sábado, 31 de janeiro de 2015
Dilma precisa explicar o que sabia sobre Petrobras, diz FT
"A Lava-Jato deve pedir a cabeça da presidente e dos diretores. Dilma Rousseff está defendendo eles. O tempo para esta indulgência já passou", completa.
Nesta semana, as ações da empresa despencaram após a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2014 com dois meses de atraso e sem descontar as perdas causadas por desvios de corrupção. Na sexta-feira (30), elas atingiram seu menor valor em 11 anos.
O texto do diário britânico também diz que Dilma precisa apoiar a investigação e traça um paralelo entre o escândalo na Petrobras e o mensalão.
O mensalão "levou a condenações de políticos sêniores - algo inédito no Brasil. Com a Petrobras, no entanto, a resposta precisa ser mais rápida e mais firme".
O artigo afirma também que, apesar de o dinheiro, supostamente, não ter sido usado por políticos para enriquecimento pessoal, a escala de desvios aumentou com o PT -e atribui a corrupção ao "desejo de poder" do partido. O dinheiro desviado, segundo as investigações, teria sido usado em campanhas da sigla e de partidos aliados.
O jornal diz que as consequências da desvalorização da Petrobras vão além da empresa. "Tem importância sistêmica para a economia brasileira e ameaça derrubar o governo. A Petrobras é muito grande para fracassar. Mas também é muito corrupta para seguir desta maneira."
BBC-BRASIL
Em artigo publicado neste sábado (31), o jornal britânico "Financial Times" afirma que a presidente Dilma Rousseff precisa explicar o que sabia sobre a corrupção na Petrobras e que já passou o tempo de ser indulgente com os diretores da empresa.
"Embora ela não tenha sido acusada diretamente de envolvimento, como
conselheira durante grande parte do tempo em questão, ela [Dilma]
precisa explicar o que sabia e quando soube", afirma o editorial.
Roberto Stuckert Filho/PR - 27.jan.2015
"[Dilma] precisa explicar o que sabia e quando soube", afirma editorial do jornal britânico "Financial Times"Em artigo publicado neste sábado (31), o jornal britânico "Financial Times" afirma que a presidente Dilma Rousseff precisa explicar o que sabia sobre a corrupção na Petrobras e que já passou o tempo de ser indulgente com os diretores da empresa.
"A Lava-Jato deve pedir a cabeça da presidente e dos diretores. Dilma Rousseff está defendendo eles. O tempo para esta indulgência já passou", completa.
Nesta semana, as ações da empresa despencaram após a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2014 com dois meses de atraso e sem descontar as perdas causadas por desvios de corrupção. Na sexta-feira (30), elas atingiram seu menor valor em 11 anos.
O texto do diário britânico também diz que Dilma precisa apoiar a investigação e traça um paralelo entre o escândalo na Petrobras e o mensalão.
O mensalão "levou a condenações de políticos sêniores - algo inédito no Brasil. Com a Petrobras, no entanto, a resposta precisa ser mais rápida e mais firme".
O artigo afirma também que, apesar de o dinheiro, supostamente, não ter sido usado por políticos para enriquecimento pessoal, a escala de desvios aumentou com o PT -e atribui a corrupção ao "desejo de poder" do partido. O dinheiro desviado, segundo as investigações, teria sido usado em campanhas da sigla e de partidos aliados.
O jornal diz que as consequências da desvalorização da Petrobras vão além da empresa. "Tem importância sistêmica para a economia brasileira e ameaça derrubar o governo. A Petrobras é muito grande para fracassar. Mas também é muito corrupta para seguir desta maneira."
Descalabro fiscal
Celso Ming - OESP
Mesmo com todos os truques e pedaladas fiscais, o resultado das contas do setor público em 2014 é um desastre.
O que era para ser um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida), cuja meta começou 2014 em 2,1% do PIB e foi diminuindo sucessivamente até se reduzir a uma vaga promessa de R$ 10 bilhões, acabou no rombo de R$ 32,5 bilhões. Foi o primeiro déficit primário do setor público desde 2001.
Se a esse número forem acrescentadas as despesas com os juros da dívida, o rombo (déficit nominal) sobe para R$ 343,9 bilhões. Ainda assim, despesas que eram para ser feitas em anos anteriores ficaram para 2015. Na quinta, o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, mencionou R$ 226 bilhões em restos a pagar que farão parte da programação financeira deste ano.
Descalabro é a expressão adequada para qualificar a política fiscal do governo Dilma, tocada pelo ex-ministro Guido Mantega e pelo ex-secretário do Tesouro Arno Augustin. Foi o resultado dos programas eleitorais de 2014. Alegar que outros países estão em situação pior é como o canceroso dizer que outros também tem câncer. Diante desses números, não há opção senão a volta à austeridade. Não foi uma decisão tomada livre e alegremente pela presidente. Foi falta de outra saída. Se vai ser suficiente ou não, depende do que se pretende.
A decisão foi entregar em 2015 um superávit primário de 1,2% do PIB, algo próximo dos R$ 66 bilhões. Pode não ser suficiente para o objetivo imediato mais importante, que é o de evitar o rebaixamento da qualidade dos títulos públicos do Brasil ao grau de especulação. Muita gente acha isso bobagem, objetivo que faz o jogo dos banqueiros. O problema é que, se esse rebaixamento acontecer, as despesas com os juros da dívida aumentarão, não só para o Tesouro, mas também para as empresas. Seria novo desastre.
As primeiras reações ao abandono da política econômica experimentalista anterior e à volta ao receituário clássico são positivas. Há notório aumento do nível de confiança, aqui e no exterior.
Mas as encrencas a enfrentar em 2015 são ainda maiores do que as de 2014. Primeiramente, há o saneamento já iniciado, cujo resultado não está claro, porque, aparentemente, há mais esqueletos fiscais a descobrir. Esse saneamento terá de acontecer num ambiente de baixíssimo crescimento econômico e, portanto, de arrecadação acanhada, mesmo com os aumentos de impostos. De todo modo, apesar dos percalços, os analistas apostam em que será cumprido.
Em segundo lugar, há a incerteza que cerca o suprimento de energia elétrica e de água potável, fatores que derrubam o investimento e espalham o desalento.
Em terceiro lugar, sabe-se lá como vão evoluir a crise da Petrobrás e os desdobramentos da Operação Lava Jato. A presidente vem afirmando que as empresas não podem ser abatidas a tiros de Judiciário. Mas como evitar? É a lei que barra o acesso das empreiteiras corruptas às licitações de serviços públicos.
Mas a incerteza maior está na área política. E cerca não só os políticos já indiciados e os que ainda serão acusados de corrupção, mas a sustentação das próprias bases do governo.
CONFIRA:
Veja acima o tombo da cotação das ações preferenciais da Petrobrás no primeiro mês de 2015. Nesta sexta-feira, fecharam no menor valor desde 2005.
Rebaixamento
As preocupações com as investigações de corrupção e o atraso na divulgação das demonstrações financeiras auditadas levaram a agência de classificação de risco Moody’s a rebaixar os ratings globais da Petrobrás pela terceira vez em quatro meses. A nota da estatal, agora, ficou só um degrau acima do nível especulativo. Até o momento, não há nenhuma perspectiva de reversão desse quadro de crise.
Celso Ming - OESP
Mesmo com todos os truques e pedaladas fiscais, o resultado das contas do setor público em 2014 é um desastre.
O que era para ser um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida), cuja meta começou 2014 em 2,1% do PIB e foi diminuindo sucessivamente até se reduzir a uma vaga promessa de R$ 10 bilhões, acabou no rombo de R$ 32,5 bilhões. Foi o primeiro déficit primário do setor público desde 2001.
Se a esse número forem acrescentadas as despesas com os juros da dívida, o rombo (déficit nominal) sobe para R$ 343,9 bilhões. Ainda assim, despesas que eram para ser feitas em anos anteriores ficaram para 2015. Na quinta, o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, mencionou R$ 226 bilhões em restos a pagar que farão parte da programação financeira deste ano.
Descalabro é a expressão adequada para qualificar a política fiscal do governo Dilma, tocada pelo ex-ministro Guido Mantega e pelo ex-secretário do Tesouro Arno Augustin. Foi o resultado dos programas eleitorais de 2014. Alegar que outros países estão em situação pior é como o canceroso dizer que outros também tem câncer. Diante desses números, não há opção senão a volta à austeridade. Não foi uma decisão tomada livre e alegremente pela presidente. Foi falta de outra saída. Se vai ser suficiente ou não, depende do que se pretende.
A decisão foi entregar em 2015 um superávit primário de 1,2% do PIB, algo próximo dos R$ 66 bilhões. Pode não ser suficiente para o objetivo imediato mais importante, que é o de evitar o rebaixamento da qualidade dos títulos públicos do Brasil ao grau de especulação. Muita gente acha isso bobagem, objetivo que faz o jogo dos banqueiros. O problema é que, se esse rebaixamento acontecer, as despesas com os juros da dívida aumentarão, não só para o Tesouro, mas também para as empresas. Seria novo desastre.
As primeiras reações ao abandono da política econômica experimentalista anterior e à volta ao receituário clássico são positivas. Há notório aumento do nível de confiança, aqui e no exterior.
Mas as encrencas a enfrentar em 2015 são ainda maiores do que as de 2014. Primeiramente, há o saneamento já iniciado, cujo resultado não está claro, porque, aparentemente, há mais esqueletos fiscais a descobrir. Esse saneamento terá de acontecer num ambiente de baixíssimo crescimento econômico e, portanto, de arrecadação acanhada, mesmo com os aumentos de impostos. De todo modo, apesar dos percalços, os analistas apostam em que será cumprido.
Em segundo lugar, há a incerteza que cerca o suprimento de energia elétrica e de água potável, fatores que derrubam o investimento e espalham o desalento.
Em terceiro lugar, sabe-se lá como vão evoluir a crise da Petrobrás e os desdobramentos da Operação Lava Jato. A presidente vem afirmando que as empresas não podem ser abatidas a tiros de Judiciário. Mas como evitar? É a lei que barra o acesso das empreiteiras corruptas às licitações de serviços públicos.
Mas a incerteza maior está na área política. E cerca não só os políticos já indiciados e os que ainda serão acusados de corrupção, mas a sustentação das próprias bases do governo.
CONFIRA:
Veja acima o tombo da cotação das ações preferenciais da Petrobrás no primeiro mês de 2015. Nesta sexta-feira, fecharam no menor valor desde 2005.
Rebaixamento
As preocupações com as investigações de corrupção e o atraso na divulgação das demonstrações financeiras auditadas levaram a agência de classificação de risco Moody’s a rebaixar os ratings globais da Petrobrás pela terceira vez em quatro meses. A nota da estatal, agora, ficou só um degrau acima do nível especulativo. Até o momento, não há nenhuma perspectiva de reversão desse quadro de crise.
Por que o desemprego é baixo
O Estado de S.Paulo
O que aconteceu com quase 650 mil brasileiros em idade ativa (com mais de 10 anos e capacitados para o trabalho) que deixaram de integrar a população economicamente ativa (PEA) por não estarem trabalhando nem estarem à procura de uma ocupação? A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constata uma redução da PEA nessa proporção entre 2013 e 2014, mas não contém dados que permitam saber para onde foram e de que passaram a viver essas pessoas. O que a pesquisa mostra é que essa redução vem gerando um resultado surpreendente: apesar da redução do número de brasileiros que têm uma ocupação regular, diminuiu também a taxa de desemprego. Parece paradoxal: menos pessoas trabalham e, mesmo assim, o desemprego diminui.
Por causa desse fenômeno estatístico - decorrente do uso de critérios expostos pelo IBGE em notas técnicas -, o desemprego em dezembro medido pela PME ficou em 4,3%, igualando o resultado de um ano antes, o menor de toda a série, iniciada em 2002.Esse resultado foi alcançado a despeito de a média anual da população ocupada ter diminuído de 23,166 milhões em 2013 para 23,087 milhões em 2014.
A PME abrange apenas as regiões metropolitanas do Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A pesquisa mais abrangente realizada trimestralmente pelo IBGE - a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua - aponta uma taxa de desemprego maior do que a aferida pela PME. A edição mais recente da Pnad Contínua constatou uma taxa de desocupação de 6,8% no País no terceiro trimestre do ano passado.
A PME considera integrante da PEA as pessoas que exerceram trabalho, remunerado ou não, de maneira contínua ou interrompida, no período abrangido pela pesquisa. Também integram a PEA as pessoas desocupadas, mas que estavam dispostas a trabalhar no período de referência (de 30 dias) ou tomaram alguma providência efetiva para conseguir trabalho.
As demais pessoas em idade ativa que não estão nessa classificação são excluídas da PEA. Podem ser trabalhadores desalentados - dispostos a trabalhar, mas desestimulados pela dificuldade em encontrar emprego -, estudantes ou os que simplesmente decidiram não trabalhar. Este é o contingente ao qual se juntaram 646 mil brasileiros ao longo do ano passado, aumentando o número de inativos e reduzindo a PEA.
Manteve-se, no ano passado, o processo de formalização do mercado de trabalho, com o aumento proporcional do número de trabalhadores com carteira assinada. Eles representam 50,8% das pessoas ocupadas, índice 11 pontos maior do que o constatado em 2003 (39,7%). A média anual do rendimento habitual real da população ocupada, bem como a massa de rendimento real mensal habitual continuaram a crescer no ano passado. Estes são alguns dos pontos positivos do comportamento do mercado de trabalho em 2014 apontados pela PME.
Há outros que indicam a piora da situação. A redução do número de brasileiros que trabalham - embora estatisticamente não reduza na mesma proporção a taxa de desemprego - já seria suficiente para mostrar a deterioração do mercado de trabalho no ano passado, em consequência, sobretudo, da paralisia da economia, da resistência da inflação e da redução dos investimentos produtivos. Também a qualidade do trabalho se deteriora, como se pode constatar pela redução de 140 mil postos de trabalho na indústria entre novembro e dezembro do ano passado e de 105 mil entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014. São empregos que, em geral, exigem melhor qualificação e, por isso, oferecem remuneração mais alta. Também no comércio, que até 2013 vinha compensando a redução do emprego na indústria, houve redução do número de vagas entre 2013 e 2014.
A contração da atividade econômica deve aumentar o número de desempregados. A redução da renda familiar decorrente disso pode forçar os atuais inativos a procurar trabalho, o que fará crescer tanto a PEA como a taxa de desemprego.
O Estado de S.Paulo
O que aconteceu com quase 650 mil brasileiros em idade ativa (com mais de 10 anos e capacitados para o trabalho) que deixaram de integrar a população economicamente ativa (PEA) por não estarem trabalhando nem estarem à procura de uma ocupação? A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constata uma redução da PEA nessa proporção entre 2013 e 2014, mas não contém dados que permitam saber para onde foram e de que passaram a viver essas pessoas. O que a pesquisa mostra é que essa redução vem gerando um resultado surpreendente: apesar da redução do número de brasileiros que têm uma ocupação regular, diminuiu também a taxa de desemprego. Parece paradoxal: menos pessoas trabalham e, mesmo assim, o desemprego diminui.
Por causa desse fenômeno estatístico - decorrente do uso de critérios expostos pelo IBGE em notas técnicas -, o desemprego em dezembro medido pela PME ficou em 4,3%, igualando o resultado de um ano antes, o menor de toda a série, iniciada em 2002.Esse resultado foi alcançado a despeito de a média anual da população ocupada ter diminuído de 23,166 milhões em 2013 para 23,087 milhões em 2014.
A PME abrange apenas as regiões metropolitanas do Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A pesquisa mais abrangente realizada trimestralmente pelo IBGE - a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua - aponta uma taxa de desemprego maior do que a aferida pela PME. A edição mais recente da Pnad Contínua constatou uma taxa de desocupação de 6,8% no País no terceiro trimestre do ano passado.
A PME considera integrante da PEA as pessoas que exerceram trabalho, remunerado ou não, de maneira contínua ou interrompida, no período abrangido pela pesquisa. Também integram a PEA as pessoas desocupadas, mas que estavam dispostas a trabalhar no período de referência (de 30 dias) ou tomaram alguma providência efetiva para conseguir trabalho.
As demais pessoas em idade ativa que não estão nessa classificação são excluídas da PEA. Podem ser trabalhadores desalentados - dispostos a trabalhar, mas desestimulados pela dificuldade em encontrar emprego -, estudantes ou os que simplesmente decidiram não trabalhar. Este é o contingente ao qual se juntaram 646 mil brasileiros ao longo do ano passado, aumentando o número de inativos e reduzindo a PEA.
Manteve-se, no ano passado, o processo de formalização do mercado de trabalho, com o aumento proporcional do número de trabalhadores com carteira assinada. Eles representam 50,8% das pessoas ocupadas, índice 11 pontos maior do que o constatado em 2003 (39,7%). A média anual do rendimento habitual real da população ocupada, bem como a massa de rendimento real mensal habitual continuaram a crescer no ano passado. Estes são alguns dos pontos positivos do comportamento do mercado de trabalho em 2014 apontados pela PME.
Há outros que indicam a piora da situação. A redução do número de brasileiros que trabalham - embora estatisticamente não reduza na mesma proporção a taxa de desemprego - já seria suficiente para mostrar a deterioração do mercado de trabalho no ano passado, em consequência, sobretudo, da paralisia da economia, da resistência da inflação e da redução dos investimentos produtivos. Também a qualidade do trabalho se deteriora, como se pode constatar pela redução de 140 mil postos de trabalho na indústria entre novembro e dezembro do ano passado e de 105 mil entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014. São empregos que, em geral, exigem melhor qualificação e, por isso, oferecem remuneração mais alta. Também no comércio, que até 2013 vinha compensando a redução do emprego na indústria, houve redução do número de vagas entre 2013 e 2014.
A contração da atividade econômica deve aumentar o número de desempregados. A redução da renda familiar decorrente disso pode forçar os atuais inativos a procurar trabalho, o que fará crescer tanto a PEA como a taxa de desemprego.
Dia Nacional do Otário é todo o dia
Ricardo Noblat - O Globo
E no dia em que a Petrobras divulgou o mais desastroso balanço de sua história nos últimos 50 anos, o Diário Oficial da União circulou com decretos assinados pela presidente Dilma Rousseff criando o Dia Nacional do Milho, o Dia Nacional do Técnico Agrícola, o Dia Nacional da Parteira Tradicional e o Dia Nacional da Vigilância Sanitária. A parteira não tradicional talvez venha a merecer seu dia.
Em seguida, Dilma embarcou para a Costa Rica onde se celebra a III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Em discurso maçante, alertou seus colegas para a crise econômica mundial, algo que certamente escapava ao conhecimento deles. E elogiou seu próprio governo, como de hábito. Sim, falou do programa Minha Casa, Minha Vida.
Quanto à manutenção à frente da Petrobras da atual diretoria nomeada por ela, Dilma não disse uma única palavra. Nem os jornalistas tiveram a chance de perguntar a respeito. A última vez que a presidente conversou com eles foi às vésperas do Natal do ano passado. Desde então ela os evita para escapar a perguntas embaraçosas. As perguntas se acumulam.
Somente ontem, com a queda de mais de dez pontos percentuais no valor de suas ações, a Petrobras encolheu quase R$ 14 bilhões. Lula se elegeu, se reelegeu e elegeu Dilma dizendo que a oposição, mais precisamente o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, planejava privatizar a Petrobras caso voltasse ao poder. O PT fez diferente: afundou a Petrobras. E a tudo assistimos desinteressados.
A direção da empresa emitiu dois poderosos sinais negativos para o mercado. Não consegue calcular o valor dos ativos da Petrobras. Nem o valor do estrago produzido pela corrupção. Um balanço assim é tudo menos um balanço que mereça crédito. De resto, é um balanço que não foi auditado por técnicos independentes. Que crédito merece a palavra da atual diretoria da Petrobras?
Ela já deveria ter sido demitida há muito tempo. Não foi e dificilmente será porque Graça Foster, a presidente da Petrobras, é amiga querida de Dilma. Que precisa dela dentro da empresa para evitar que algo venha a atingi-la no futuro. Ou a Lula. Graça é militante de carteirinha do PT. Carrega três estrelas tatuadas em um dos seus antebraços, duas pintadas de vermelho.
A redução anunciada de investimentos da empresa para este ano, somada à redução de investimentos das 23 empreiteiras envolvidas com a Operação Lavo-Jato, poderá representar uma contração de quase dois pontos percentuais na economia do país. Quem pagará uma conta monstruosa como essa? Ora, cada um de nós. O Estado é o maior acionista da Petrobras. Somos nós que o mantemos.
Ricardo Noblat - O Globo
E no dia em que a Petrobras divulgou o mais desastroso balanço de sua história nos últimos 50 anos, o Diário Oficial da União circulou com decretos assinados pela presidente Dilma Rousseff criando o Dia Nacional do Milho, o Dia Nacional do Técnico Agrícola, o Dia Nacional da Parteira Tradicional e o Dia Nacional da Vigilância Sanitária. A parteira não tradicional talvez venha a merecer seu dia.
Em seguida, Dilma embarcou para a Costa Rica onde se celebra a III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Em discurso maçante, alertou seus colegas para a crise econômica mundial, algo que certamente escapava ao conhecimento deles. E elogiou seu próprio governo, como de hábito. Sim, falou do programa Minha Casa, Minha Vida.
Quanto à manutenção à frente da Petrobras da atual diretoria nomeada por ela, Dilma não disse uma única palavra. Nem os jornalistas tiveram a chance de perguntar a respeito. A última vez que a presidente conversou com eles foi às vésperas do Natal do ano passado. Desde então ela os evita para escapar a perguntas embaraçosas. As perguntas se acumulam.
Somente ontem, com a queda de mais de dez pontos percentuais no valor de suas ações, a Petrobras encolheu quase R$ 14 bilhões. Lula se elegeu, se reelegeu e elegeu Dilma dizendo que a oposição, mais precisamente o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, planejava privatizar a Petrobras caso voltasse ao poder. O PT fez diferente: afundou a Petrobras. E a tudo assistimos desinteressados.
A direção da empresa emitiu dois poderosos sinais negativos para o mercado. Não consegue calcular o valor dos ativos da Petrobras. Nem o valor do estrago produzido pela corrupção. Um balanço assim é tudo menos um balanço que mereça crédito. De resto, é um balanço que não foi auditado por técnicos independentes. Que crédito merece a palavra da atual diretoria da Petrobras?
Ela já deveria ter sido demitida há muito tempo. Não foi e dificilmente será porque Graça Foster, a presidente da Petrobras, é amiga querida de Dilma. Que precisa dela dentro da empresa para evitar que algo venha a atingi-la no futuro. Ou a Lula. Graça é militante de carteirinha do PT. Carrega três estrelas tatuadas em um dos seus antebraços, duas pintadas de vermelho.
A redução anunciada de investimentos da empresa para este ano, somada à redução de investimentos das 23 empreiteiras envolvidas com a Operação Lavo-Jato, poderá representar uma contração de quase dois pontos percentuais na economia do país. Quem pagará uma conta monstruosa como essa? Ora, cada um de nós. O Estado é o maior acionista da Petrobras. Somos nós que o mantemos.
Números que mostram a queda dos investimentos
O Estado de S.Paulo
Um dos mais importantes indicadores dos investimentos produtivos, o faturamento bruto da indústria de máquinas e equipamentos fechou 2014 com péssimo desempenho. Alcançou R$ 71,2 bilhões, o que, em valores reais, significa redução de 13,7% em relação aos resultados de 2013. O consumo aparente de bens de capital (soma da produção local com as importações menos as exportações) atingiu R$ 108,2 bilhões, mas, na comparação com os dados de 2013, teve desempenho ainda pior, com queda de 15%.
Esses números, compilados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), retratam a contenção de investimentos em áreas essenciais, como infraestrutura - sobretudo no setor de energia e transportes - e ampliação da capacidade produtiva.
A insegurança decorrente das tensões que marcaram a campanha eleitoral - transformada em vale-tudo por um dos lados da disputa -, o adiamento de projetos de expansão por causa da Copa do Mundo, a persistência da inflação alta, a fragilidade da política fiscal e a lentidão do governo na execução do programa de concessões de serviços públicos estão entre os principais fatores que retardaram ou contiveram os investimentos no ano passado.
Parte do represamento da demanda interna foi compensada pelas exportações, que aumentaram 7,4% em relação a 2013 e alcançaram US$ 13,3 bilhões. Mesmo tendo caído 12,1%, as importações totalizaram US$ 28,6 bilhões, reafirmando a forte presença de fornecedores estrangeiros no mercado brasileiro.
Mesmo tendo conquistado espaço maior no mercado externo, porém, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos continua a operar bem abaixo de seu potencial. Em dezembro, por exemplo, o nível de utilização de sua capacidade instalada ficou em 69,3%, o pior resultado mensal de toda a série estatística elaborada pela Abimaq. Em relação a dezembro de 2013, por exemplo, a redução foi de 5,3%. A consequência é a redução do pessoal ocupado, que totalizou, no fim do ano passado, 242.238 empregados, o menor quadro de pessoal desde maio de 2010.
Promessas do governo de fazer da infraestrutura o motor do crescimento continuam no papel, em razão do atraso nos programas de investimentos públicos e nos de concessão de serviços para a iniciativa privada. A insegurança dos investidores pode ter diminuído, mas ainda é forte. Assim, este ano não deve ser muito melhor do que o anterior.
O Estado de S.Paulo
Um dos mais importantes indicadores dos investimentos produtivos, o faturamento bruto da indústria de máquinas e equipamentos fechou 2014 com péssimo desempenho. Alcançou R$ 71,2 bilhões, o que, em valores reais, significa redução de 13,7% em relação aos resultados de 2013. O consumo aparente de bens de capital (soma da produção local com as importações menos as exportações) atingiu R$ 108,2 bilhões, mas, na comparação com os dados de 2013, teve desempenho ainda pior, com queda de 15%.
Esses números, compilados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), retratam a contenção de investimentos em áreas essenciais, como infraestrutura - sobretudo no setor de energia e transportes - e ampliação da capacidade produtiva.
A insegurança decorrente das tensões que marcaram a campanha eleitoral - transformada em vale-tudo por um dos lados da disputa -, o adiamento de projetos de expansão por causa da Copa do Mundo, a persistência da inflação alta, a fragilidade da política fiscal e a lentidão do governo na execução do programa de concessões de serviços públicos estão entre os principais fatores que retardaram ou contiveram os investimentos no ano passado.
Parte do represamento da demanda interna foi compensada pelas exportações, que aumentaram 7,4% em relação a 2013 e alcançaram US$ 13,3 bilhões. Mesmo tendo caído 12,1%, as importações totalizaram US$ 28,6 bilhões, reafirmando a forte presença de fornecedores estrangeiros no mercado brasileiro.
Mesmo tendo conquistado espaço maior no mercado externo, porém, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos continua a operar bem abaixo de seu potencial. Em dezembro, por exemplo, o nível de utilização de sua capacidade instalada ficou em 69,3%, o pior resultado mensal de toda a série estatística elaborada pela Abimaq. Em relação a dezembro de 2013, por exemplo, a redução foi de 5,3%. A consequência é a redução do pessoal ocupado, que totalizou, no fim do ano passado, 242.238 empregados, o menor quadro de pessoal desde maio de 2010.
Promessas do governo de fazer da infraestrutura o motor do crescimento continuam no papel, em razão do atraso nos programas de investimentos públicos e nos de concessão de serviços para a iniciativa privada. A insegurança dos investidores pode ter diminuído, mas ainda é forte. Assim, este ano não deve ser muito melhor do que o anterior.
A batalha da comunicação
O Estado de S.Paulo
"Vamos falar mais" foi o que pediu a presidente Dilma Rousseff aos ministros do seu governo, durante reunião na Granja do Torto. O pedido, vindo de alguém que até aquela ocasião parecia ter entrado o ano à sombra - diante do desastre administrativo que foi seu primeiro governo e dos cabeludos escândalos a que o País vem assistindo, a presidente mantinha-se muda -, surpreendeu o distinto público da reunião.
No entanto, tendo em vista o longo tempo que Dilma dedicou ao tema - apelidando-o de "batalha da comunicação" -, a determinação para que os ministros falem mais define a sua visão sobre o que é governar um país.
O Brasil tem graves problemas, a começar pelos de infraestrutura precária e do sistema educacional deficiente, que demandam a atenção integral da alta administração do País. Mas, ao focalizar como o grande tema do início do seu segundo mandato a "batalha da comunicação", a presidente mostra que, para ela, governar é envolver-se em picuinhas. Já não se trataria de administrar bem os recursos públicos, prover serviços públicos adequados, corrigir o que está indo mal. O que lhe parece importar é construir uma imagem favorável perante a opinião pública.
As verdadeiras batalhas de um governo não são as batalhas psicológicas ou de comunicação. Governar bem é promover o bem comum - melhorar as políticas públicas, tornar mais eficiente a atuação do Estado, criar um ambiente propício ao investimento e ao trabalho, fechar as torneiras da corrupção. É para isso que um povo elege o seu governante.
O discurso a respeito da batalha da comunicação revela também a insegurança de Dilma, pois quatro anos de governo não foram suficientes para dar consistência a uma personagem criada artificialmente na campanha de 2010. A presidente parece ainda ter a insegurança da debutante, que anseia continuamente olhar-se no espelho e saber o que dela pensam os outros. Ora, o que dela se pensa reflete exatamente o que ela faz ou deixa de fazer.
E o saldo de sua administração é, para se dizer o mínimo, desastroso. Terá, portanto, de corrigir rumos, mudar atitudes, esquecer preconceitos e lançar-se ao trabalho árduo, seguindo diretrizes racionais, que não sejam produtos de uma vontade que se esboroa no choque com a realidade.
A distância entre governar para valer e governar para aparecer é abissal. Essa diferença pode ser facilmente comprovada ao comparar o que cada tipo de governo entrega à população. No governo encarado como uma boa administração da coisa pública, a população recebe políticas públicas adequadas, que se traduzem em desenvolvimento social e econômico. No governo reduzido a uma batalha da comunicação, a população recebe, se tiver sorte, um bom programa de TV.
Governar um país não é promover uma contínua campanha eleitoral, na qual a cada dia se grava um programa de rádio e de TV. A população espera muito mais dos seus governantes. A população não quer explicações e mais explicações, como a presidente Dilma ordena a seus ministros que façam. A população está farta de explicações - ela quer fatos.
Caso sintomático é o modo como o Palácio do Planalto vem tratando as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e partidos políticos. Até o momento, o governo apenas deu explicações - e formulou promessas. Mas o País ainda está à espera de providências efetivas na esfera administrativa. Como afirmou o Ministério Público Federal, ao requerer a prisão preventiva de Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobrás, ainda "não há indicativos" de que o esquema de corrupção na estatal tenha sido estancado.
A visão de Dilma sobre o que é governar - o governo como uma guerra psicológica, e não como um serviço à sociedade - é uma vez mais a triste confirmação de que o lulopetismo só se preocupa com a própria manutenção no poder. Deu as costas para a população. Deu as costas para aquilo de que o País precisa. Deu as costas para as suas responsabilidades constitucionais. E agora doutrina os novos ministros para que façam o mesmo.
O Estado de S.Paulo
"Vamos falar mais" foi o que pediu a presidente Dilma Rousseff aos ministros do seu governo, durante reunião na Granja do Torto. O pedido, vindo de alguém que até aquela ocasião parecia ter entrado o ano à sombra - diante do desastre administrativo que foi seu primeiro governo e dos cabeludos escândalos a que o País vem assistindo, a presidente mantinha-se muda -, surpreendeu o distinto público da reunião.
No entanto, tendo em vista o longo tempo que Dilma dedicou ao tema - apelidando-o de "batalha da comunicação" -, a determinação para que os ministros falem mais define a sua visão sobre o que é governar um país.
O Brasil tem graves problemas, a começar pelos de infraestrutura precária e do sistema educacional deficiente, que demandam a atenção integral da alta administração do País. Mas, ao focalizar como o grande tema do início do seu segundo mandato a "batalha da comunicação", a presidente mostra que, para ela, governar é envolver-se em picuinhas. Já não se trataria de administrar bem os recursos públicos, prover serviços públicos adequados, corrigir o que está indo mal. O que lhe parece importar é construir uma imagem favorável perante a opinião pública.
As verdadeiras batalhas de um governo não são as batalhas psicológicas ou de comunicação. Governar bem é promover o bem comum - melhorar as políticas públicas, tornar mais eficiente a atuação do Estado, criar um ambiente propício ao investimento e ao trabalho, fechar as torneiras da corrupção. É para isso que um povo elege o seu governante.
O discurso a respeito da batalha da comunicação revela também a insegurança de Dilma, pois quatro anos de governo não foram suficientes para dar consistência a uma personagem criada artificialmente na campanha de 2010. A presidente parece ainda ter a insegurança da debutante, que anseia continuamente olhar-se no espelho e saber o que dela pensam os outros. Ora, o que dela se pensa reflete exatamente o que ela faz ou deixa de fazer.
E o saldo de sua administração é, para se dizer o mínimo, desastroso. Terá, portanto, de corrigir rumos, mudar atitudes, esquecer preconceitos e lançar-se ao trabalho árduo, seguindo diretrizes racionais, que não sejam produtos de uma vontade que se esboroa no choque com a realidade.
A distância entre governar para valer e governar para aparecer é abissal. Essa diferença pode ser facilmente comprovada ao comparar o que cada tipo de governo entrega à população. No governo encarado como uma boa administração da coisa pública, a população recebe políticas públicas adequadas, que se traduzem em desenvolvimento social e econômico. No governo reduzido a uma batalha da comunicação, a população recebe, se tiver sorte, um bom programa de TV.
Governar um país não é promover uma contínua campanha eleitoral, na qual a cada dia se grava um programa de rádio e de TV. A população espera muito mais dos seus governantes. A população não quer explicações e mais explicações, como a presidente Dilma ordena a seus ministros que façam. A população está farta de explicações - ela quer fatos.
Caso sintomático é o modo como o Palácio do Planalto vem tratando as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e partidos políticos. Até o momento, o governo apenas deu explicações - e formulou promessas. Mas o País ainda está à espera de providências efetivas na esfera administrativa. Como afirmou o Ministério Público Federal, ao requerer a prisão preventiva de Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobrás, ainda "não há indicativos" de que o esquema de corrupção na estatal tenha sido estancado.
A visão de Dilma sobre o que é governar - o governo como uma guerra psicológica, e não como um serviço à sociedade - é uma vez mais a triste confirmação de que o lulopetismo só se preocupa com a própria manutenção no poder. Deu as costas para a população. Deu as costas para aquilo de que o País precisa. Deu as costas para as suas responsabilidades constitucionais. E agora doutrina os novos ministros para que façam o mesmo.
Dilma e Cristina: Labirintos e desinformação à Mercosul
As presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner tentaram esta semana furar a teia e sair das encrencas em que se meteram. Usaram a mesma estratégia: a desinformação
Vítor Hugo Soares - Blog do Noblat
Enredadas em seus respectivos labirintos nos dois mais importantes territórios, de poder político e administrativo, da sempre tormentosa e imprevisível América do Sul – para conferir basta relembrar letras de tangos e sambas imortais tipo Cambalache e Vai Passar -, as presidentes Dilma Rousseff, a petista do Brasil, e Cristina Kirchner, a justicialista da Argentina, tentaram esta semana furar a teia e sair das encrencas em que se meteram. Cada uma ao seu modo e risco, as duas usaram a mesma estratégia: a desinformação. Ambas, com os mesmos pífios resultados.
Em Buenos Aires, na Residência Presidencial de Olivos, arredores bucólicos da capital federal, Cristina caprichou no cenário montado bem ao estilo de antigas milongas portenhas: sentada em uma cadeira de rodas (decorrente do tornozelo quebrado, no tombo em casa, durante o repouso de fim de ano na província natal na Patagônia) vestida de branco em lugar dos severos tons escuros de roupas que tanto gosta de usar, a mandatária do Prata ocupou rede nacional de televisão e rádio para falar sobre o intrincado caso Nisman e anunciar uma repentina reforma nos serviços de inteligência da nação.
"Até aí morreu Neves”, imagino deve ter murmurado algum prosaico mineiro ou baiano de passagem por Buenos Aires naquela tensa noite, abrasada pelo verão e pela perigosa subida repentina da temperatura do drama político e institucional mais recente nas margens do Prata. Com todos os ingredientes mais propícios para virar tragédia. Incluindo, evidentemente, o território minado e envenenado pelos primeiros lances virulentos da campanha presidencial precocemente iniciada, que irá desembocar nas eleições de outubro, para sucessão da atual ocupante da Casa Rosada. Sim, Cristinajá está nos finalmente de seu complicado e tortuoso segundo mandato.
Ela, no entanto, briga com o punhal nos dentes, para fazer seu herdeiro no "trono" fundado por Juan Domingo Peron. É exatamente aí que mora o perigo.
Em meio ao amontoado de contradições, ditos e desditos, trocas de acusações pesadas, a presidente decidiu fazer o seu primeiro pronunciamento depois da morte do promotor Alberto Nisman, responsável geral, por indicação do falecido ex-presidente Néstor Kirchner, pela condução do processo sobre um dos mais graves e trágicos crimes contra a humanidade em geral, e a sociedade argentina em particular. Até aqui impune e cercado de contradições e suspeitas cada vez maiores.
Refiro-me ao atentado contra a sociedade mutuária judaica AMIA, que em 1994 explodiu um quarteirão inteiro no famoso e popular bairro Once, um dos pontos mais atraentes e movimentados na área comercial do centro da capital portenha. 85 mortos de todas as idades, centenas de feridos graves, chagas abertas da intolerância na carne e na alma do povo argentino.
Ninguém me contou, eu vi. Então no Jornal do Brasil, sucursal de Salvador, estive em Buenos Aires (cidade que amo e visito sempre que posso) em seguida à grande tragédia. O quarteirão em escombros isolado. Pequenos focos de fumaça do rescaldo do incêndio. O odor de carne humana queimada ainda no ar. Os grupos de defesa civil e segurança à cata de restos humanos, objetos ou algo de pista capaz de levar aos autores do monstruoso atentado e seus mandantes. O promotor Nisman está sendo considerado, em alguns setores indignados com a impunidade, a 86ª vitima fatal do caso AMIA.
No primeiro discurso depois do promotor ter sido encontrado sem vida, com uma bala de revolver alojada na cabeça, no interior de seu apartamento no bairro de Puerto Madero, a presidente da Argentina (antes ela só havia se pronunciado via twitter para dizer apressadamente que Nisman se suicidara) falou 60 minutos em rede de TV. Uma eternidade. Além de dissolver a SIDE e prometer a criação de nova agência nacional, Cristina acusou setores descontentes da Inteligência de estarem por trás da denúncia de Nisman, antes de ser encontrado morto à véspera de um depoimento crucial, contra a presidente por suposto encobrimento da participação do Irã no atentado à AMIA. A conferir.
"Não vou falar por uma hora, serei mais breve”, prometeu Dilma Rousseff ao pilotar a reunião com seus 39 ministros de governo, mais o vice Temer, em Brasília. Em seguida, leu durante 40 minutos, o agressivo discurso da última terça, transmitido em rede nacional pelo canal oficiar BR. Brigou até com o técnico que projetava o texto da "fala" no telepronter. Copo cheio de mágoas, tensões e marketing político e governamental. Desinformação à granel, mas páro por aqui para não estourar o espaço.
Só um registro mais: No livro "Contra la Prensa”, preciosa coletânea de textos compilados pelo argentino Esteban Rodriguez, anoto o assinado por Guy Dubord, com o título "Desinformadores públicos”. Trata do conceito de "desinformação" importado da Rússia. É muito utilizado por um poder – ou pessoas que utilizam um fragmento de autoridade econômica ou política - para manter o estabelecido, o status quo, diz o autor. Leitura mais que oportuna depois dos pronunciamentos de Dilma Rousseff e Cristina Kirchner esta semana. Recomendo.
As presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner tentaram esta semana furar a teia e sair das encrencas em que se meteram. Usaram a mesma estratégia: a desinformação
Vítor Hugo Soares - Blog do Noblat
Enredadas em seus respectivos labirintos nos dois mais importantes territórios, de poder político e administrativo, da sempre tormentosa e imprevisível América do Sul – para conferir basta relembrar letras de tangos e sambas imortais tipo Cambalache e Vai Passar -, as presidentes Dilma Rousseff, a petista do Brasil, e Cristina Kirchner, a justicialista da Argentina, tentaram esta semana furar a teia e sair das encrencas em que se meteram. Cada uma ao seu modo e risco, as duas usaram a mesma estratégia: a desinformação. Ambas, com os mesmos pífios resultados.
Em Buenos Aires, na Residência Presidencial de Olivos, arredores bucólicos da capital federal, Cristina caprichou no cenário montado bem ao estilo de antigas milongas portenhas: sentada em uma cadeira de rodas (decorrente do tornozelo quebrado, no tombo em casa, durante o repouso de fim de ano na província natal na Patagônia) vestida de branco em lugar dos severos tons escuros de roupas que tanto gosta de usar, a mandatária do Prata ocupou rede nacional de televisão e rádio para falar sobre o intrincado caso Nisman e anunciar uma repentina reforma nos serviços de inteligência da nação.
"Até aí morreu Neves”, imagino deve ter murmurado algum prosaico mineiro ou baiano de passagem por Buenos Aires naquela tensa noite, abrasada pelo verão e pela perigosa subida repentina da temperatura do drama político e institucional mais recente nas margens do Prata. Com todos os ingredientes mais propícios para virar tragédia. Incluindo, evidentemente, o território minado e envenenado pelos primeiros lances virulentos da campanha presidencial precocemente iniciada, que irá desembocar nas eleições de outubro, para sucessão da atual ocupante da Casa Rosada. Sim, Cristinajá está nos finalmente de seu complicado e tortuoso segundo mandato.
Ela, no entanto, briga com o punhal nos dentes, para fazer seu herdeiro no "trono" fundado por Juan Domingo Peron. É exatamente aí que mora o perigo.
Em meio ao amontoado de contradições, ditos e desditos, trocas de acusações pesadas, a presidente decidiu fazer o seu primeiro pronunciamento depois da morte do promotor Alberto Nisman, responsável geral, por indicação do falecido ex-presidente Néstor Kirchner, pela condução do processo sobre um dos mais graves e trágicos crimes contra a humanidade em geral, e a sociedade argentina em particular. Até aqui impune e cercado de contradições e suspeitas cada vez maiores.
Refiro-me ao atentado contra a sociedade mutuária judaica AMIA, que em 1994 explodiu um quarteirão inteiro no famoso e popular bairro Once, um dos pontos mais atraentes e movimentados na área comercial do centro da capital portenha. 85 mortos de todas as idades, centenas de feridos graves, chagas abertas da intolerância na carne e na alma do povo argentino.
Ninguém me contou, eu vi. Então no Jornal do Brasil, sucursal de Salvador, estive em Buenos Aires (cidade que amo e visito sempre que posso) em seguida à grande tragédia. O quarteirão em escombros isolado. Pequenos focos de fumaça do rescaldo do incêndio. O odor de carne humana queimada ainda no ar. Os grupos de defesa civil e segurança à cata de restos humanos, objetos ou algo de pista capaz de levar aos autores do monstruoso atentado e seus mandantes. O promotor Nisman está sendo considerado, em alguns setores indignados com a impunidade, a 86ª vitima fatal do caso AMIA.
No primeiro discurso depois do promotor ter sido encontrado sem vida, com uma bala de revolver alojada na cabeça, no interior de seu apartamento no bairro de Puerto Madero, a presidente da Argentina (antes ela só havia se pronunciado via twitter para dizer apressadamente que Nisman se suicidara) falou 60 minutos em rede de TV. Uma eternidade. Além de dissolver a SIDE e prometer a criação de nova agência nacional, Cristina acusou setores descontentes da Inteligência de estarem por trás da denúncia de Nisman, antes de ser encontrado morto à véspera de um depoimento crucial, contra a presidente por suposto encobrimento da participação do Irã no atentado à AMIA. A conferir.
"Não vou falar por uma hora, serei mais breve”, prometeu Dilma Rousseff ao pilotar a reunião com seus 39 ministros de governo, mais o vice Temer, em Brasília. Em seguida, leu durante 40 minutos, o agressivo discurso da última terça, transmitido em rede nacional pelo canal oficiar BR. Brigou até com o técnico que projetava o texto da "fala" no telepronter. Copo cheio de mágoas, tensões e marketing político e governamental. Desinformação à granel, mas páro por aqui para não estourar o espaço.
Só um registro mais: No livro "Contra la Prensa”, preciosa coletânea de textos compilados pelo argentino Esteban Rodriguez, anoto o assinado por Guy Dubord, com o título "Desinformadores públicos”. Trata do conceito de "desinformação" importado da Rússia. É muito utilizado por um poder – ou pessoas que utilizam um fragmento de autoridade econômica ou política - para manter o estabelecido, o status quo, diz o autor. Leitura mais que oportuna depois dos pronunciamentos de Dilma Rousseff e Cristina Kirchner esta semana. Recomendo.
RJogo pesado
Lauro Jardim - VEJA
Lauro Jardim - VEJA
Sem alarde, a filha de Ricardo Pessoa, a advogada Patrícia, esteve com Jaques Wagner
na semana passada. Wagner, que foi arrolado como testemunha de defesa
do empreiteiro da UTC, recebeu recados provenientes de Curitiba.
O mesmo Jaques Wagner também recebeu há duas semanas a visita de Cesar Mata Pires, dono da OAS. O empreiteiro baiano deixou claro que, se o governo não colaborar, Leo Pinheiro, o presidente da OAS encarcerado desde novembro, pode fazer uma delação premiada – e deixar mortos e feridos pelo caminho.
O mesmo Jaques Wagner também recebeu há duas semanas a visita de Cesar Mata Pires, dono da OAS. O empreiteiro baiano deixou claro que, se o governo não colaborar, Leo Pinheiro, o presidente da OAS encarcerado desde novembro, pode fazer uma delação premiada – e deixar mortos e feridos pelo caminho.
Serra assegura que Dilma não acabará o mandato. É crível?
Senador do PSDB compara o "ambiente de desgoverno" com "os vividos por Jânio Quadros e João Goulart nos anos 60, quando ambos acabaram renunciando à presidência"
Juan Arias - El País
O senador José Serra, do oposicionista PSDB, um político de peso e prestígio nacional e internacional, fez uma profecia arriscada sobre a presidenta Dilma Rousseff e seu segundo mandato.
Em conversas com seus correligionários de partido, advertiu que Dilma “não irá concluir seu mandato”. Segundo suas afirmações, obtidas ontem pelo competente jornalista político do jornal O Globo Ilimar Franco, o senador Serra compara o “ambiente de desgoverno agravado pela crise econômica e pelas denúncias de corrupção, com os vividos pelos ex-presidentes Jânio Quadros e João Goulart nos anos 60, quando ambos acabaram renunciando à presidência”.
A profecia do senador oposicionista torna-se mais grave por tratar-se de um político com uma biografia e história de Governo nacional e estadual, que quando foi Ministro da Saúde do Governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, alcançou projeção internacional por seu empenho em quebrar as patentes farmacêuticas para dar remédios grátis aos portadores de AIDS e por ampliar a política social dos medicamentos genéricos.
Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em sua juventude, exilado durante a ditadura militar de 1964, e mais tarde duas vezes ministro, prefeito e Governador de São Paulo, Serra, que representa a esquerda social do PSDB, disputou as eleições presidenciais com Lula em 2002.
Senador do PSDB compara o "ambiente de desgoverno" com "os vividos por Jânio Quadros e João Goulart nos anos 60, quando ambos acabaram renunciando à presidência"
Juan Arias - El País
O senador José Serra, do oposicionista PSDB, um político de peso e prestígio nacional e internacional, fez uma profecia arriscada sobre a presidenta Dilma Rousseff e seu segundo mandato.
Em conversas com seus correligionários de partido, advertiu que Dilma “não irá concluir seu mandato”. Segundo suas afirmações, obtidas ontem pelo competente jornalista político do jornal O Globo Ilimar Franco, o senador Serra compara o “ambiente de desgoverno agravado pela crise econômica e pelas denúncias de corrupção, com os vividos pelos ex-presidentes Jânio Quadros e João Goulart nos anos 60, quando ambos acabaram renunciando à presidência”.
A profecia do senador oposicionista torna-se mais grave por tratar-se de um político com uma biografia e história de Governo nacional e estadual, que quando foi Ministro da Saúde do Governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, alcançou projeção internacional por seu empenho em quebrar as patentes farmacêuticas para dar remédios grátis aos portadores de AIDS e por ampliar a política social dos medicamentos genéricos.
Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em sua juventude, exilado durante a ditadura militar de 1964, e mais tarde duas vezes ministro, prefeito e Governador de São Paulo, Serra, que representa a esquerda social do PSDB, disputou as eleições presidenciais com Lula em 2002.
Políticos na berlinda
Merval Pereira - O Globo
À medida que vai se aproximando a hora da divulgação da lista dos políticos envolvidos no escândalo do petrolão, é interessante notar o cuidado com que o Ministério Público trata a questão. Além de ter resguardado o máximo possível as denúncias contra dos parlamentares e atores políticos de maneira geral, deixando para a última parte da operação a revelação da atuação de cada um, no seu blog pioneiro, onde explica a origem da operação e dá os detalhes, inclusive com gráficos, de como funcionava o esquema debelado pelo que consideram "a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve", o Ministério Público atribui a organização do esquema às empreiteiras, e não ao governo, como as empreiteiras acusam.
Seguindo esta
mesma linha, em ofício ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o juiz
federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Operação Lava Jato,
disse que “a única alternativa eficaz” à prisão, para afastar o risco à
ordem pública, seria suspender todos os contratos das empreiteiras
envolvidas no escândalo com a Petrobrás e com todas os outros setores da
administração pública.Merval Pereira - O Globo
À medida que vai se aproximando a hora da divulgação da lista dos políticos envolvidos no escândalo do petrolão, é interessante notar o cuidado com que o Ministério Público trata a questão. Além de ter resguardado o máximo possível as denúncias contra dos parlamentares e atores políticos de maneira geral, deixando para a última parte da operação a revelação da atuação de cada um, no seu blog pioneiro, onde explica a origem da operação e dá os detalhes, inclusive com gráficos, de como funcionava o esquema debelado pelo que consideram "a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve", o Ministério Público atribui a organização do esquema às empreiteiras, e não ao governo, como as empreiteiras acusam.
Mas os empreiteiros decidiram partir para o ataque, enquanto pensam se fazem ou não a delação premiada. Suspeito de fazer parte do que os Promotores estão chamando de “clube do cartel”, o vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, alega que foi montado um “esquema de achaque” na estatal. Também o vice-presidente da empreiteira Engevix, Gerson de Mello Almada falou em “compra da base aliada do governo” a partir dos desvios feitos.
Segundo ele, "a antes lucrativa sociedade por ações, a Petrobras, foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidária". O “esquema de achaque” também foi citado na defesa de Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia.
Os Procuradores também informam que o esquema dura "pelo menos dez anos", o que o coloca dentro dos governos petistas a partir de 2005, ano justamente em que o mensalão, outra maneira de financiar partidos políticos da base aliada do governo, foi denunciado. Mas não fazem a ligação entre os casos e tratam do financiamento de partidos políticos como uma consequência, e não como o objetivo central do esquema.
Na avaliação dos Procuradores, o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras está na casa de bilhões de reais, mas a operação tem alcance intangível de peso, ou seja, "a expressão econômica e política dos suspeitos de participar do esquema de corrupção que envolve a companhia". O "imenso esquema criminoso de corrupção envolvendo a Petrobras" é descrito como tendo à frente "grandes empreiteiras (como Engevix, Mendes Júnior, OAS, Camargo Corrêa, UTC e Galvão Engenharia) (que) pagavam propina para altos executivos da estatal e para outros agentes públicos".
A propina era paga para superfaturar contratos e obter outros benefícios, e segundo o relato dos Procuradores, "um dos principais modos de operação do esquema investigado nessa segunda etapa era o superfaturamento de contratos por um cartel de empreiteiras que cooptou funcionários do alto escalão da Petrobras, pagando-os por meio dos operadores financeiros".
Segundo a definição oficial, as empreiteiras se cartelizaram em um “clube” para substituir uma concorrência real por uma concorrência aparente, com "o preço, inflado em benefício privado e em prejuízo dos cofres da estatal". Os funcionários "cooptados" não só se omitiam em relação ao cartel, do qual tinham conhecimento, mas o favoreciam, restringindo convidados e incluindo a ganhadora dentre as participantes, em um jogo de cartas marcadas.
As empreiteiras pagavam propinas para funcionários do alto escalão da Petrobras de 1% a 5% do valor dos contratos, dinheiro que era repartido entre os funcionários, partidos políticos, membros do Congresso Nacional e operadores. As empreiteiras e operadores disfarçaram o pagamento da propina na forma de pagamento por serviços a empresas de fachada.
Tendo sido achacadores de empreiteiras ou cooptados por elas, o fato é que os políticos que receberam dinheiro do esquema começarão a ser denunciados nos primeiros dias de fevereiro, quando justamente começa a nova Legislatura e estarão eleitos os novos presidentes da Câmara e do Senado. Há uma boa chance de que eleitos para a nova direção da Câmara e do Senado apareçam na lista do Ministério Público a ser apresentada pelo Procurador-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal.
Aí começará realmente o problema político para o governo.
Empreiteiras querem levar Lula e Dilma à roda da Justiça
Com os processos da Operação Lava-Jato a caminho das sentenças, as empreiteiras querem Lula e Dilma junto com elas na roda da Justiça
Rodrigo Rangel, Robson Bonin e Bela Megaele - VEJA
Há quinze dias, os quatro executivos da construtora OAS, presos
durante a Operação Lava-Jato, tiveram uma conversa capital na carceragem
da polícia em Curitiba. Sentados frente a frente, numa sala destinada a
reuniões reservadas com advogados, o presidente da OAS, Léo Pinheiro, e
os executivos Mateus Coutinho, Agenor Medeiros e José Ricardo
Breghirolli discutiam o futuro com raro desapego. Os pedidos de
liberdade rejeitados pela Justiça, as fracassadas tentativas de
desqualificar as investigações, o Natal, o réveillon e a perspectiva
real de passar o resto da vida no cárcere levaram-nos a um diagnóstico
fatalista. Réus por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de
organização criminosa, era chegada a hora de jogar a última cartada, e,
segundo eles, isso significa trazer para a cena do crime, com nomes e
sobrenomes, o topo da cadeia de comando do petrolão. Com 66 anos de
idade, Agenor Medeiros, diretor internacional da empresa, era o mais
exaltado: “Se tiver de morrer aqui dentro, não morro sozinho”.
A estratégia dos executivos da OAS, discutida também pelas demais empresas envolvidas no escândalo da Petrobras, é considerada a última tentativa de salvação. E por uma razão elementar: as empreiteiras podem identificar e apresentar provas contra os verdadeiros comandantes do esquema, os grandes beneficiados, os mentores da engrenagem que funcionava com o objetivo de desviar dinheiro da Petrobras para os bolsos de políticos aliados do governo e campanhas eleitorais dos candidatos ligados ao governo. É um poderoso trunfo que, em um eventual acordo de delação com a Justiça, pode poupar muitos anos de cadeia aos envolvidos. “Vocês acham que eu ia atrás desses caras (os políticos) para oferecer grana a eles?”, disparou, ressentido, o presidente da OAS, Léo Pinheiro. Amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos tempos de bonança, ele descobriu na cadeia que as amizades nascidas do poder valem pouco atrás das grades.
Na conversa com os colegas presos e os advogados da empreiteira, ele reclamou, em particular, da indiferença de Lula, de quem esperava um esforço maior para neutralizar os riscos da condenação e salvar os contratos de sua empresa. Léo Pinheiro reclama que Lula lhe virou as costas. E foi dessa mágoa que surgiu a primeira decisão concreta do grupo: se houver acordo com a Justiça, o delator será Ricardo Breghirolli, encarregado de fazer os pagamentos de propina a partidos e políticos corruptos. As empreiteiras sabem que novas delações só serão admitidas se revelarem fatos novos ou o envolvimento de personagens importantes que ainda se mantêm longe das investigações. Por isso, o alvo é o topo da cadeia de comando, em que, segundo afirmam reservadamente e insinuam abertamente, se encontram o ex-presidente Lula e Dilma Rousseff.
(...)
Com os processos da Operação Lava-Jato a caminho das sentenças, as empreiteiras querem Lula e Dilma junto com elas na roda da Justiça
Rodrigo Rangel, Robson Bonin e Bela Megaele - VEJA
SEM SAÍDA – Presos desde novembro do ano passado, os
empreiteiros envolvidos no escândalo da Petrobras negociam acordos de
delação premiada com a justiça
(Michel Filho/AG. O GLOBO/VEJA)
A estratégia dos executivos da OAS, discutida também pelas demais empresas envolvidas no escândalo da Petrobras, é considerada a última tentativa de salvação. E por uma razão elementar: as empreiteiras podem identificar e apresentar provas contra os verdadeiros comandantes do esquema, os grandes beneficiados, os mentores da engrenagem que funcionava com o objetivo de desviar dinheiro da Petrobras para os bolsos de políticos aliados do governo e campanhas eleitorais dos candidatos ligados ao governo. É um poderoso trunfo que, em um eventual acordo de delação com a Justiça, pode poupar muitos anos de cadeia aos envolvidos. “Vocês acham que eu ia atrás desses caras (os políticos) para oferecer grana a eles?”, disparou, ressentido, o presidente da OAS, Léo Pinheiro. Amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos tempos de bonança, ele descobriu na cadeia que as amizades nascidas do poder valem pouco atrás das grades.
Na conversa com os colegas presos e os advogados da empreiteira, ele reclamou, em particular, da indiferença de Lula, de quem esperava um esforço maior para neutralizar os riscos da condenação e salvar os contratos de sua empresa. Léo Pinheiro reclama que Lula lhe virou as costas. E foi dessa mágoa que surgiu a primeira decisão concreta do grupo: se houver acordo com a Justiça, o delator será Ricardo Breghirolli, encarregado de fazer os pagamentos de propina a partidos e políticos corruptos. As empreiteiras sabem que novas delações só serão admitidas se revelarem fatos novos ou o envolvimento de personagens importantes que ainda se mantêm longe das investigações. Por isso, o alvo é o topo da cadeia de comando, em que, segundo afirmam reservadamente e insinuam abertamente, se encontram o ex-presidente Lula e Dilma Rousseff.
(...)
O que podemos aprender com os R$ 88,6 bilhões que sumiram da Petrobras
Flavio Morgenstern - IL
Vamos reler tudo isto com calma.
Em primeiro lugar, estamos falando de uma petrolífera. Não de uma quitanda, de um livro de autor desconhecido, de uma nova invenção esquisita, de uma empresa do Eike Batista ou de um investimento de risco, como apostar todas as fichas em um novo atleta. Estamos falando de uma petrolífera, uma petrolífera cuja ação vale R$ 8,19 (passe ida e volta metrô e ônibus em São Paulo, usado por qualquer um na periferia todo dia, custa R$ 12).
Como fazer uma petrolífera valer tão pouco? Há algumas hipóteses. Alguém poderia virar presidente dela e nunca ir trabalhar, ficar dormindo ou assistindo Programa da Tarde. Contudo, é uma petrolífera. Uma petrolífera por si dá um lucro formidável por si.
Uma alternativa é pegar os poços de petróleo e tacar fogo (dica de Física: petróleo evapora), como os iraquianos fizeram nas duas guerras do Iraque. O problema é justamente esse: já fizeram isso, e nenhuma petrolífera com investimentos no Iraque conseguiu amargar tal prejuízo. Comprovado historicamente: nem tacando fogo dá.
Ou então poderíamos criar um acidente petrolífero de dimensões homéricas – talvez isto explicasse o resultado negativo. Mas espere: a British Petroleum (BP) amargou o acidente da plataforma Deepwater Horizon no Golfo do México em 2010, com 11 mortes, o maior acidente petrolífero nunca antes na história deste mundo. Suas ações padeceram da pior queda em 13 anos na Bolsa de Londres, valendo 6,32% a menos. O equivalente a R$ 90. O custo total da catástrofe ultrapassou R$ 2,35 bilhões.
Em 4 de janeiro do mesmo ano de 2010, as ações da Petrobras (PETR4) fecharam em R$ 34,17. Já em dezembro do mesmo ano, quando se começou a descobrir (ou a imprensa começou a perceber o que qualquer liberal já sabia há tempos) os descalabros do PT com a estatal, as ações valiam R$ 27,29. Queda de 20,13%. O PT sozinho é pior do que qualquer desastre petrolífero – até o maior da história.
A primeira coisa que podemos aprender com a Petrobras: não se sabe COMO é possível ter tanto prejuízo. Nem não fazendo nada, tacando fogo, explodindo ou derramando no mar, uma petrolífera não consegue perder tanto dinheiro do pagador de impostos brasileiro. É algo que só o PT faz por você.
Segunda coisa: estamos falando de bilhões de reais. Você não ganha isso na Mega Sena. O mais alto salário de Michael Schumacher no esporte mais caro do mundo era de US$ 80 milhões, mas geralmente US$ 20 milhões. Uma mixaria. Troco de pinga.
O mensalão fez o brasileiro tratar uma soma de dinheiro tão alta como “ah, roubaram ainda mais”. Logo estaremos falando de TRILHÕES roubados, e todo mundo achando normal. Ou justificando, afinal, é um custo para termos um “governo social”, “distribuindo renda” entre os mais pobres, só ficando com uma ajuda de custo no caminho.
O que são R$ 88,6 bilhões? De acordo com o Tumblr O que comprar com 88 bilhões de reais, podemos comprar 523.599.999.971 litros de água mineral. A capacidade máxima do Cantareira é de 1,5 trilhão de litros de água. Em outras palavras, daria para encher mais de um terço do reservatório Cantareira com água mineral, algo que não pode ser expresso em exclamações, pontuações ou palavrões em qualquer língua do Universo.
Mesmo para os típicos números petistas sempre inflados, a cifra ainda assusta: poderíamos contratar 176 mil campanhas da Dilma Bolada, o perfil de “humor” do Twitter que embolsou R$ 500 mil via PT para fazer “piadas” que basicamente são acusações a Aécio Neves usando a palavra “cocaína” e seus sinônimos. A “seriedade” do negócio fez a presidente que terminou 2010 jurando que continuaria conversando no Twitter (e não escrevendo nada mais desde então) voltar ao Twitter apenas para trocar afagos com o perfil que flerta perigosamente com a calúnia, sem que nenhuma das duas Dilmas sofresse processo por isto.
Ou, para quem acredita na boa vontade petista, poderia-se comprar 1.466.666.666,7 cestas básicas do tipo 2. O PT não está supostamente interessado em “acabar com a pobreza”? Daria para o Brasil inteiro e ainda alguns bons países africanos.
Para se ter uma idéia, usando apenas notas de R$ 100, poderíamos formar pacotes de dinheiro. Um pacote com 100 notas tem apenas 1,0 cm de espessura. Empilhando-se o rombo da Petrobras, daria 8.000 metros: um monte Everest.
Mas façamos uma continha mais estarrecedora.
Segundo o governo e a esquerda, empresas devem ser estatais e o Estado deve interferir na economia porque o “mercado” não liga para os pobres, e “áreas estratégicas” como o petróleo (embora estranhamente não tratem comida como “área estratégica”, como bem notou Rodrigo Constantino no seu livro Privatize Já!) devem servir para dar dinheiro para os pobres, num governo “social”, para “diminuir a desigualdade de renda”, “distribuindo” a renda dos “ricos”.
O impostômetro de 2014 mediu que fomos tungados em R$ 1,8 TRILHÃO apenas em 2014, soma que aumenta anualmente, o que renderia R$ 8.800 a cada brasileiro. Parece pouco? Não sejamos gananciosos. Segundo o PT, há 6 milhões de brasileiros vivendo em situação de pobreza. Dados deles, que supõem que “acabaram com a pobreza” com o Bolsa Esmola. Fazendo as contas, só os nossos impostos em 2014 poderiam dar R$ 300 mil para cada brasileiro pobre [!!!] só em 2014. Não é brincadeira: cada brasileiro pobre, não é nem uma família.
Um brasileiro pobre que se case com uma brasileira pobre e tenha 5 filhos pobres, de acordo com o “governo distributista”, poderia ganhar, apenas em 2014, se os impostos fossem “distribuídos” entre os pobres, R$ 2,1 milhões. Claro, há uns custos do próprio governo, mas o que importa é distribuir entre os pobres. Como resultado destes custos, que estes liberais não aceitam, rende apenas… bom, o que os pobres receberam do governo em 2014.
Repetindo: o PT no governo tomou R$ 1,8 TRILHÕES em impostos em 2014. Há 6 milhões de pobres no Brasil, segundo o PT. Poderíamos dar R$ 300 mil para CADA pobre. Quem ainda acredita que o Estado deve interferir na economia para o bem dos pobres tem o que a dizer?
Mas há mais. Literalmente. A própria Graça Foster, presidente da Petrobras, alegou que as perdas podem ser muito maiores. Como demonstrou Leandro Narloch na Veja, este número é simplesmente uma projeção. Um chute. Aliás, um chute bem pra baixo: um mero palpite, para parecer que menos do meu, do seu, do nosso dinheiro (inclusive da dona Jusicreide da faxina) foi parar no bolso de doleiros, mensaleiros, petroleiros, empreiteiros, deputados, bispos universais e outros petistas e apaniguados.
Mas Dilma Rousseff, a presidente, teve uma conversa “duríssima” com Graça Foster devido a divulgação dos dados. Não porque os dados indicam uma corrupção-catástrofe que, como ela afirma em seus discursos, deve ser “investigada com rigor” (risos). Mas porque os dados foram divulgados. E só se aceitou que os dados fossem divulgados para não deixar claro que Dilma e o governo estavam escondendo os números.
Para Dilma, o problema não foi roubarem. Foi divulgarem o roubo. Deveriam ter divulgado muito menos.
Isto nos faz aprender ainda outra coisa mais importante do que tudo o que você vai aprender na faculdade sobre o governo. A tal “mídia golpista” não existe. Ou, se existe, somos só nós e uns 20 ou 30 gatos pingados, latino-americanos e sem dinheiro no banco. Só nós contamos este óbvio para a população. De resto, falam com a pseudo-“objetividade” da divulgação jornalística que só trata de esconder os fatos objetivos. Dilma. Está. Tentando. Esconder. O. Roubo. Simples.
Mas mais do que isto, está tentando manipular índices. Ela quer que as ações da Petrobras se mantenham altas à força, e não movidas a realidade. Então, baixa uma norma interna para um dado ser divulgado ou não.
E há quem acredite: mormente a população inculta (por só ter professores petistas e esquerdistas em sua formação), os que são pagos para acreditar e os que simplesmente compram qualquer bobagem que pareça “social”, mas não andam muito crentes em apostar seu dinheiro na PETR4 (sabe como é, são “cultos” e mais estudados do que os “coxinhas” liberais, mas também não vamos arriscar nosso suado dinheiro burguês no que acreditamos).
Não é a primeira vez. O PT também adora dizer que “tirou 40 milhões de brasileiros da pobreza”, como a Dilma fez em auto-elogio na Economist, depois só “30 milhões” e sei lá mais quanto. Bobagem. Apenas trocaram o índice: começaram a contar quem ganha R$ 291 por mês como “classe média” (sic ad infinitum).
Depois, ainda mais: para a “pobreza extrema”, criou o “Brasil Carinhoso” (como se o PT fizesse algo além de tomar dinheiro da população para dar de volta, e dizer que está fazendo “distribuição”). Segundo eles, teriam tirado 16,4 milhões de pessoas da miséria apenas em 7 meses (!!!). Num ano eleitoral, claro (por que não tirar antes?). O método? Dar alguns trocados a mais para as pessoas para atingirem os tais R$ 291. Algumas pessoas chegaram a ganhar mais R$ 2 (sim, dois reais, a notinha azul) e “saíram da miséria”.
Há quem compre a lorota até hoje. O PT pode ter mensalão, petrolão, ciclofaixa que custa mais do que mármore, Celso Daniel, Toninho do PT, Aldo Rebelo, Top-Top Garcia: não importa, é o “governo do povo”. Quem não gosta de pagar imposto é coxinha. Mas essas pessoas nunca fizeram as contas.
E Márcio Holland, secretário da Fazenda de Dilma, que sugeriu ao povo que comesse ovo ao invés de carne, para “baixar o preço da carne” na lei de oferta e procura? Foi em 2014, ano eleitoral, da apertada “vitória” de Dilma. Por que isto? O povo sabia que a carne estava cara. Mas se ela abaixasse, o próprio secretário poderia dizer: “Vejam, vocês não conseguem comer carne, mas os índices mostram que a carne baixou, então na verdade vocês podem! Votem em nós!”, e assim, ao próprio povo esfomeado, venderia-se a idéia de que ele estaria com a pança cheia. E ninguém contou o truque.
E que tal a “quitação da dívida externa com o FMI”, do fim do primeiro mandato de Lula, que o fez se reeleger apesar do mensalão? Trocou uma dívida externa de 6% ao ano (juros compostos) pelo aumento mágico e repentino da dívida interna a mais de 12% (juros também compostos). Isto foi o seu dinheiro, para então Lula se reeleger te dizendo que você estava mais rico, por não entender nada do que é dívida externa ou FMI.
Aprendemos mais uma coisa: nunca confie em políticos, mas sobretudo políticos petistas.
Este tipo de estelionato que é vendido até hoje deveria ser matéria de capa de todo jornal até agora. Nunca foi. Devemos corrigir isso. Essas contas precisam chegar à toda a população. E acabar de vez com o “governo do povo” e a crença de que precisamos de economia estatal para o bem dos pobres – ela só faz bem para quem controla o Estado, às custas dos pobres.
Flavio Morgenstern - IL
Foi divulgado que a Petrobras teve R$ 88,6 bilhões de
“baixas” apenas graças (sem trocadilho) à corrupção. O cálculo foi
feito por consultorias independentes. A presidente ficou “enfurecida”,
pois “a divulgação acabou criando a imagem de que os ativos da estatal
precisam ser baixados não só por causa de corrupção mas também por
incompetência administrativa.”
A presidente, na verdade, não queria que tal resultado viesse a público: “O Planalto [ou seja, a presidente]
não queria a divulgação dos R$ 88,6 bilhões, mas o conselho considerou
que o número acabaria vazando e a situação poderia ficar pior,
levantando a suspeita de que o órgão estaria escondendo dados.” Em um
único dia, as ações da Petrobras recuaram 11,2%, batendo hoje o “piso”
de R$ 8,19.Vamos reler tudo isto com calma.
Em primeiro lugar, estamos falando de uma petrolífera. Não de uma quitanda, de um livro de autor desconhecido, de uma nova invenção esquisita, de uma empresa do Eike Batista ou de um investimento de risco, como apostar todas as fichas em um novo atleta. Estamos falando de uma petrolífera, uma petrolífera cuja ação vale R$ 8,19 (passe ida e volta metrô e ônibus em São Paulo, usado por qualquer um na periferia todo dia, custa R$ 12).
Como fazer uma petrolífera valer tão pouco? Há algumas hipóteses. Alguém poderia virar presidente dela e nunca ir trabalhar, ficar dormindo ou assistindo Programa da Tarde. Contudo, é uma petrolífera. Uma petrolífera por si dá um lucro formidável por si.
Uma alternativa é pegar os poços de petróleo e tacar fogo (dica de Física: petróleo evapora), como os iraquianos fizeram nas duas guerras do Iraque. O problema é justamente esse: já fizeram isso, e nenhuma petrolífera com investimentos no Iraque conseguiu amargar tal prejuízo. Comprovado historicamente: nem tacando fogo dá.
Ou então poderíamos criar um acidente petrolífero de dimensões homéricas – talvez isto explicasse o resultado negativo. Mas espere: a British Petroleum (BP) amargou o acidente da plataforma Deepwater Horizon no Golfo do México em 2010, com 11 mortes, o maior acidente petrolífero nunca antes na história deste mundo. Suas ações padeceram da pior queda em 13 anos na Bolsa de Londres, valendo 6,32% a menos. O equivalente a R$ 90. O custo total da catástrofe ultrapassou R$ 2,35 bilhões.
Em 4 de janeiro do mesmo ano de 2010, as ações da Petrobras (PETR4) fecharam em R$ 34,17. Já em dezembro do mesmo ano, quando se começou a descobrir (ou a imprensa começou a perceber o que qualquer liberal já sabia há tempos) os descalabros do PT com a estatal, as ações valiam R$ 27,29. Queda de 20,13%. O PT sozinho é pior do que qualquer desastre petrolífero – até o maior da história.
A primeira coisa que podemos aprender com a Petrobras: não se sabe COMO é possível ter tanto prejuízo. Nem não fazendo nada, tacando fogo, explodindo ou derramando no mar, uma petrolífera não consegue perder tanto dinheiro do pagador de impostos brasileiro. É algo que só o PT faz por você.
Segunda coisa: estamos falando de bilhões de reais. Você não ganha isso na Mega Sena. O mais alto salário de Michael Schumacher no esporte mais caro do mundo era de US$ 80 milhões, mas geralmente US$ 20 milhões. Uma mixaria. Troco de pinga.
O mensalão fez o brasileiro tratar uma soma de dinheiro tão alta como “ah, roubaram ainda mais”. Logo estaremos falando de TRILHÕES roubados, e todo mundo achando normal. Ou justificando, afinal, é um custo para termos um “governo social”, “distribuindo renda” entre os mais pobres, só ficando com uma ajuda de custo no caminho.
O que são R$ 88,6 bilhões? De acordo com o Tumblr O que comprar com 88 bilhões de reais, podemos comprar 523.599.999.971 litros de água mineral. A capacidade máxima do Cantareira é de 1,5 trilhão de litros de água. Em outras palavras, daria para encher mais de um terço do reservatório Cantareira com água mineral, algo que não pode ser expresso em exclamações, pontuações ou palavrões em qualquer língua do Universo.
Mesmo para os típicos números petistas sempre inflados, a cifra ainda assusta: poderíamos contratar 176 mil campanhas da Dilma Bolada, o perfil de “humor” do Twitter que embolsou R$ 500 mil via PT para fazer “piadas” que basicamente são acusações a Aécio Neves usando a palavra “cocaína” e seus sinônimos. A “seriedade” do negócio fez a presidente que terminou 2010 jurando que continuaria conversando no Twitter (e não escrevendo nada mais desde então) voltar ao Twitter apenas para trocar afagos com o perfil que flerta perigosamente com a calúnia, sem que nenhuma das duas Dilmas sofresse processo por isto.
Ou, para quem acredita na boa vontade petista, poderia-se comprar 1.466.666.666,7 cestas básicas do tipo 2. O PT não está supostamente interessado em “acabar com a pobreza”? Daria para o Brasil inteiro e ainda alguns bons países africanos.
Para se ter uma idéia, usando apenas notas de R$ 100, poderíamos formar pacotes de dinheiro. Um pacote com 100 notas tem apenas 1,0 cm de espessura. Empilhando-se o rombo da Petrobras, daria 8.000 metros: um monte Everest.
Mas façamos uma continha mais estarrecedora.
Segundo o governo e a esquerda, empresas devem ser estatais e o Estado deve interferir na economia porque o “mercado” não liga para os pobres, e “áreas estratégicas” como o petróleo (embora estranhamente não tratem comida como “área estratégica”, como bem notou Rodrigo Constantino no seu livro Privatize Já!) devem servir para dar dinheiro para os pobres, num governo “social”, para “diminuir a desigualdade de renda”, “distribuindo” a renda dos “ricos”.
O impostômetro de 2014 mediu que fomos tungados em R$ 1,8 TRILHÃO apenas em 2014, soma que aumenta anualmente, o que renderia R$ 8.800 a cada brasileiro. Parece pouco? Não sejamos gananciosos. Segundo o PT, há 6 milhões de brasileiros vivendo em situação de pobreza. Dados deles, que supõem que “acabaram com a pobreza” com o Bolsa Esmola. Fazendo as contas, só os nossos impostos em 2014 poderiam dar R$ 300 mil para cada brasileiro pobre [!!!] só em 2014. Não é brincadeira: cada brasileiro pobre, não é nem uma família.
Um brasileiro pobre que se case com uma brasileira pobre e tenha 5 filhos pobres, de acordo com o “governo distributista”, poderia ganhar, apenas em 2014, se os impostos fossem “distribuídos” entre os pobres, R$ 2,1 milhões. Claro, há uns custos do próprio governo, mas o que importa é distribuir entre os pobres. Como resultado destes custos, que estes liberais não aceitam, rende apenas… bom, o que os pobres receberam do governo em 2014.
Repetindo: o PT no governo tomou R$ 1,8 TRILHÕES em impostos em 2014. Há 6 milhões de pobres no Brasil, segundo o PT. Poderíamos dar R$ 300 mil para CADA pobre. Quem ainda acredita que o Estado deve interferir na economia para o bem dos pobres tem o que a dizer?
Mas há mais. Literalmente. A própria Graça Foster, presidente da Petrobras, alegou que as perdas podem ser muito maiores. Como demonstrou Leandro Narloch na Veja, este número é simplesmente uma projeção. Um chute. Aliás, um chute bem pra baixo: um mero palpite, para parecer que menos do meu, do seu, do nosso dinheiro (inclusive da dona Jusicreide da faxina) foi parar no bolso de doleiros, mensaleiros, petroleiros, empreiteiros, deputados, bispos universais e outros petistas e apaniguados.
Mas Dilma Rousseff, a presidente, teve uma conversa “duríssima” com Graça Foster devido a divulgação dos dados. Não porque os dados indicam uma corrupção-catástrofe que, como ela afirma em seus discursos, deve ser “investigada com rigor” (risos). Mas porque os dados foram divulgados. E só se aceitou que os dados fossem divulgados para não deixar claro que Dilma e o governo estavam escondendo os números.
Para Dilma, o problema não foi roubarem. Foi divulgarem o roubo. Deveriam ter divulgado muito menos.
Isto nos faz aprender ainda outra coisa mais importante do que tudo o que você vai aprender na faculdade sobre o governo. A tal “mídia golpista” não existe. Ou, se existe, somos só nós e uns 20 ou 30 gatos pingados, latino-americanos e sem dinheiro no banco. Só nós contamos este óbvio para a população. De resto, falam com a pseudo-“objetividade” da divulgação jornalística que só trata de esconder os fatos objetivos. Dilma. Está. Tentando. Esconder. O. Roubo. Simples.
Mas mais do que isto, está tentando manipular índices. Ela quer que as ações da Petrobras se mantenham altas à força, e não movidas a realidade. Então, baixa uma norma interna para um dado ser divulgado ou não.
E há quem acredite: mormente a população inculta (por só ter professores petistas e esquerdistas em sua formação), os que são pagos para acreditar e os que simplesmente compram qualquer bobagem que pareça “social”, mas não andam muito crentes em apostar seu dinheiro na PETR4 (sabe como é, são “cultos” e mais estudados do que os “coxinhas” liberais, mas também não vamos arriscar nosso suado dinheiro burguês no que acreditamos).
Não é a primeira vez. O PT também adora dizer que “tirou 40 milhões de brasileiros da pobreza”, como a Dilma fez em auto-elogio na Economist, depois só “30 milhões” e sei lá mais quanto. Bobagem. Apenas trocaram o índice: começaram a contar quem ganha R$ 291 por mês como “classe média” (sic ad infinitum).
Depois, ainda mais: para a “pobreza extrema”, criou o “Brasil Carinhoso” (como se o PT fizesse algo além de tomar dinheiro da população para dar de volta, e dizer que está fazendo “distribuição”). Segundo eles, teriam tirado 16,4 milhões de pessoas da miséria apenas em 7 meses (!!!). Num ano eleitoral, claro (por que não tirar antes?). O método? Dar alguns trocados a mais para as pessoas para atingirem os tais R$ 291. Algumas pessoas chegaram a ganhar mais R$ 2 (sim, dois reais, a notinha azul) e “saíram da miséria”.
Há quem compre a lorota até hoje. O PT pode ter mensalão, petrolão, ciclofaixa que custa mais do que mármore, Celso Daniel, Toninho do PT, Aldo Rebelo, Top-Top Garcia: não importa, é o “governo do povo”. Quem não gosta de pagar imposto é coxinha. Mas essas pessoas nunca fizeram as contas.
E Márcio Holland, secretário da Fazenda de Dilma, que sugeriu ao povo que comesse ovo ao invés de carne, para “baixar o preço da carne” na lei de oferta e procura? Foi em 2014, ano eleitoral, da apertada “vitória” de Dilma. Por que isto? O povo sabia que a carne estava cara. Mas se ela abaixasse, o próprio secretário poderia dizer: “Vejam, vocês não conseguem comer carne, mas os índices mostram que a carne baixou, então na verdade vocês podem! Votem em nós!”, e assim, ao próprio povo esfomeado, venderia-se a idéia de que ele estaria com a pança cheia. E ninguém contou o truque.
E que tal a “quitação da dívida externa com o FMI”, do fim do primeiro mandato de Lula, que o fez se reeleger apesar do mensalão? Trocou uma dívida externa de 6% ao ano (juros compostos) pelo aumento mágico e repentino da dívida interna a mais de 12% (juros também compostos). Isto foi o seu dinheiro, para então Lula se reeleger te dizendo que você estava mais rico, por não entender nada do que é dívida externa ou FMI.
Aprendemos mais uma coisa: nunca confie em políticos, mas sobretudo políticos petistas.
Este tipo de estelionato que é vendido até hoje deveria ser matéria de capa de todo jornal até agora. Nunca foi. Devemos corrigir isso. Essas contas precisam chegar à toda a população. E acabar de vez com o “governo do povo” e a crença de que precisamos de economia estatal para o bem dos pobres – ela só faz bem para quem controla o Estado, às custas dos pobres.
E o lulopetismo desestabilizou a Petrobras
A maior crise na história da empresa é causada por um partido de esquerda e não pelos “neoliberais” tucanos, nem os ‘entreguistas’ de todos os matizes
O Globo
Num enredo de realismo fantástico aplicado à política, o lulopetismo, corrente hegemônica do PT, partido de esquerda, é que se tornou o maior algoz da Petrobras, nas seis décadas de história da estatal, ícone da própria esquerda. Não foram o “neoliberalismo” da social-democracia tucana nem os “entreguistas” de todos os matizes o carrasco da companhia, como petistas sempre denunciaram. Bastaram 12 anos de administração comandada pelo PT para a maior empresa brasileira, situada também com destaque em rankings internacionais, chegar ao ponto de não ter acesso ao mercado global de crédito, devido ao alto risco que representa.
A maior crise da história da Petrobras tem começo, meio e ainda não se sabe o fim. É certo que ela será uma empresa menor, depois da baixa patrimonial que terá de fazer para refletir os efeitos dramáticos produzidos em seus ativos pelo lulopetismo: desde a rapina patrocinada por esquemas político-partidários — do PT, PP, PMDB, por enquanto — a decisões de investimento voluntaristas, sem cuidados técnicos, e também inspiradas por preferências políticas e ideológicas.
No mais recente fiasco da diretoria e Conselho de Administração — a divulgação do balancete do terceiro trimestre do ano passado sem auditoria e registro contábil da roubalheira do petrolão —, foi revelado que, da análise de 31 ativos da companhia, resultou a estimativa de que eles estariam superavaliados em astronômicos R$ 88,6 bilhões.
Não apenas pelos desvios do petrolão, mas por mau planejamento e mudanças de parâmeros como dólar e preço do petróleo. Sobre a corrupção em si, o Ministério Público do Paraná informa que a Operação Lava-Jato, a que está desbaratando a quadrilha da estatal, permitiu a denúncia contra responsáveis por desvios de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 450 milhões foram recuperados e R$ 200 milhões, bloqueados na forma de bens de réus. Para comparar: no mensalão foram R$ 140 milhões.
O começo da hecatombe foi a entrega da estatal ao lulopetismo sindical, de que José Sérgio Gabrielli é símbolo. Ex-presidente da estatal, ele foi denunciado devido a evidências de superfaturamento em obras do centro de pesquisa da estatal.
Diretores passaram a ser apadrinhados por políticos/partidos, e assim abriram-se as portas do inferno. O próprio Lula fez uso político da estatal, ao impor a construção de refinarias inviáveis no Maranhão e no Ceará, para contentar os Sarney e os Gomes (Cid e Ciro). Elas acabam de sair dos planos da estatal, mas, só em projetos, desperdiçaram R$ 2,7 bilhões. A Abreu e Lima, por sua vez, um ícone do superfaturamento, surgiu de conversas entre Lula e o caudilho Hugo Chávez — sem que a Venezuela investisse na refinaria.
Na quinta, a agência Moddy’s rebaixou todas as notas de risco da estatal, colocando-a no limiar da perda do “grau de investimento”. Abaixo desse nível, os títulos da empresa entram na faixa do “junk”, “lixo”. Com méritos.
A maior crise na história da empresa é causada por um partido de esquerda e não pelos “neoliberais” tucanos, nem os ‘entreguistas’ de todos os matizes
O Globo
Num enredo de realismo fantástico aplicado à política, o lulopetismo, corrente hegemônica do PT, partido de esquerda, é que se tornou o maior algoz da Petrobras, nas seis décadas de história da estatal, ícone da própria esquerda. Não foram o “neoliberalismo” da social-democracia tucana nem os “entreguistas” de todos os matizes o carrasco da companhia, como petistas sempre denunciaram. Bastaram 12 anos de administração comandada pelo PT para a maior empresa brasileira, situada também com destaque em rankings internacionais, chegar ao ponto de não ter acesso ao mercado global de crédito, devido ao alto risco que representa.
A maior crise da história da Petrobras tem começo, meio e ainda não se sabe o fim. É certo que ela será uma empresa menor, depois da baixa patrimonial que terá de fazer para refletir os efeitos dramáticos produzidos em seus ativos pelo lulopetismo: desde a rapina patrocinada por esquemas político-partidários — do PT, PP, PMDB, por enquanto — a decisões de investimento voluntaristas, sem cuidados técnicos, e também inspiradas por preferências políticas e ideológicas.
No mais recente fiasco da diretoria e Conselho de Administração — a divulgação do balancete do terceiro trimestre do ano passado sem auditoria e registro contábil da roubalheira do petrolão —, foi revelado que, da análise de 31 ativos da companhia, resultou a estimativa de que eles estariam superavaliados em astronômicos R$ 88,6 bilhões.
Não apenas pelos desvios do petrolão, mas por mau planejamento e mudanças de parâmeros como dólar e preço do petróleo. Sobre a corrupção em si, o Ministério Público do Paraná informa que a Operação Lava-Jato, a que está desbaratando a quadrilha da estatal, permitiu a denúncia contra responsáveis por desvios de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 450 milhões foram recuperados e R$ 200 milhões, bloqueados na forma de bens de réus. Para comparar: no mensalão foram R$ 140 milhões.
O começo da hecatombe foi a entrega da estatal ao lulopetismo sindical, de que José Sérgio Gabrielli é símbolo. Ex-presidente da estatal, ele foi denunciado devido a evidências de superfaturamento em obras do centro de pesquisa da estatal.
Diretores passaram a ser apadrinhados por políticos/partidos, e assim abriram-se as portas do inferno. O próprio Lula fez uso político da estatal, ao impor a construção de refinarias inviáveis no Maranhão e no Ceará, para contentar os Sarney e os Gomes (Cid e Ciro). Elas acabam de sair dos planos da estatal, mas, só em projetos, desperdiçaram R$ 2,7 bilhões. A Abreu e Lima, por sua vez, um ícone do superfaturamento, surgiu de conversas entre Lula e o caudilho Hugo Chávez — sem que a Venezuela investisse na refinaria.
Na quinta, a agência Moddy’s rebaixou todas as notas de risco da estatal, colocando-a no limiar da perda do “grau de investimento”. Abaixo desse nível, os títulos da empresa entram na faixa do “junk”, “lixo”. Com méritos.
Valentina de Botas: A força da verdade esboroa a mais longeva vigarice
Blog do Augusto Nunes
Blog do Augusto Nunes
Emergindo
de si mesma, mas sempre na bruma que a separa da realidade, Dilma
pretextou na Granja do Torto enfrentar o desconhecimento e a
desinformação. O novo aplique moral se evidenciou na divulgação do
balanço da Petrobras de contabilidade imaginária. No jogo de ilusões e
realidades, a oposição silenciou enquanto (não) aprende a se opor e o
Movimento Passe Livre, que integra em gozo a parcela da população que
lida com problemas imaginários para continuar sofrendo com os reais,
inferniza a rotina do paulistano protestando não contra a Petrobras já
ter perdido 47% de seu valor, mas contra o aumento de R$0,50 na tarifa
de ônibus e metrô.
Todos imaginamos, sonhamos e tal. Imagino, por exemplo, como é a Budapeste do Ferenc Mólnar e sua doce pequena obra-prima “Os meninos da rua Paulo”, de tradução definitiva do Paulo Ronái. Hei de conhecer Budapeste, mas ainda que a joia do Danúbio se revele como sonhei será outra cidade: a real. Porque é sempre com o real que lidamos se cedermos à lucidez, à honestidade com nós mesmos e com os outros. Sabe aquele piquenique bacana planejado com as crianças no primeiro fim de semana de sol em que você não leva trabalho para casa? Será bacana, mas as formigas, uns bichos mais sem modos, virão. Sabe o amor da sua vida? Pode aparecer na vida de outra pessoa ou, sei lá, fazer barulho quando toma sopa. Realidades.
O jeca rejeitou o Brasil concreto, não quis saber do batente real de um presidente. Não depois de sonhar 30 anos consigo mesmo refestelado nos salões do poder, languidamente sedado pelo blue label, recostado com o cinto afrouxado, recitando palavrões na liturgia do que entende ser presidente. Viagens, Rose Noronha, bajulação, jatinhos exclusivos – isso é que é vidão de presidente. Ora, sempre fora vadio sem nada disso, então ia, agora com a chave do cofrão público, se aporrinhar com reforma política ou tributária? Modernização da infraestrutura? Melhora da educação, da saúde ou da segurança? Preferiu um brasil imaginário e inventou na concretude do mensalão um Congresso para si; inventou até uma fraude para sucedê-lo; e, antes que a população caísse na real, inventou que a oposição pouco mais do que imaginária privatizaria a Petrobrás.
Com a corja de gabriellis, dutras, zedirceus, dilmas, paulinhos e cambada, distraiu a pátria num falso debate enquanto aniquilava a empresa, dissipando em 10 anos riquezas construídas em 62 e, tão profunda a sordidez, anulou a riqueza futura do pré-sal. A súcia não é meu assunto preferido e nem gosto da dureza das palavras com que gravo minha repulsa e tristeza. Queria falar de sonhos e ser de aprazível leitura, mas a realidade se impõe. E ela, que castiga o país avesso em lidar com o real, há de se impor à corja com a verdade cuja força esboroa a mais longeva vigarice.
Todos imaginamos, sonhamos e tal. Imagino, por exemplo, como é a Budapeste do Ferenc Mólnar e sua doce pequena obra-prima “Os meninos da rua Paulo”, de tradução definitiva do Paulo Ronái. Hei de conhecer Budapeste, mas ainda que a joia do Danúbio se revele como sonhei será outra cidade: a real. Porque é sempre com o real que lidamos se cedermos à lucidez, à honestidade com nós mesmos e com os outros. Sabe aquele piquenique bacana planejado com as crianças no primeiro fim de semana de sol em que você não leva trabalho para casa? Será bacana, mas as formigas, uns bichos mais sem modos, virão. Sabe o amor da sua vida? Pode aparecer na vida de outra pessoa ou, sei lá, fazer barulho quando toma sopa. Realidades.
O jeca rejeitou o Brasil concreto, não quis saber do batente real de um presidente. Não depois de sonhar 30 anos consigo mesmo refestelado nos salões do poder, languidamente sedado pelo blue label, recostado com o cinto afrouxado, recitando palavrões na liturgia do que entende ser presidente. Viagens, Rose Noronha, bajulação, jatinhos exclusivos – isso é que é vidão de presidente. Ora, sempre fora vadio sem nada disso, então ia, agora com a chave do cofrão público, se aporrinhar com reforma política ou tributária? Modernização da infraestrutura? Melhora da educação, da saúde ou da segurança? Preferiu um brasil imaginário e inventou na concretude do mensalão um Congresso para si; inventou até uma fraude para sucedê-lo; e, antes que a população caísse na real, inventou que a oposição pouco mais do que imaginária privatizaria a Petrobrás.
Com a corja de gabriellis, dutras, zedirceus, dilmas, paulinhos e cambada, distraiu a pátria num falso debate enquanto aniquilava a empresa, dissipando em 10 anos riquezas construídas em 62 e, tão profunda a sordidez, anulou a riqueza futura do pré-sal. A súcia não é meu assunto preferido e nem gosto da dureza das palavras com que gravo minha repulsa e tristeza. Queria falar de sonhos e ser de aprazível leitura, mas a realidade se impõe. E ela, que castiga o país avesso em lidar com o real, há de se impor à corja com a verdade cuja força esboroa a mais longeva vigarice.
A pergunta que não quer calar
Antigamente, a rapina ao patrimônio público era ação de indivíduos, solitária ou em pequenas quadrilhas. Hoje, é sistêmica e se dá na casa dos bilhões
Ruy Fabiano - Blog do Noblat
A ruína do projeto político do PT – e o governo Dilma é sua mais eloquente síntese e tradução - dá-se em meio ao silêncio de entidades da sociedade civil, que, ao longo da história contemporânea, tiveram amplo protagonismo na cena pública.
Onde estão a OAB, a ABI, a UNE e a CNBB, entre outras siglas que se associaram à história da reação popular aos maus governantes? – eis a pergunta que não quer calar.
No momento em que a corrupção sistematizada, comandada de dentro do Estado, apresenta sua conta – Mensalão, quebra da Petrobras, violação da Lei de Responsabilidade Fiscal, falência da economia -, é no mínimo ensurdecedor o silêncio de quem sempre soube falar tão alto em momentos de crise e de má governança.
O final do governo militar deveu-se a uma conjunção de fatores, que se resumem na falência de seu modelo econômico e na falta de representatividade de seu modelo político.
Foram essas entidades que romperam a mordaça da repressão, articularam a sociedade e levaram às ruas o “basta” da população. Exerceram, naquela oportunidade, uma vigilância cívica decisiva para que o país se reencontrasse com a democracia.
Mas essa vigilância, que prosseguiu nos primeiros governos civis – os de Sarney, Collor, Itamar e FHC -, começou a minguar até desaparecer por completo desde a posse de Lula, festejada por elas como se o país, enfim, tivesse chegado ao Paraíso.
O que se constata é que, a exemplo do que aconteceu com o próprio Estado brasileiro, essas entidades foram mutiladas na sua essência. Transformaram-se em células partidárias, corresponsáveis pelo projeto político em curso, de índole revolucionária.
A lógica revolucionária, como se sabe, é a da ruptura, que começa por dividir a sociedade e a colocá-la em conflito. Promove o caos e depois acena com a ordem totalitária para consertar o que ela mesmo quebrou. O país está em meio a esse processo.
O projeto do PT postula uma “sociedade hegemônica”, que é o avesso de uma sociedade democrática, em que o poder se alterna entre os diversos partidos que se organizam para exercê-lo. Numa sociedade de pensamento único, não cabe a liberdade de imprensa, o que explica a obsessão petista por controlar a mídia.
Esse projeto de poder, gestado no Foro de São Paulo – entidade criada por Lula e Fidel Castro em 1990, para reunir as esquerdas do continente em torno de um projeto único de poder, a Grande Pátria -, já está em estágio mais avançado em países vizinhos, menos complexos que o Brasil.
Temos então a oportunidade de contemplar etapas pelas quais ainda não passamos, mas que, mantidas as ações em curso, fatalmente passaremos. E isso explica as dimensões estratosféricas da rapina petista ao Estado brasileiro.
Não foi o PT que inventou a corrupção, mas nada nem ninguém a elevou ao patamar em que se encontra. E o que temos corresponde apenas a um início de devassa numa única estatal. Como disse Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, o que lá se fez também se fez nas demais estatais, ainda não investigadas.
Antigamente, a rapina ao patrimônio público era ação de indivíduos, solitária ou em pequenas quadrilhas. Hoje, é sistêmica e se dá na casa dos bilhões. Para onde foi esse dinheiro, que se tem por irrecuperável? Se só um gerente, Pedro Barusco, braço direito do Renato Duque, operador do PT na estatal (e que está solto), se dispôs a devolver 100 milhões de dólares, quanto está em jogo?
Não apenas: se o rombo já constatado – e, repito, estamos falando de apenas uma estatal – chega quase a 90 bilhões de reais, pergunta-se para onde foi essa montanha de dinheiro. Ninguém acredita que o dinheiro que Barusco vai devolver era só dele.
A lógica indica que ele era um laranja. O dinheiro, guardado em conta no exterior, serve à causa, assim como os demais 88,6 bilhões que a própria Graça Foster admite não ser o total. O dinheiro é do Foro e serve aos interesses da Grande Pátria, de que falava Hugo Chávez, o projeto de unificação socialista do continente. É dinheiro demais até para um partido com a voracidade do PT. É destinado a um projeto geopolítico – afinal, revolução é verba -, cujos adeptos dominam hoje as principais entidades da sociedade civil.
Daí o silêncio cúmplice com que acompanham os maiores desmandos já registrados na História não apenas do país e do continente, mas do próprio mundo moderno, como registrou o The New York Times. Em que medida esse ideário psicótico afetou as instituições, sobretudo o Judiciário, teremos a oportunidade de ver, nos desdobramentos da Operação Lava-Jato.
Aguarda-se para depois do carnaval a denúncia do procurador geral da República, Rodrigo Janot, e o posicionamento do relator do processo no STF, ministro Teori Zavascki. Eles dirão em que estágio de subserviência e deterioração estão as instituições desta Sereníssima República.
Antigamente, a rapina ao patrimônio público era ação de indivíduos, solitária ou em pequenas quadrilhas. Hoje, é sistêmica e se dá na casa dos bilhões
Ruy Fabiano - Blog do Noblat
A ruína do projeto político do PT – e o governo Dilma é sua mais eloquente síntese e tradução - dá-se em meio ao silêncio de entidades da sociedade civil, que, ao longo da história contemporânea, tiveram amplo protagonismo na cena pública.
Onde estão a OAB, a ABI, a UNE e a CNBB, entre outras siglas que se associaram à história da reação popular aos maus governantes? – eis a pergunta que não quer calar.
No momento em que a corrupção sistematizada, comandada de dentro do Estado, apresenta sua conta – Mensalão, quebra da Petrobras, violação da Lei de Responsabilidade Fiscal, falência da economia -, é no mínimo ensurdecedor o silêncio de quem sempre soube falar tão alto em momentos de crise e de má governança.
O final do governo militar deveu-se a uma conjunção de fatores, que se resumem na falência de seu modelo econômico e na falta de representatividade de seu modelo político.
Foram essas entidades que romperam a mordaça da repressão, articularam a sociedade e levaram às ruas o “basta” da população. Exerceram, naquela oportunidade, uma vigilância cívica decisiva para que o país se reencontrasse com a democracia.
Mas essa vigilância, que prosseguiu nos primeiros governos civis – os de Sarney, Collor, Itamar e FHC -, começou a minguar até desaparecer por completo desde a posse de Lula, festejada por elas como se o país, enfim, tivesse chegado ao Paraíso.
O que se constata é que, a exemplo do que aconteceu com o próprio Estado brasileiro, essas entidades foram mutiladas na sua essência. Transformaram-se em células partidárias, corresponsáveis pelo projeto político em curso, de índole revolucionária.
A lógica revolucionária, como se sabe, é a da ruptura, que começa por dividir a sociedade e a colocá-la em conflito. Promove o caos e depois acena com a ordem totalitária para consertar o que ela mesmo quebrou. O país está em meio a esse processo.
O projeto do PT postula uma “sociedade hegemônica”, que é o avesso de uma sociedade democrática, em que o poder se alterna entre os diversos partidos que se organizam para exercê-lo. Numa sociedade de pensamento único, não cabe a liberdade de imprensa, o que explica a obsessão petista por controlar a mídia.
Esse projeto de poder, gestado no Foro de São Paulo – entidade criada por Lula e Fidel Castro em 1990, para reunir as esquerdas do continente em torno de um projeto único de poder, a Grande Pátria -, já está em estágio mais avançado em países vizinhos, menos complexos que o Brasil.
Temos então a oportunidade de contemplar etapas pelas quais ainda não passamos, mas que, mantidas as ações em curso, fatalmente passaremos. E isso explica as dimensões estratosféricas da rapina petista ao Estado brasileiro.
Não foi o PT que inventou a corrupção, mas nada nem ninguém a elevou ao patamar em que se encontra. E o que temos corresponde apenas a um início de devassa numa única estatal. Como disse Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, o que lá se fez também se fez nas demais estatais, ainda não investigadas.
Antigamente, a rapina ao patrimônio público era ação de indivíduos, solitária ou em pequenas quadrilhas. Hoje, é sistêmica e se dá na casa dos bilhões. Para onde foi esse dinheiro, que se tem por irrecuperável? Se só um gerente, Pedro Barusco, braço direito do Renato Duque, operador do PT na estatal (e que está solto), se dispôs a devolver 100 milhões de dólares, quanto está em jogo?
Não apenas: se o rombo já constatado – e, repito, estamos falando de apenas uma estatal – chega quase a 90 bilhões de reais, pergunta-se para onde foi essa montanha de dinheiro. Ninguém acredita que o dinheiro que Barusco vai devolver era só dele.
A lógica indica que ele era um laranja. O dinheiro, guardado em conta no exterior, serve à causa, assim como os demais 88,6 bilhões que a própria Graça Foster admite não ser o total. O dinheiro é do Foro e serve aos interesses da Grande Pátria, de que falava Hugo Chávez, o projeto de unificação socialista do continente. É dinheiro demais até para um partido com a voracidade do PT. É destinado a um projeto geopolítico – afinal, revolução é verba -, cujos adeptos dominam hoje as principais entidades da sociedade civil.
Daí o silêncio cúmplice com que acompanham os maiores desmandos já registrados na História não apenas do país e do continente, mas do próprio mundo moderno, como registrou o The New York Times. Em que medida esse ideário psicótico afetou as instituições, sobretudo o Judiciário, teremos a oportunidade de ver, nos desdobramentos da Operação Lava-Jato.
Aguarda-se para depois do carnaval a denúncia do procurador geral da República, Rodrigo Janot, e o posicionamento do relator do processo no STF, ministro Teori Zavascki. Eles dirão em que estágio de subserviência e deterioração estão as instituições desta Sereníssima República.
Assinar:
Postagens (Atom)