Reinaldo Azevedo - VEJA
Que
coisa, né? Se o doleiro Alberto Youssef falou a verdade — e ele fez um
acordo de delação premiada —, quem um dia foi rei nunca perde a
majestade, como reza um velho clichê. Segundo informam Stelita Hass
Carazzai e Flávio Ferreira, na Folha
desta terça, Youssef disse a procuradores que o senador Fernando Collor
de Mello (PTB-AL), ex-presidente da República e hoje um dileto aliado
do lulo-petismo, recebeu R$ 3 milhões de propina como resultado de um
negócio da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, com uma rede de
postos de gasolina.
O
intermediário da tenebrosa transação teria sido Pedro Paulo Leoni Ramos,
dono da GPI Participações e Investimentos e amigão de fé, irmão,
camarada de Collor. Durante seu curto governo doidivanas, Leoni Ramos
foi seu secretário de Assuntos Estratégicos. Santo Deus!
O negócio
envolvia a troca de bandeira de uma rede de postos. Collor teria ficado
com 1% dos R$ 300 milhões em que estava avaliado o negócio. Segundo o
doleiro, a grana foi arrecadada nos postos e repassada a Leoni em moeda
sonante, dinheiro vivo mesmo, o que impede o rastreamento. Em depoimento
anterior, Youssef afirmara que já havia mandado entregar R$ 50 mil a
Collor.
Ah, sim: a
BR Distribuidora também tinha sido loteada. O PTB, partido do qual
Collor é líder no Senado, mantinha dois diretores na empresa: José
Zonis, na área de Operações e Logística, e Luiz Claudio Caseira Sanches,
na Diretoria de Rede de Postos de Serviço. O pagamento, segundo
Youssef, foi feito por um de seus emissários: Rafael Ángulo Lopes.
Leoni Ramos é um dos investigados da Operação Lava-Jato justamente em razão de, digamos assim, “negócios” feitos com Youssef.
A ser
verdade o que diz o doleiro — e, reitero, alguém que fez delação
premiada estaria correndo um risco imenso ao mentir —, o que temos? A
soma do velho patrimonialismo, de que Collor foi o último suspiro na
Presidência da República, com o novo patrimonialismo, o do PT. Em 1989,
Lula e Collor disputaram o segundo turno da eleição presidencial. O
agora senador venceu, para ser impichado em 1992, afogado num mar de
lama.
Foi lama o
que se revelou no governo Lula em 2005, mas ele sobreviveu, se
reelegeu, fez a sua sucessora, que, por sua vez, obteve um segundo
mandato. E o Brasil está na… lama. Lula e Collor, agora, estão do mesmo
lado, são aliados.
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