O livro "O Poder", de Bertrand Jouvenel, foi lançado em 2010. Ele foi um dos que eu trouxe para o meu exílio voluntário. Margens anotadas a lápis, trechos sublinhados e uma constatação: o livro foi escrito na década de 40 do século XX, em plena II Guerra Mundial, mas hoje ele é extremamente atual para entender o que acontece com o Brasil e a sua sociedade.
Escrevo um pequeno excerto:
"A tendência é a destruição de todo o comando em proveito apenas do comando estatal. É a plena liberdade de cada um em relação a todas as autoridades familiares e sociais, paga por uma completa submissão ao Estado. É a perfeita igualdade de todos os cidadãos entre si, ao preço do seu igual aniquilamento diante do poder estatal, seu senhor absoluto. É o desaparecimento de toda a força que não venha do Estado, a negação de toda a superioridade que não seja consagrada pelo Estado.
É, em uma palavra, a autorização social, a ruptura de todos os laços particulares entre os homens, mantidos juntos apenas por sua comum servidão para com o Estado.
É, ao mesmo tempo, e por convergência fatal, o extremo individualismo e o extremo socialismo."
Comentário: o homem angustia-se diante da oportunidade das incertezas da vida. Mas ele só alcançará a completude se aceitar tal destino. O Poder vira pelo avesso essa perspectiva, oferecendo a ele a segurança do Estado tutor, que garante-lhe a paz e a sua vidinha medíocre do dia a dia com o conforto que ele acha que merece.
É um novo pacto: entre a incerteza da vida e a vida sem sentido, o homem infelizmente escolheu a segunda opção.
Contudo, as promessas feitas pelo Estado (ascensão econômica e social e um futuro melhor) não se realizam.
Mas, aí, o pacto esta feito e o homem tem que se curvar diante do Leviatã.
Bertrand Jouvenel
Ed. Peixoto Neto
Trad. Paulo Neves
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