sábado, 25 de abril de 2015

Brasil cede, e China deve reabrir seu mercado para carne bovina
Produto está barrado no país asiático desde dezembro de 2012
MARCELO NINIO - FSP
Depois de quase dois anos e meio de embargo por questões sanitárias, a China finalmente deve abrir seu mercado à exportação de carne bovina do Brasil. O anúncio da liberação está previsto para a visita ao Brasil do premiê chinês, Li Keqiang, que começa no dia 19 de maio.
O novo protocolo sanitário está pronto e deverá ser assinado durante a passagem de Li por Brasília, formalizando a reabertura do segundo maior mercado consumidor de carne bovina do mundo. O produto brasileiro está barrado na China desde dezembro de 2012, devido a um caso atípico do mal da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina) detectado no Paraná.
Para concluir o protocolo, o Brasil cedeu à exigência dos chineses para tornar mais rígido o sistema de rastreabilidade dos animais abatidos para exportação.
O documento determina que só bovinos com menos de 30 meses poderão ser exportados. Como o período de incubação do mal da vaca louca é de quatro a seis anos, acredita-se que a carne de animais com idade inferior a 30 meses possa ser consumida com segurança.
Apesar de ser considerada uma exigência pesada do ponto de vista técnico, ela foi aceita pelo Brasil para destravar o impasse e permitir a retirada do embargo.
Para a adida agrícola do Brasil na China, Andrea Bertolini, o volume de carne bovina vendido para a China não deve ser afetado pela nova exigência, mas o maior rigor dos chineses poderá dificultar a aprovação de mais frigoríficos brasileiros habilitados a exportar para o país. incluindo alguns que já estavam num estágio avançado para serem liberados.
A possível revisão desses processos poderá frustrar a expectativa da Abiec (que reúne indústrias exportadoras de Carne) de que o número de frigoríficos brasileiros habilitados a exportar para a China, atualmente oito, dobre ainda neste ano. Outros dois exportadores do Mercosul têm bem mais estabelecimentos aprovados: Uruguai, com 22, e Argentina, com 18.
A suspensão do embargo à carne bovina é uma das prioridades da diplomacia brasileira em relação à China.
Em julho do ano passado, o Ministério da Agricultura disse que com a reabertura as exportações brasileiras poderiam chegar a US$ 1,2 bilhão em 2015.

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