sábado, 13 de agosto de 2011

MANUAL DO PERFEITO IDIOTA LATINO-AMERICANO



Excertos do Prefácio da Edição Brasileira - Roberto Campos
Em azul segue o texto de Roberto Campos.  Em vermelho eu teço comentários, atualizando o original.
É leitura indispensável para todos que desejam se vacinar contra os diferentes "ismos", que nas últimas décadas constituíram o substrato cultural explicativo do atraso latino-americano - o nacionalismo, o populismo, o estatismo, o estruturalismo e o protecionismo.
Todos trouxeram uma contribuição negativa.
O nacionalismo, útil na base de formação das nacionalidades, gradualmente tornou-se um obstáculo à importação de capitais e tecnologia. 
O nacionalismo brasileiro continua impregnado de ufanismo.  Vivemos num mundo globalizado e fazemos parte disso tudo.  Hoje há muito dinheiro
procurando um lugar seguro para aportar.  O Brasil não dá essa segurança, pois o país não define regras claras, criam-se impostos do nada, taxas, tarifas... A BOVESPA foi uma das bolsas mais prejudicadas com a crise dos EUA.  Se o país era tão seguro, a crise não chegaria aqui, como então chegou?  E já é a segunda vez que isso acontece no governo do PT.
Não desenvolvemos uma tecnologia decente e ao mesmo tempo não conseguimos atrair nova tecnologia do exterior.
O populismo degenerou na proliferação de subsídios e na formação de custosas e ineficientes burocracias assistencialistas.
Quando assumiu a presidência do Brasil, o representante da vanguarda do atraso declarou: "Não vou dar o peixe, mas ensinarei a pescar." e o que vimos foi justamente o contrário: hordas de analfabetos funcionais (têm diploma mas nada sabem fazer, ou sequer ler um bilhete).  Qual o incentivo que a pessoa tem, se ela possui uma série de benefícios: bolsa-escola, bolsa-família, que não resultam em nada produtivo.  Além disso, a máquina foi novamente inchada com milhares de funcionários ocupando cargos de confiança: assessores às pencas, assistentes sociais às toneladas, uma manada de pessoas que nem sabem qual o cargo que ocupam e o que fazem nele.  Mas procedendo assim, o PT conseguir permanecer no poder num terceiro mandato.  Os fins justificam os meios.
Do estatismo resultou o Estado Empresarial, negligente em suas funções clássicas e invasor da esfera natural da atividade privada.
O Estado não dá habitação decente, a saúde pública é uma vergonha (pacientes do SUS morrem das doenças mais banais e dos erros médicos mais absurdos), a educação é uma porcaria, os aluno mal sabem escrever e falam com os mesmos erros de concordância do ex-presidente (2003/2010), a segurança pública é uma piada de mau gosto.  Quando ela existe, passamos a torcer para não morrer atingidos por balas perdidas.
Mas a presença do Estado onde não deveria estar é uma constante.  Nesse momento o Estado torna-se unipresente: estatais, secretarias, sub-secretarias, empresas mistas, quando as empresas não são financiadas pelo BNDES.  Dinheiro jogado fora aliado à ineficiência típica das estatais do terceiro mundo.
O estruturalismo, ao subestimar o componente monetário da inflação, levou a políticas monetárias e fiscais permissivas, criando pressão inflacionária crônica e ocasionais hiperinflações.
Para garantir-se no poder, o PT gastou o que não tinha e financiou a dívida interna com dinheiro estrangeiro captado através da oferta de juros altos.  Além disso, adotou a velha prática de emitir dinheiro, o que gerou inflação.  Juros altos e inflação?  Pois é...
O protecionismo obliterou o princípio das vantagens comparativas e sancionou a criação ou sobrevivência de setores não competitivos; a eficiência depende não apenas do livre ingresso de novos competidores como do desaparecimento da ineficiência, coisa inviabilizada pela combinação de protecionismo e estatismo que tem caracterizado a cena latino-americana.
O protecionismo matou a competitividade das empresas brasileiras no exterior, pois elas preferiram ocupar o mercado interno e garanti-lo para si.  A nossa industrialização foi direcionada para o mercado interno.  Para isso, contaram com a anuência do Estado que ofereceu infraestrutura até um determinada etapa.  Esgotada a capacidade do investimento, a economia passou a apresentar resultados pífios.  O breve crescimento verificado no ano passado se desfez diante da dependência de capitais estrangeiros, atraídos pela promessa de ganho fácil,  pois a nossa capacidade produtiva é limitada e a capacidade de exportação é prejudicada pelo real extremamente valorizado. 
Juntas, essas deformações culturais constituem a doença dos "ismos", que obscureceu por longo tempo nossa percepção dos componentes fundamentais do desenvolvimento econômico: espírito empresarial, produtividade e poupança.  São qualidades que vicejam sobretudo em ambientes institucionais que preservam a liberdade competitiva e prestigiam o direito de propriedade contra o Estado interventor e predador.

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