas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Rússia.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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