sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Com que idade homens e mulheres traem?
Marlène Duretz - Le Monde  
Embora os estudos confirmem um aumento da infidelidade na França e uma predominância masculina, eles divergem quanto à idade em que isso ocorre
Se "às vezes é se mantendo fiel que mais se trai", parafraseando o slogan de uma campanha publicitária de um site de encontros extraconjugais, aparentemente traiçoeiro mesmo é tentar traçar o perfil e a idade do indivíduo propenso à infidelidade.
A primeira dificuldade está em estimar o número de pessoas infiéis. De acordo com o instituto Ifop, mais de um entre cada dois homens e quase uma entre cada três mulheres admitiriam "já ter feito sexo com uma outra pessoa que não fosse sua parceira". A proporção de franceses infiéis teria aumentado de maneira contínua nos últimos 40 anos, passando de 19% em 1970 para 30% em 2001, estabilizando-se em 43% em 2011.
Mas, ao mesmo tempo, a fidelidade é um conceito ao qual os franceses se dizem afeitos, segundo um estudo da TNS Sofres. Segundo um estudo desse instituto, 70% dos franceses declaram nunca terem sido infiéis ao longo de sua vida. Seria uma distorção entre o que se declara e a realidade no terreno da caça amorosa? No que devemos acreditar?
A questão se complica ainda mais se, como observa a psicóloga americana Peggy Drexler, constatarmos que os grupos de pesquisa, tanto científicos quanto estatísticos, coletam "as confissões de pessoas que têm grandes chances de mentir a seus cônjuges" e provavelmente aos entrevistadores. É muito provável que "os verdadeiros números sobre a infidelidade sejam mais elevados do que os resultados [dos estudos] indicam."
E quanto à idade ou idades críticas nas quais uma pessoa tem mais "chance" de ter um caso? Segundo o Ipsos, quanto mais velho é o homem, maior é sua curva de infidelidade: 38% (18-34 anos), 51% (35-49 anos) e até 66% acima dos 50 anos. A curva feminina seguiria um esquema diferente: entre 30% e 40% são infiéis entre 18-34 anos e depois dos 50 anos, e entre 35-49 anos haveria um recuo, para 23%.
Outra constatação é que se as pessoas entre 50 e 60 anos, segundo o estudo, são mais inclinadas a confessar seus desvios de conduta, as mais jovens são "mais pragmáticas e, talvez, por terem mais ciência de suas falhas, se dizem mais tolerantes e compreensivas".

37 anos em média, com um pico aos 33 anos

Um novo estudo acadêmico, baseado nos dados --todos declarativos-- de um grupo de membros do site de encontros extraconjugais Ashley Madison, contradiz a virilidade da curva masculina estabelecida pelo estudo do Ipsos. Esta, na verdade, sofreria uma inflexão a partir dos 53 anos. Em compensação, conviria monitorar especialmente os anos que precedem um aniversário que termine em "0", que são sinônimos de pendor pronunciado para desvios extraconjugais. As curvas da infidelidade, portanto, teriam saltos aos 29, 39 e 49 anos --o último!--, com um pico excepcional aos 33 anos.
Não há muitos pareceres de especialistas e estudos científicos sobre essa espinhosa teoria das idades críticas.
"Passadas as alegrias do casamento e do nascimento dos primeiros filhos por volta dos 30 anos, a rotina e a desilusão se instalam e é por volta dos 37 anos, em média, que se é mais infiel ou quando é maior a probabilidade de sê-lo", analisa Anne-Sophie Duthion, porta-voz do site de encontros extraconjugais Gleeden.com.
Similarmente, o sexólogo Willy Pasini, entrevistado pelo site www.aufeminin.com, aposta em uma faixa etária entre os 30 e os 40 anos: "Aos 20 anos, no começo de uma relação, as pessoas ainda têm ilusões e querem acreditar na fidelidade. Mas é por volta dos 30-40 anos que o casal muda e dá mais importância à realização individual."
O sexólogo Gérard Leleu, fã de números mas mais circunspecto, não dá a www.santemagazine.fr nenhuma idade preferida para a infidelidade: "Antes as pessoas se casavam por 30 ou 40 anos. Hoje, quando você se casa, se compromete por um tempo de 70 anos. Então é necessariamente mais difícil permanecer fiel."
Mas se os números são pouco fiéis, as especulações continuam convergindo nas razões que "justificam" o ato de ver se a grama é mais verde do outro lado da cerca, quanto ao lugar e à natureza dessas escapadas acidentais ou calculadas, ou ainda sobre o que as motiva (monotonia, insatisfação sexual, limites da monogamia...). Estudos e pesquisas também concordam quanto ao fato de a infidelidade ser mais masculina que feminina, embora seja uma constatação que tenda a diminuir.
E enquanto @bernardpivot1 tuíta espirituosamente que "A infidelidade é uma fratura que no começo era só uma torção", ninguém parece ter constatado que "fidelidade" termina em "idade".

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