Detento confirma depoimento de que Bola teria matado Eliza Samudio e planejado morte de juíza do caso e de presidente da Comissão de Direitos Humanos
RIO e CONTAGEM — No fim do segundo dia de julgamento do goleiro Bruno, uma descoberta pode mudar os rumos do júri: o promotor Henry Wagner Vasconcelos, responsável pela acusação, pediu o afastamento de cinco testemunhas e do co-réu do caso por estarem com celulares no hotel onde estão reclusas. A Promotoria informou que as sessões podem, inclusive, ser canceladas e remarcadas, caso seja comprovada que a incomunicabilidade das seis testemunhas foi quebrada. De acordo com promotor, a denúncia de que havia celulares nos quartos das testemunhas chegou até ele por meio da assessoria da magistratura.
Detento confirma depoimento de que Bola teria matado Eliza
O detento Jaílson Alves de Oliveira, arrolado como testemunha de acusação afirmou na tarde desta terça-feira, em juízo, que ouviu várias vezes o ex-policiail Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, dizer que jogou "as cinzas de Eliza às águas". Ele disse ainda que, ao perguntar o que Bola faria se o corpo da vítima fosse encontrado, o réu respondeu "só se os peixes falarem". O detento confirmou o depoimento no qual disse que Bola teria assumido o assassinato de Eliza Samúdio e ainda estaria planejando a morte do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, Durval Ângelo (PT), e da juíza do caso, Marixa Fabiane. Jaílson, que atualmente está preso na Penitenciária Nelson Hungria, recolhido na enfermaria por medida de segurança, teria ouvido Bola confessar o crime durante banho de sol na penitenciária. Ele teria testemunhado ainda ameaça contra a juíza Marixa Fabiane. O detento disse à juíza que teme por sua vida.
— Disseram que sou cagueta. Corro risco de vida — afirmou Jaílson.
O detento afirmou durante depoimento que foi ameaçado de morte pelo goleiro Bruno na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, no último dia 13 de novembro. Segundo relato dele à juíza Marixa, Bruno teria dito:
— Jaílson, o que é seu está guardado. Você não sabe com quem está mexendo. Seus dias estão contados". A ameaça teria sido feita enquanto Jaílson estava tomando banho de sol na entrada da enfermaria do presídio. Na hora, segundo a testemunha do MP, Bruno estava indo receber atendimento psiquiátrico.
Com o olhar fixo para Bruno, Jaílson desafiou o jogador: "ameaçou ou não ameaçou. Fala agora". Bruno respondeu: Nem te conheço, parceiro". Na segunda-feira, primeiro dia do julgamento, o advogado do detento entrou com uma petição pedindo proteção ao detento.
O detento afirmou ainda que Bruno sustentava o time 100% com o dinheiro do tráfico. Segundo ele, na época da morte da modelo “todos comentavam que ele abastecia o tráfico de drogas de Ribeirão das Neves”. O presidiário disse ter tomado ciência do fato através do motorista do goleiro, Cleiton Gonçalves, e de Macarrão. Já sobre o time de amigos de Bruno ser bancado com o dinheiro do tráfico, Jaílson falou que essa informação foi passada a ele por Macarrão. O detento ainda contou que já viu Macarrão andando com uma pistola na cintura em Ribeirão das Neves.
— As declarações da testemunha Jaílson foram extremamente relevantes em duas frentes. Primeiro ao apontar que os acusados Bruno e Macarrão têm envolvimento no narcotráfico, sobretudo, na região de Ribeirão das Neves, mas também com conexões atuantes na capital fluminense. Mas especialmente o depoimento de Jaílson está radicado no fato que ele deverás conviveu com Bola na penitenciária Nelson Hungria, hoje confirmando, que ouviu de Bola que o cadáver de Eliza foi transformado em cinzas e despejado em alguma concentração de água — avaliou o promotor Henry Wagner Vasconcelos.
Delegada diz que primo de Bruno afirmou que Eliza teria sido amarrada e chutada
Também arrolada pelo Ministério Público como testemunha de acusação, a delegada Ana Maria dos Santos deu detalhes nesta terça-feira sobre o depoimento dado à polícia pelo primo do goleiro Bruno Fernandes, J., em 2010. Segundo o depoimento do primo do goleiro, a ex-amante de Bruno foi amarrada e chutada antes de ser morta. Os três réus que estão sendo julgados, incluindo Bruno, negam o crime.
— Depois de amarrada, o homem executor de Eliza deu uma gravata e durante o tempo em que era apertada, apertada, ela foi perdendo fôlego, foi virando os olhos, a língua dela foi indo para fora, saiu espuma da boca dela e ela caiu ao chão e depois de poucos movimentos, ficou lá, morta — disse a delegada, referindo-se ao depoimento do primo de Bruno.
Ainda de acordo com a delegada, J. afirmou que o homem que matou Eliza tinha o apelido de Neném, também conhecido como Bola - apelido do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, que também é réu no caso. Ana Maria afirmou que o primo de Bruno havia dito que o executor era grisalho e apresentava um problema no dente. Ainda segundo o depoimento, Bola pediu para Luiz Henrique Ferreira Romão, Macarrão, amarrar as mãos da ex-amante do goleiro.
Goleiro Bruno tem novo defensor
Após pausa para o almoço na tarde desta terça-feira, o julgamento foi retomado com inclusão do criminalista Tiago Lenoir na defesa de Bruno Fernandes. Ele alegou ter entrado para "reforçar" a defesa do ex-goleiro do Flamengo. Lenoir foi substabelecido pelo advogado Francisco Simim, que também permanece na defesa do jogador. Ao sair do Tribunal do Júri, o advogado Tiago Lenoir comentou os posts em um perfil no Twitter com seu nome. "Não estou aqui para criar polêmica", disse o defensor, que apostou uma caixa de cerveja na condenação de Bruno. Em seu perfil nesta segunda-feira, Lenoir sugeriu que Bruno e Macarrão deveriam confessar o crime."
— O Bruno e o Macarrão deveriam confessar o crime de homicídio e negar a ocultação de cadáver e sequestro. Daí pega seis e volta a jogar futebol - postou o advogado no microblog.
Na manhã desta terça-feira, o advogado Rui Pimenta foi destituído da defesa do goleiro Bruno Fernandes. Após conversar reservadamente com seus defensores, Bruno pediu para a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o júri, um tempo para arrumar outro advogado. Ele alegou estar inseguro e pediu desculpas.
— O senhor ficaria chateado se parasse de advogar para mim? — disse Bruno a Pimenta.
O advogado respondeu que não: — O Bruno agradeceu o trabalho feito, mas disse que queria mudar de estratégia. Fui pego de surpresa. Vou torcer para que ele seja absolvido. Ele acrescentou que Bruno chegou a pedir que ele entrasse com um pedido de habeas corpus, o que já havia sido combinado com o réu.
A magistrada, por sua vez, foi incisiva e avisou que o julgamento iria continuar, pois o jogador ainda contava com o advogado Francisco Simim. No entanto, Bruno recusou a defesa de Simim, porque, segundo ele, isso prejudicaria sua ex-mulher Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que também é representada por ele. Mas a juíza Marixa Rodrigues negou o pedido de Bruno para também destituir Simim.
Para conter a manobra do goleiro, a juíza, então, acabou decidindo desmembrar o processo, atendendo ao pedido da Promotoria. Com isso, Dayanne foi dispensada e será julgada juntamente com o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em data a definir. As testemunhas da ré também foram liberadas pela magistrada.
A mesma estratégia de protelar o julgamento foi usada no primeiro dia do julgamento pelos advogados que atuavam na defesa do ex-policial Marcos Aparecido. Um deles retirou a beca e abandonou a sala de audiência. A atitude levou a juíza a adiar o julgamento. Mas nesta terça-feira, ela estipulou multa aos advogados pela medida, considerada "injustificada". O valor é de R$ 18.660 para cada um dos defensores, o equivalente a 30 salários mínimos. Somados, eles terão que pagar R$ 55.980 em até 20 dias, de acordo com a decisão de Marixa Fabiane Lopes. Os advogados do ex-policial são Ércio Quaresma, Zanone de Oliveira Júnior e Fernando Magalhães.
Após o tumulto, a juíza Marixa começou a ouvir as testemunhas de acusação. A partir do interrogatório de João Batista Alves Guimarães, ex-caseiro do sítio do goleiro Bruno em Esmeraldas, o promotor Henry Wagner Vasconcelos desistiu da acareação entre ele e Cleiton da Silva Gonçalves, apontado nas investigações como o ex-motorista do goleiro.
Segundo o promotor, há vários pontos contraditórios no depoimento de Cleiton. Na segunda-feira, o ex-motorista falou em juízo que foi pressionado durante o depoimento à polícia, em 29 de junho de 2010. Ele afirmou também ter ficado algemado de três horas da manhã até às três horas da tarde. João Batista, por sua vez, desmentiu Cleiton. O caseiro falou que ele foi muito bem tratado pela delegada e que não ficou algemado em momento algum. O depoimento do ex-motorista foi lido pela juíza.
A delegada de Homicídios de Contagem, Ana Maria Santos, foi a segunda a ser ouvida. Ela começou a prestar esclarecimentos sobre as investigações por volta de 11h30m. Ana Maria afirmou que, na ocasião do crime, chegou à delegacia especializada a notícia de um homicídio.
— Chegou a notícia de um homicídio, se queria evitar um outro homicídio, de um menor —disse a delegada, referindo-se a Bruninho, filho do goleiro com Eliza, que estava desaparecido. Segundo a delegada, no sítio de Bruno, em um primeiro momento, não havia informações sobre a presença de uma criança no local.
— Depois, o caseiro do sítio disse que uma criança estava lá e que era filha de uma mulher que estava no sítio com o goleiro — continuou Ana Maria. A delegada disse ainda que a equipe de investigações, ao longo da busca por Bruninho, foi informada que a criança havia sido entregue para outra pessoa. A delegada contou que decidiu, então, conduzir todos os envolvidos até a delegacia, diante da contradição sobre a presença da criança no sítio.
Ana Maria declarou ainda que Elenilson Vitor da Silva, outro caseiro do sítio do jogador, e Emerson Marques de Souza, o Coxinha, se esforçaram para negar a existência de Bruninho. Segundo a delegada, foi uma pessoa identificada como José Roberto, o caseiro do sítio, quem confirmou a presença da criança no imóvel do jogador.
Em outro momento, Coxinha confirmou a existência da criança e se dispôs a apontar seu paradeiro. Inicialmente, Bruninho, segundo o depoimento da delegada, foi levado para a casa de Júlia, que seria namorada ou mulher de Cleiton da Silva Gonçalves, ex-motorista do goleiro. Depois a criança foi levada para residência de uma mulher identificada como Geisla, antes de ser encontrada pela polícia. Geisla seria vizinha de Júlia.
Ana foi arrolada pelo Ministério Público (MP) para falar no lugar do primo do ex-goleiro Bruno, menor na época do crime. O menor, hoje com 19 anos, foi incluído na lista de protegidos da Justiça desde setembro. Por esse motivo, ele foi impedido de participar do julgamento pelo Tribunal de Justiça. Confirmando as informações do inquérito, a delegada lembrou que o menor disse, na época, que o homem que matou Eliza tinha um problema no dente e era grisalho. Esse homem pediu para Macarrão amarrar as mãos de Eliza, que a chutou. Depois de amarrada, o homem deu uma gravata e durante o tempo em que era apertada, ela foi perdendo fôlego até cair no chão e morrer.
Ainda fazem parte do rol de testemunhas de acusação a delegada Alessandra Wilke, que participou das investigações, uma testemunha da oitiva de Cleiton à polícia e uma assistente técnico-jurídico do sistema socioeducativo de Minas Gerais, que acompanhou um depoimento do primo do goleiro, menor à época do desaparecimento de Eliza. Somente depois da conclusão destes depoimentos, serão ouvidas as testemunhas de defesa.
Bruno ameaçou testemunha na véspera do júri, diz promotor
Do lado de fora do fórum, o promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse, pela manhã, que o detento Jaílson Alves de Oliveira — uma das testemunhas de acusação do desaparecimento e morte de Eliza Samudio arroladas pelo MP — teria dito a funcionários do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que foi ameaçado pelo goleiro Bruno Fernandes às vésperas do início do júri popular. O preso denunciou, em 2011, um esquema que teria sido montado por Bruno e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para matar a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o júri. Com 30 minutos de atraso, a juíza deu início, às 9h30m, ao segundo dia de julgamento de Bruno e de mais três acusados, até aquele momento.
As declarações de Jaílson Oliveira, segundo o promotor, foram dados nesta segunda-feira. De acordo com Wagner, Jaílson disse que Bruno comentou que ele estava “falando demais”, e que “peixe morre pela boca”. O detento chegou a pedir à Justiça proteção no traslado do presídio para o fórum.
A magistrada começou a sessão desta terça-feira lendo um resumo do que aconteceu no primeiro dia de júri, quando a defesa de Bola deixou o caso. Ela decidiu aplicar multa aos advogados Ércio Quaresma, Fernando Costa Oliveira Magalhães e Zanone de Oliveira Júnior, por terem abandonado o plenário do fórum “sem haver razão juridicamente relevante”.
— Esse tipo de conduta causa grande prejuízo ao estado e à sociedade que implica em gasto de dinheiro público — afirmou ela. — Atitudes como esta atentam contra a realização da Justiça e também à classe dos advogados e contra a própria classe de advogados — finalizou. Cada advogado deverá pagar R$ 18.660, o correspondente a 30 salários mínimos, no prazo de 20 dias. O abandono do plenário será comunicado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade que deve avaliar a conduta dos defensores.
No banco dos réus, estavam sentados, além do goleiro Bruno Fernandes, que não está algemado, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e a ex-mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que acabou sendo dispensada, e a ex-namorada do goleiro, Fernanda Castro, que chora muito durante a sessão desta terça-feira. A todo momento, ela coloca o braço na cadeira da frente, e com ele, esconde o rosto reclinado.
De uniforme vermelho, Bruno e Macarrão chegaram ao Fórum de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, por volta de 8h40m. Eles deixaram o Presídio Nelson Hungria, na mesma cidade, por volta de 8h. Sob forte esquema de segurança, Bruno e Macarrão seguiram em um comboio formado por quatro veículos do Grupo de Operações Especiais da Polícia de Minas Gerais para o local onde está sendo realizado o julgamento de envolvidos no desparecimento e morte de Eliza Samudio, em 2010. O percurso durou cerca de 20 minutos.
Em frente ao fórum, as manifestações ficaram por conta de integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), que fizeram protesto pela morte de trabalhadores rurais no Vale do Jequitinhonha. Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que responde ao processo em liberdade, foi a primeira a chegar no local. Ela estava acompanhada do então advogado do goleiro, Rui Pimenta. Ingrid Calheiros, a atual noiva de Bruno, que não tem envolvimento no caso e apenas assiste ao julgamento do goleiro, chegou logo depois ao fórum. O detento Jaílson Alves de Oliveira, arrolado pelo Ministério Público como uma das testemunhas de acusação, também está no Fórum de Contagem. Ele denunciou o suposto esquema de Bruno, Macarrão e Bola para matar a juíza Marixa Fabiane Lopes, que preside o júri.
A Escola municipal Babita Camargo, que fica ao lado do Fórum de Contagem, amanheceu, nesta terça-feira, pichada com frases em defesa do atleta. “Bruno, acreditamos na sua inocência”, “Se não a (sic) provas não a (sic) condenação” e “Liberte o Bruno” são algumas das frases que podem ser lidas no muro da escola.
Nesta segunda, o local foi pichado com frases contra o goleiro. “Bruno, me diga com quem tu anda que te direi quem tu és”, dizia uma delas.
Detento confirma depoimento de que Bola teria matado Eliza
O detento Jaílson Alves de Oliveira, arrolado como testemunha de acusação afirmou na tarde desta terça-feira, em juízo, que ouviu várias vezes o ex-policiail Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, dizer que jogou "as cinzas de Eliza às águas". Ele disse ainda que, ao perguntar o que Bola faria se o corpo da vítima fosse encontrado, o réu respondeu "só se os peixes falarem". O detento confirmou o depoimento no qual disse que Bola teria assumido o assassinato de Eliza Samúdio e ainda estaria planejando a morte do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, Durval Ângelo (PT), e da juíza do caso, Marixa Fabiane. Jaílson, que atualmente está preso na Penitenciária Nelson Hungria, recolhido na enfermaria por medida de segurança, teria ouvido Bola confessar o crime durante banho de sol na penitenciária. Ele teria testemunhado ainda ameaça contra a juíza Marixa Fabiane. O detento disse à juíza que teme por sua vida.
— Disseram que sou cagueta. Corro risco de vida — afirmou Jaílson.
O detento afirmou durante depoimento que foi ameaçado de morte pelo goleiro Bruno na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, no último dia 13 de novembro. Segundo relato dele à juíza Marixa, Bruno teria dito:
— Jaílson, o que é seu está guardado. Você não sabe com quem está mexendo. Seus dias estão contados". A ameaça teria sido feita enquanto Jaílson estava tomando banho de sol na entrada da enfermaria do presídio. Na hora, segundo a testemunha do MP, Bruno estava indo receber atendimento psiquiátrico.
Com o olhar fixo para Bruno, Jaílson desafiou o jogador: "ameaçou ou não ameaçou. Fala agora". Bruno respondeu: Nem te conheço, parceiro". Na segunda-feira, primeiro dia do julgamento, o advogado do detento entrou com uma petição pedindo proteção ao detento.
O detento afirmou ainda que Bruno sustentava o time 100% com o dinheiro do tráfico. Segundo ele, na época da morte da modelo “todos comentavam que ele abastecia o tráfico de drogas de Ribeirão das Neves”. O presidiário disse ter tomado ciência do fato através do motorista do goleiro, Cleiton Gonçalves, e de Macarrão. Já sobre o time de amigos de Bruno ser bancado com o dinheiro do tráfico, Jaílson falou que essa informação foi passada a ele por Macarrão. O detento ainda contou que já viu Macarrão andando com uma pistola na cintura em Ribeirão das Neves.
— As declarações da testemunha Jaílson foram extremamente relevantes em duas frentes. Primeiro ao apontar que os acusados Bruno e Macarrão têm envolvimento no narcotráfico, sobretudo, na região de Ribeirão das Neves, mas também com conexões atuantes na capital fluminense. Mas especialmente o depoimento de Jaílson está radicado no fato que ele deverás conviveu com Bola na penitenciária Nelson Hungria, hoje confirmando, que ouviu de Bola que o cadáver de Eliza foi transformado em cinzas e despejado em alguma concentração de água — avaliou o promotor Henry Wagner Vasconcelos.
Delegada diz que primo de Bruno afirmou que Eliza teria sido amarrada e chutada
Também arrolada pelo Ministério Público como testemunha de acusação, a delegada Ana Maria dos Santos deu detalhes nesta terça-feira sobre o depoimento dado à polícia pelo primo do goleiro Bruno Fernandes, J., em 2010. Segundo o depoimento do primo do goleiro, a ex-amante de Bruno foi amarrada e chutada antes de ser morta. Os três réus que estão sendo julgados, incluindo Bruno, negam o crime.
— Depois de amarrada, o homem executor de Eliza deu uma gravata e durante o tempo em que era apertada, apertada, ela foi perdendo fôlego, foi virando os olhos, a língua dela foi indo para fora, saiu espuma da boca dela e ela caiu ao chão e depois de poucos movimentos, ficou lá, morta — disse a delegada, referindo-se ao depoimento do primo de Bruno.
Ainda de acordo com a delegada, J. afirmou que o homem que matou Eliza tinha o apelido de Neném, também conhecido como Bola - apelido do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, que também é réu no caso. Ana Maria afirmou que o primo de Bruno havia dito que o executor era grisalho e apresentava um problema no dente. Ainda segundo o depoimento, Bola pediu para Luiz Henrique Ferreira Romão, Macarrão, amarrar as mãos da ex-amante do goleiro.
Goleiro Bruno tem novo defensor
Após pausa para o almoço na tarde desta terça-feira, o julgamento foi retomado com inclusão do criminalista Tiago Lenoir na defesa de Bruno Fernandes. Ele alegou ter entrado para "reforçar" a defesa do ex-goleiro do Flamengo. Lenoir foi substabelecido pelo advogado Francisco Simim, que também permanece na defesa do jogador. Ao sair do Tribunal do Júri, o advogado Tiago Lenoir comentou os posts em um perfil no Twitter com seu nome. "Não estou aqui para criar polêmica", disse o defensor, que apostou uma caixa de cerveja na condenação de Bruno. Em seu perfil nesta segunda-feira, Lenoir sugeriu que Bruno e Macarrão deveriam confessar o crime."
— O Bruno e o Macarrão deveriam confessar o crime de homicídio e negar a ocultação de cadáver e sequestro. Daí pega seis e volta a jogar futebol - postou o advogado no microblog.
Na manhã desta terça-feira, o advogado Rui Pimenta foi destituído da defesa do goleiro Bruno Fernandes. Após conversar reservadamente com seus defensores, Bruno pediu para a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o júri, um tempo para arrumar outro advogado. Ele alegou estar inseguro e pediu desculpas.
— O senhor ficaria chateado se parasse de advogar para mim? — disse Bruno a Pimenta.
O advogado respondeu que não: — O Bruno agradeceu o trabalho feito, mas disse que queria mudar de estratégia. Fui pego de surpresa. Vou torcer para que ele seja absolvido. Ele acrescentou que Bruno chegou a pedir que ele entrasse com um pedido de habeas corpus, o que já havia sido combinado com o réu.
A magistrada, por sua vez, foi incisiva e avisou que o julgamento iria continuar, pois o jogador ainda contava com o advogado Francisco Simim. No entanto, Bruno recusou a defesa de Simim, porque, segundo ele, isso prejudicaria sua ex-mulher Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que também é representada por ele. Mas a juíza Marixa Rodrigues negou o pedido de Bruno para também destituir Simim.
Para conter a manobra do goleiro, a juíza, então, acabou decidindo desmembrar o processo, atendendo ao pedido da Promotoria. Com isso, Dayanne foi dispensada e será julgada juntamente com o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em data a definir. As testemunhas da ré também foram liberadas pela magistrada.
A mesma estratégia de protelar o julgamento foi usada no primeiro dia do julgamento pelos advogados que atuavam na defesa do ex-policial Marcos Aparecido. Um deles retirou a beca e abandonou a sala de audiência. A atitude levou a juíza a adiar o julgamento. Mas nesta terça-feira, ela estipulou multa aos advogados pela medida, considerada "injustificada". O valor é de R$ 18.660 para cada um dos defensores, o equivalente a 30 salários mínimos. Somados, eles terão que pagar R$ 55.980 em até 20 dias, de acordo com a decisão de Marixa Fabiane Lopes. Os advogados do ex-policial são Ércio Quaresma, Zanone de Oliveira Júnior e Fernando Magalhães.
Após o tumulto, a juíza Marixa começou a ouvir as testemunhas de acusação. A partir do interrogatório de João Batista Alves Guimarães, ex-caseiro do sítio do goleiro Bruno em Esmeraldas, o promotor Henry Wagner Vasconcelos desistiu da acareação entre ele e Cleiton da Silva Gonçalves, apontado nas investigações como o ex-motorista do goleiro.
Segundo o promotor, há vários pontos contraditórios no depoimento de Cleiton. Na segunda-feira, o ex-motorista falou em juízo que foi pressionado durante o depoimento à polícia, em 29 de junho de 2010. Ele afirmou também ter ficado algemado de três horas da manhã até às três horas da tarde. João Batista, por sua vez, desmentiu Cleiton. O caseiro falou que ele foi muito bem tratado pela delegada e que não ficou algemado em momento algum. O depoimento do ex-motorista foi lido pela juíza.
A delegada de Homicídios de Contagem, Ana Maria Santos, foi a segunda a ser ouvida. Ela começou a prestar esclarecimentos sobre as investigações por volta de 11h30m. Ana Maria afirmou que, na ocasião do crime, chegou à delegacia especializada a notícia de um homicídio.
— Chegou a notícia de um homicídio, se queria evitar um outro homicídio, de um menor —disse a delegada, referindo-se a Bruninho, filho do goleiro com Eliza, que estava desaparecido. Segundo a delegada, no sítio de Bruno, em um primeiro momento, não havia informações sobre a presença de uma criança no local.
— Depois, o caseiro do sítio disse que uma criança estava lá e que era filha de uma mulher que estava no sítio com o goleiro — continuou Ana Maria. A delegada disse ainda que a equipe de investigações, ao longo da busca por Bruninho, foi informada que a criança havia sido entregue para outra pessoa. A delegada contou que decidiu, então, conduzir todos os envolvidos até a delegacia, diante da contradição sobre a presença da criança no sítio.
Ana Maria declarou ainda que Elenilson Vitor da Silva, outro caseiro do sítio do jogador, e Emerson Marques de Souza, o Coxinha, se esforçaram para negar a existência de Bruninho. Segundo a delegada, foi uma pessoa identificada como José Roberto, o caseiro do sítio, quem confirmou a presença da criança no imóvel do jogador.
Em outro momento, Coxinha confirmou a existência da criança e se dispôs a apontar seu paradeiro. Inicialmente, Bruninho, segundo o depoimento da delegada, foi levado para a casa de Júlia, que seria namorada ou mulher de Cleiton da Silva Gonçalves, ex-motorista do goleiro. Depois a criança foi levada para residência de uma mulher identificada como Geisla, antes de ser encontrada pela polícia. Geisla seria vizinha de Júlia.
Ana foi arrolada pelo Ministério Público (MP) para falar no lugar do primo do ex-goleiro Bruno, menor na época do crime. O menor, hoje com 19 anos, foi incluído na lista de protegidos da Justiça desde setembro. Por esse motivo, ele foi impedido de participar do julgamento pelo Tribunal de Justiça. Confirmando as informações do inquérito, a delegada lembrou que o menor disse, na época, que o homem que matou Eliza tinha um problema no dente e era grisalho. Esse homem pediu para Macarrão amarrar as mãos de Eliza, que a chutou. Depois de amarrada, o homem deu uma gravata e durante o tempo em que era apertada, ela foi perdendo fôlego até cair no chão e morrer.
Ainda fazem parte do rol de testemunhas de acusação a delegada Alessandra Wilke, que participou das investigações, uma testemunha da oitiva de Cleiton à polícia e uma assistente técnico-jurídico do sistema socioeducativo de Minas Gerais, que acompanhou um depoimento do primo do goleiro, menor à época do desaparecimento de Eliza. Somente depois da conclusão destes depoimentos, serão ouvidas as testemunhas de defesa.
Bruno ameaçou testemunha na véspera do júri, diz promotor
Do lado de fora do fórum, o promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse, pela manhã, que o detento Jaílson Alves de Oliveira — uma das testemunhas de acusação do desaparecimento e morte de Eliza Samudio arroladas pelo MP — teria dito a funcionários do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que foi ameaçado pelo goleiro Bruno Fernandes às vésperas do início do júri popular. O preso denunciou, em 2011, um esquema que teria sido montado por Bruno e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para matar a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o júri. Com 30 minutos de atraso, a juíza deu início, às 9h30m, ao segundo dia de julgamento de Bruno e de mais três acusados, até aquele momento.
As declarações de Jaílson Oliveira, segundo o promotor, foram dados nesta segunda-feira. De acordo com Wagner, Jaílson disse que Bruno comentou que ele estava “falando demais”, e que “peixe morre pela boca”. O detento chegou a pedir à Justiça proteção no traslado do presídio para o fórum.
A magistrada começou a sessão desta terça-feira lendo um resumo do que aconteceu no primeiro dia de júri, quando a defesa de Bola deixou o caso. Ela decidiu aplicar multa aos advogados Ércio Quaresma, Fernando Costa Oliveira Magalhães e Zanone de Oliveira Júnior, por terem abandonado o plenário do fórum “sem haver razão juridicamente relevante”.
— Esse tipo de conduta causa grande prejuízo ao estado e à sociedade que implica em gasto de dinheiro público — afirmou ela. — Atitudes como esta atentam contra a realização da Justiça e também à classe dos advogados e contra a própria classe de advogados — finalizou. Cada advogado deverá pagar R$ 18.660, o correspondente a 30 salários mínimos, no prazo de 20 dias. O abandono do plenário será comunicado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade que deve avaliar a conduta dos defensores.
No banco dos réus, estavam sentados, além do goleiro Bruno Fernandes, que não está algemado, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e a ex-mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que acabou sendo dispensada, e a ex-namorada do goleiro, Fernanda Castro, que chora muito durante a sessão desta terça-feira. A todo momento, ela coloca o braço na cadeira da frente, e com ele, esconde o rosto reclinado.
De uniforme vermelho, Bruno e Macarrão chegaram ao Fórum de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, por volta de 8h40m. Eles deixaram o Presídio Nelson Hungria, na mesma cidade, por volta de 8h. Sob forte esquema de segurança, Bruno e Macarrão seguiram em um comboio formado por quatro veículos do Grupo de Operações Especiais da Polícia de Minas Gerais para o local onde está sendo realizado o julgamento de envolvidos no desparecimento e morte de Eliza Samudio, em 2010. O percurso durou cerca de 20 minutos.
Em frente ao fórum, as manifestações ficaram por conta de integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), que fizeram protesto pela morte de trabalhadores rurais no Vale do Jequitinhonha. Dayanne Rodrigues de Carmo Souza, que responde ao processo em liberdade, foi a primeira a chegar no local. Ela estava acompanhada do então advogado do goleiro, Rui Pimenta. Ingrid Calheiros, a atual noiva de Bruno, que não tem envolvimento no caso e apenas assiste ao julgamento do goleiro, chegou logo depois ao fórum. O detento Jaílson Alves de Oliveira, arrolado pelo Ministério Público como uma das testemunhas de acusação, também está no Fórum de Contagem. Ele denunciou o suposto esquema de Bruno, Macarrão e Bola para matar a juíza Marixa Fabiane Lopes, que preside o júri.
A Escola municipal Babita Camargo, que fica ao lado do Fórum de Contagem, amanheceu, nesta terça-feira, pichada com frases em defesa do atleta. “Bruno, acreditamos na sua inocência”, “Se não a (sic) provas não a (sic) condenação” e “Liberte o Bruno” são algumas das frases que podem ser lidas no muro da escola.
Nesta segunda, o local foi pichado com frases contra o goleiro. “Bruno, me diga com quem tu anda que te direi quem tu és”, dizia uma delas.
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