sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Ah, que ninharia é o coração Se alguma vez cai nas mãos do amor! Todas as outras dores cedem lugar A outras dores, e pouco ocupam por si próprias. Elas chegam até nós, mas o Amor absorve-nos. Engole-nos, e nunca mastiga: Como fogo de metralha, mata fileiras inteiras, Ele é a lança tirana, nossos corações a ralé. Se assim não fosse, o que aconteceu A meu coração da primeira vez que te vi? Trazia um coração quando entrei na sala, Mas da sala parti sem levar nenhum: Se tivesse fugido para ti, sei Que teria ensinado o teu coração a mostrar Mais clemência para comigo: mas, infeliz! Ao primeiro toque o Amor estilhaçou-o como vidro. Porém, nada em nada pode me converter, Nem qualquer lugar ficar de todo vazio, Por isso penso que no meu peito estão ainda Todas essas partes, embora desunidas; E agora, como os espelhos partidos que mostram Uma centena de faces menores, assim os cacos Do meu coração podem gostar, desejar e adorar, Mas, depois de tal amor, não mais podem amar.

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