quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Espanha pede a proibição do cigarro eletrônico de maconha
François Béguin - Le Monde
Patrick Kovarick/AFP
16.dez.2014 - Criadores do "KanaVape" -- cigarro eletrônico de maconha -- apresentam o produto em entrevista coletiva em Paris 16.dez.2014 - Criadores do "KanaVape" -- cigarro eletrônico de maconha -- apresentam o produto em entrevista coletiva em Paris
A ministra da Saúde Marisol Touraine anunciou, na última terça-feira (16), ao canal RTL, que entraria com um pedido na Justiça para que seja proibido o cigarro eletrônico de maconha, cuja comercialização havia sido anunciada algumas horas antes em Paris.
"Sou contra a possibilidade de que um produto como esse seja comercializado na França", porque "isso constitui uma incitação ao consumo de maconha" que é "potencialmente repreensível pela lei", ela declarou, explicando que ela tinha a "intenção de recorrer à Justiça" para proibir sua comercialização.
Durante uma coletiva de imprensa no início do dia, Antonin Cohen, o fundador da empresa franco-tcheca KanaVape, havia detalhado as condições de lançamento do "primeiro vaporizador de canabinoides 100% legal", atribuindo-lhe propriedades "relaxantes" graças à presença de canabidiol (CBD), um componente não euforizante do cânhamo.
"Nosso produto não tem nenhum efeito psicotrópico ou psicótico", ele avisou, explicando que o produto utilizado era à base de cânhamo natural e não continha tetraidrocanabinol (THC), a substância psicoativa da maconha que é proibida por lei. "Nosso produto não deve ser considerado como uma alternativa ao baseado", ele disse.
Ele afirmou que os primeiros kits – já disponíveis em pré-reserva pela internet – seriam distribuídos a partir de janeiro de 2015 pelo preço de 49 euros (cerca de R$ 165). O cartucho de recarga de 0,5 mililitro deve em seguida ser vendido a 25 euros (R$ 84).
Fingindo "surpresa pelo frenesi" midiático suscitado por esse lançamento, ele ainda acrescentou: "Espero não tê-los decepcionado demais, pois sei que muita gente está esperando por um cigarro eletrônico de maconha".
"Nosso cigarro não é um produto terapêutico, será um produto de consumo regular", ele explicou.
Essa afirmação contradiz o comunicado de imprensa enviado alguns dias antes. A KanaVape apresentou então seu cigarro eletrônico como "uma solução alternativa à medicina tradicional, com base nos efeitos terapêuticos da cannabis sem psicotrópicos."
Para Pierre Chappard, presidente da PsychoActif, uma associação de usuários de entorpecentes, na medida em que o KanaVape não tem uso terapêutico, seu lançamento é um "golpe de marketing às custas dos consumidores".
"Ao se chamar KanaVape, ele passa a impressão de que tem o efeito da maconha", ele diz, lembrando que já há disponíveis para venda líquidos sintéticos para cigarros eletrônicos com aromas artificiais de maconha.

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