sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Vagos pensamentos, recordações doloridas

Só, assusto-me
Com a solidão que me foi imposta e que
Sou em grande parte responsável.
Pensei, então, que
Poderia drenar as
Minhas dores
Através dos versos,
Tolo!
Essa dor que sinto
Não pode ser vertida em palavras,
E foi tolice minha,
Imaginar que poderia encarcerá-la
Na jaula da poesia.
A memória, sua parceira na maldade,
Impede-me de fazê-lo.
Da minha menina,
Sorrio sozinho, toda vez
que lembro do sorriso dela;
Às vezes, me pego
Tentando captar o seu perfume
Habitante dos labirintos da minha memória;
Surpreendo-me,
esfregando as pontas dos dedos,
Tentando,
Ao menos resgatar, o pouco que fosse,
Daquela anatomia de felina
De corpo branco, magro e menina
Que deslizava pelos recôndítos espaços,
limitados
pelos nossos lençóis,
em completo desarranjo.
Enlouquecido, corro de um poema a outro
Sem saber se um dia,
ela irá voltar.

Pelo fruto se conhece a árvore

Muitos não entenderam o meu súbito interesse pela política da Taba.
A verdade é que tudo que é humano, me diz respeito.
Não quero que a Taba continue uma Taba e, se ninguém critica caciques & pajés, critico eu.
Noves fora, quero numerar aqui, uma série de argumentos para justificar o porquê da escolha desse HOMEM como meu candidato:
1) meu candidato É O ÚNICO vereador que NUNCA RECEBEU verba de gabinete (R$ 1,5 mil por mês).
2) meu candidato NUNCA FALTOU A UMA SESSÃO ORDINÁRIA.
3) meu candidato foi CONTRA O PAGAMENTO DE JETOM PELO COMPARECIMENTO dos vereadores às sessões extraordinárias.
4) meu candidato é o AUTOR DO PROJETO QUE ACABOU COM O VOTO SECRETO NA CÂMARA DOS VEREADORES.
Se continuasse a enumerar tudo aquilo que ele fez ou tentou fazer (mas foi impedido, por ser voto vencido), continuaria a escrever mais uma página inteira de feitos honrosos.
Creio que respondido está a questão, que deu margem a este texto.

Sermão aos peixes

Vem viver comigo, sê o meu amor
E os prazeres da paixão provaremos
De areias douradas e regatos de cristal
o rio correrá manso,murmurando, aquecido
Mais por teus olhos do que pelo sol;
os peixes enamorados suplicarão
a si próprios poder trair.
Quando nadares nua nesse banho de vida
Cada peixe que habita
esses regatos de águas translúcidas
Nadará, apaixonado, para ti,
Mais feliz por te apanhar, do que cair em teus braços.
Se, sendo vista assim, fores censurada,
por tua formosa nudez,
Pelo sol, ou pela Lua
com a tua beleza e alvura
a ambos eclipsarás;
E se eu puderes te contemplar nua,
Dispensarei as luzes,
Do sol e da lua,
tendo-te apenas a ti a me iluminar.
Que os traidores curiosos, com moscas de seda
Nada tenham a comemorar
Dos pobres peixes que se deixam fisgar.
Porque tu não precisas de tais artimanhas
Pois que tu própria és a tua própria isca,
E o peixe que não seja por ti apanhado,
Ah! é muito mais sensato do que eu.
Como me é dolorido pensar nisso,
Imobilizado ,
dentro do teu samburá!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Jeca's Land, também conhecida como Taba

No PRIMEIRO caderno do OESP de domingo passado, a Taba saiu em destaque, num mapa, página A27. A matéria reportava sobre cursos particulares no ensino superior. Na FSP, no mesmo domingo, no caderno MAIS!, estampado na primeira página, estava uma mátéria sobre a situação do cortador de cana e a canavicultura. Duas arapucas. Dar diploma superior a pés-rapados, não nos levará a nada, a maioria são iletrados, ignorantes com diploma. Nem a cana-de-açúcar com o seu trabalho escravo. O futuro do país não está na cana, soja, carne ou caju, como declarou o ignorante de plantão. Também não está em cursos como me referi acima, verdadeiros trombadinhas da educação! Está na educação e na formação de HOMENS e MULHERES, que tenham consciência da CIDADANIA, e queiram dar, ao menos, uma existência decente para seus filhos. Fora disso, é só olhar ao redor. A Taba virou um deserto de idéias e de HOMENS públicos,salvo RARAS exceções! O último que sair, apague a luz! É, voltei!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Oração II

Permito-me aborrecer-te, Senhor! Fazes comigo, bem sei, uma maldade! Importuno-te, novamente, com este assunto. Pai! Fazes-me sofrer! Não sei, realmente, o que queres de mim. O que Tu queres foge à minha compreensão! A minha menina linda, se declara, cálida, Apaixono-me por ela, Abandonei tudo! Coloquei-me totalmente em Vossas mãos.
Como ela desejou!
Permiti-me então, sonhá-la a minha menina, minha linda pantera. Mas depois, ela nem mais se dirige a mim! Deste-me um favo, Mas do mel só tenho recordações! Senhor! Sofro!
Ou dá-me este amor verdadeiro,
ou deixa-me partir, para junto de Vós.
O MUNDO sem ela, perdeu a graça.
Ao menos para mim.

Otto Maria Carpeaux

Está sendo reeditada no Brasil, um monumento da inteligência, da cultura, da boa educação, enfim, o que falta a um país que tem um presidente, que se orgulha de não ter estudado (mas também, não passa de um projeto inacabado de ser humano!), HISTÓRIA DA LITERATURA OCIDENTAL.
Eu mesmo não possuía tal obra. Adquiri. Está nas minhas mãos. Tem mais de 2.500 páginas.
Adoro Carpeaux. Deu cultura a esse país selvagem que é o Brasil. Li, quando garoto, em bibliotecas públicas. Essencial. Dele, leia também Ensaios Reunidos vol. 01. "As cinzas do purgatório" é uma lição intelectual que não se aprende nas escolas! Mas que carregamos conosco pelo resto das nossas vidas!

domingo, 24 de agosto de 2008

Enlouqueci ou nós estamos ficando mais estúpidos?

Depois da declaração do Paulo Maluf se comparando a JESUS, dizendo que ele quer salvar a cidade de São Paulo e não deixam, realmente, vivemos num mundo surreal. Um quadro de Salvador Dali depois de uma ressaca, talvez! Nem D. Quixote nos seus delírios mais loucos, poderia cometer tal insensatez. TODOS sabem quem é Paulo Maluf, de passado funesto ligado à denúncias de corrupcão, processos, contas no exterior. Tem os seus eleitores cativos. Mas quem viveu o seu período de governo, e tem o mínimo de discernimento, vomita. É uma heresia,a sua analogia.
Aqui em Jeca's Land, a coisa não é melhor! Votarei apenas em vereador, porque o meu candidato se mostrou íntegro e não se corrompeu como a maioria corrompida. Não o conheço, acompanho os seus trabalhos, mas conheço a educação que deu à sua filha, minha aluna, uma fonte de integridade e honestidade.
Nunca fruto sadio e íntegro teve origem numa árvore degenerada.
Um HOMEM assim, jamais se misturará à escumalha que grassa o nosso legislativo.
Eis os motivos para que eu compareça às próximas eleições.

Fragmentos de um Evangelho apócrifo

"3. Desventurado o pobre de espírito, porque sob a terra será o que agora é na terra.
5. Ditosos os que sabem que o sofrimento não é uma coroa de glória.
6. Não basta ser o último para alguma vez ser o primeiro.
11. Bem-aventurados os misericordiosos, porque sua felicidade está no exercício da misericórdia e não na esperança de um prêmio.
12. Bem-aventurados os de puro coração, porque vêem Deus.
13. Bem-aventurados os que padecem de perseguição por causa da justiça, porque lhes importa mais a justiça que seu destino humano.
19. Não odieis teu inimigo, porque, se o fazes, és de alguma seu escravo. Teu ódio nunca será melhor que a tua paz."
JORGE LUIS BORGES

sábado, 23 de agosto de 2008

Oração

Ah, Senhor!
Foste muito cruel quando colocaste a menina na palma de minha mão!
Senhor!
Percebeste o quão velho sou!
Tu bem sabes!
Penso, então, que a única possibilidade é acreditar que Tu testas o meu caráter.
Sou, então testado como Jó o foi.
Mas, Senhor, sou fraco!
Miseravelmente fraco!
Ardo em febre, não consigo dormir, não me concentro em nada!
Minha voz sumiu!
Dizem que estou a variar!
A minha menina é muito linda!
Linda a não mais poder!
Senhor!
Ela é delicada,
esguia,
pequena flor
de perfume suave,
mãos finas,
voz sussurrante,
ela é feliz, ajuda as pessoas, é amiga,
e sobretudo, inocente.
E me deseja!
Tu bem sabes que
deitei-me com ela!
E, depois, não desejo mais deitar-me com ninguém!
Mas,
Senhor!
Tu também sabes que ela inicia a vida!
E, eu combati em Vosso Nome, várias batalhas!
As cicatrizes são evidentes.
Trago-as comigo.
Ilumine-me, Senhor!
Eu vos peço!
Peço tão pouco, que creio, ao menos,
pouparás a minha menina amada
desse sofrimento.

O Sinistro do Meio Ambiente

Quando o atual sinistro do meio ambiente, Carlos Minc tomou posse, eu disse para os meus alunos: - Ele tem um passado mais sinistro ainda, como guerrilheiro, durante a ditadura militar.
Citei alguns livros que dariam maiores informações a quem se interessasse pelo assunto. Só.
Não vi ninguém da grande imprensa abordar o tema com a seriedade necessária.
Agora, quando ele começa a fazer acordos com proprietários, e acomodar interesses, surgem as primeiras críticas.
Seu passado como membro integrante do Comando de Libertação Nacional vem à tona:
31/03/1969 - assalto ao Banco Andrade Arnaud (roubo de Cr$ 45.000.000,00 e morte de Manoel da Silva Dutra, comerciante).
18/07/1969 - assalto à residência de Anna Benchimol Capriglione (roubo de US$ 2.864.000,00).
Entre 1970/71 - curso de guerrilha em Cuba
É, meu amigo, diga-me com tu andas que eu te direi quem és! Governinho sinistro, esse!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Fragmentos de um discurso amoroso

Quer que me comportes, domando a minha libido.
Então, recebo uma carta, envelope pardo, sem remetente. Abro, e para minha perplexidade, é uma foto tua, naquele vestido vermelho que eu te dei. Deus! Meu corpo, em chamas, vai ao encontro do teu. A minha alma já entregou os pontos, já se deu por vencida! Cansou de evitar o inevitável! Busco-te pelos aposentos da casa triste. De súbito, abro a tua porta sem bater. Estás ali, cálida, à espera. Tomo-te em meus braços, seguro-te com força, crava as tuas unhas, poderosas armas, em meu peito e diz-me sem forças ou convicção, que me odeia profundamente, esboça algo que não teve continuidade. Calei-te com o meu beijo, e a tua língua áspera logo escrava do desejo, procurou a minha. Assim, de forma simples, sem suspiros, promessas e ruídos, com roupas jazendo, quedas no chão, estávamos ali. A minha língua desceu sedenta, rodeou o teu pecoço cor de marfim e chegou a tua nuca, desesperada por estímulos, a tua pele arrepiou, rocei os meus dentes em teus mamilos entumescidos, após longo caminho, cheguei ao teu ventre liso e matei minha sede em teus povoados pequenos. Nos amamos, num furor que nos devorou, mas depois, mesmo exaustos, teu corpo suado, branco e magro arfava, teus seios rosados, da medida da palma de minha mão, ainda estavam tesos, apontavam para o ceu azul deste inverno sem nuvens. Ainda com as mãos entrelaçadas, tranqüilos, olhamos os nossos olhos brilhando de desejo, com pena dos amantes ainda não iniciados.
Paulo Mello

NOVALIS - Lições

"Quem não é capaz de fazer um poema, também só o julgará negativamente. A genuína crítica requer a aptidão de produzir por si o mesmo produto a ser criticado. O gosto por si só julga apenas negativamente.
Todo poeta tem de ser um indivíduo vivente, Que inesgotável quantidade de materiais para combinações individuais não existe ao redor! Quem uma vez advinhou esse segredo - esse não necessita de mais nada, a não ser a decisão de renunciar à infinita multiplicidade e a seu mero gozo e de em alguma parte começar.
O gênio em geral é poético. Onde o gênio atuou - atuou poeticamente. O homem genuinamente moral è poeta."

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Promessa a uma menina-flor

Depois de postar dois monumentos da arte de amar, deixo aqui o humilde testemunho do meu amor por uma bela menina, cujo caminho um dia cruzou o meu, e, num átimo de segundo, os nossos olhos se encontraram e ela casta abaixou os seus, e enrubesceu (enrubesce fácil, até hoje, a minha menina). Ali estava a motivação da minha "Vita Nuova", que se renova com mais força, a cada instante de vida.
Uma flor selvagem, à espera de alguém que a veja, sinta o seu frescor de juventude e a admire como deve ser admirada. Uma pedra bruta à espera de um lapidador à altura do seu esplendor de diamante.
Uma menina, simples, de sorriso doce e meigo que estava então à espera, para consertar o meu coração em pedaços.
"Continuo te amando, incondicionalmente,
mesmo que digas o contrário,
teus olhos me desejam e tuas mãos brancas e delicadas,
tocam com os teus dedos finos e longos,
o meu corpo desejoso do teu.
Sinto ao me aproximar de ti, o cheiro do teu corpo
prenhe de sentimentos.
Mas o amor, como toda coisa gostosa e doída,
tem os seus percalços.
A distância, as águas inquietas do oceano da vida,
os náufragos que teimam
em se agarrar a nós sobreviventes.
E , piedosos, deixamo-nos agarrar e
nos debatemos para não ir ao fundo.
"Ah!, eu me agarrava a ela porque não tinha mais ninguém..."
Sim, nos dispomos a recolher os destroços de naufrágios alheios.
Claro, salvaremos esses náufragos que se agarraram a nós
numa época distante,
de distantes mares e lugares além do nosso conhecimento.
Mas como uma fruta, o nosso querer,
se tranforma a cada intante
de estio, em uma fruta madura.
Agora, é amor, puro, doce e desprovido de qualquer outra intenção.
Disposto a tão somente a amar.
Amor sensual, de toques, beijos, suspiros,suores e desejos.
Amor fraternal, de amigo, irmão, de preocupação um com o outro.
Esse amor se completará e, maduro, será no devido tempo, colhido por nós.
Numa conunhão de almas que se entrelaçaram há muito tempo.
Sua semente,
plantada no ventre liso e fértil, gerará novas árvores, sentimentos e frutos
e o ciclo se tornará eterno.
Como prometi hoje,
olhando nos teus doces olhos de menina-flor,
deixarei aqui, de cantar o nosso amor.
Salve os teus náufragos.
Quedo, estarei sempre próximo de ti,
ao primeiro sinal teu,
estenderei a minha mão e
te salvarei de se afogar no oceano do meu desejo."
Paulo Mello
PS.: escrevi este filhote de pensamento, hoje, no vazio que existe entre as aulas e períodos letivos.
Espero não te decepcionar tanto. Mas o sentimento falou mais alto.

O carteiro e o poeta

Há muito tempo, existia uma criatura ranzinza, que se parecia comigo (então, devia ser feia como o diabo!) e tinha o meu nome. Num belo dia, viu um filme singelo, tocante, pungente, até. Nele, um trecho da vida de Pablo Neruda ("O Poeta do Amor") era contado. Misturando imaginação e poesia, o filme não saiu da memória da triste criatura. Como Deus, após deixá-lo anos na solidão do mais cruel dos desertos, se apiedou dele,deu-lhe uma nova chance! Rapidamente, como um raio inesperado num céu de estrelas, ele se transformou: despiu-se da tristeza, deu adeus a tudo o mais e passou a dedicar-se a uma única coisa: a amar! Sua memória fotográfica foi capaz de postar esse belo poema do poeta maior, que veio do Chile adoçar os nossos corações! "Desnuda és tão simples como uma das tuas mãos, lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente, tens linhas de lua, caminhos de maçãs, desnuda és delgada como o trigo desnudo. Desnuda, és azul como a noite em Cuba, tens trepadeiras e estrelas nos cabelos. Desnuda és enorme e amarela como o verão numa igreja de ouropel." Hoje, ele fica ressabiado e pensa se o poeta conheceu um dia a sua amada...

Holderlin

Como a poesia é sábia! Gosto muito dela. Lamento o sumiço momentâneo dos textos de política e de filosofia, como hoje me foi raclamado. Mas, como posso dizer sobre isso, se meu coração grita, galopa, palpita, pula, sacode e canta apenas o nome dela!
Holderlin, poeta germânico (1770/1843), escreveu o belo poema abaixo, que eu, no entusiasmo da minha "Vita Nuova", deixo-lhe com um sorriso!
"Ainda em mim retorna a doce primavera, Ainda o alegre coração não envelhece, Ainda ao olho meu do amor o orvalho vela, Ainda a espera de prazer e dor me aquece. Ainda em mim confia com mais doce agrado O firmamento azul e o verde da planura, E me oferece a taça da alegria a diva, A sempre amiga e jovilíssima Natura. Confia, que esta vida vale as próprias penas, O tanto quanto Deus nos ilumine pobres, E pairem n'alma imagem de melhores cenas, E assim, com nosso olhar o olhar do amigo, ah, chore."

O "jeitinho" brasileiro

O jornal OESP, na edição de domingo passado, 17/08/2008, trouxe, no caderno Aliás, uma matéria interessante. O brasileiro (esse ser amorfo e movediço) condena duramente a corrupçãp pública, mas é tolerante quando ele próprio negocia o jeitinho. Essa matéria, me lembrou algo como o fundamento filosófico/político de uma nação. Se a maior parte do povo pensa dessa maneira, ele age de maneira igual. Sendo assim, NUNCA, vamos moralizar esse cortiço que atende pelo nome Brasil. Creedo! Se pensar assim, deixo amanhã mesmo de lecionar. Prefiro acreditar que foi erro de impressão na hora de fazer o jornal!

O cavaleiro, a menina e o amor

A delicada flor de madressilva veio de longe,com a sua delicadeza e perfume característico, se aconchegou e fez ninho em meus braços, atraiu as pequenas borboletas que pousam seus dedos finos e brancos, brinca com elas, como uma menina brincaria. Surpreso com tal aventura, soprei a poeira do tempo de meus olhos, arranquei as teias do passado que cobriam o meu coração que já não mais podia amar. Tinha desaprendido. Agora, a luz dos olhos dela reflete a vida nos meus. É luz da minha alma, que ilumina o meu caminho com a sua retidão e graça. Hoje, meu coração luzidio galopa seguindo o pulsar do seu coração de menina, e, vivemos no mesmo ritmo. Eu cavaleiro de muitas batalhas ela pequena flor virginal. Carrego-a comigo por todos os caminhos onde me é dado a combater. Nada mais pode nos vencer. Agora, somos invencíveis, como os deuses que um dia habitaram a mais alta das civilizações.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Amo uma menina

Ah! como é bom ser querido e ao mesmo tempo amar!
A janela do tempo retrocedeu e voltei à adolescência. Amo, puro, desprovido de pecados e aflições! E ela me ama também! Carrego-lhe, muito cuidadoso, na palma da minha mão. Ela é linda, muito delicada. Com seu corpo branco,seios rosados, ventre liso e delgado é a magnum opus da humanidade! Merece todo o meu amor e carinho. O sacrifício da minha vida, estou disposto. Inevitável pensar em Deus que me concedeu esse amor na vita nuova. Um Novo Recomeço. Sinto a felicidade roçar a minha pele. Tenho medo de despertar de um sonho, mas ela diz, com seu perfume, com a sua presença, o seu sorriso, que é real. Quase choro de alegria e satisfação!
Ela me ama! Ela me ama!
NADA poderia ser melhor! Amanhã será um belo dia!

sábado, 16 de agosto de 2008

FILOSOFIA - Nietzsche

"Instinto de rebanho. - Onde quer que deparemos com uma moral, encontramos uma avaliação e hierarquização dos impulsos e atos humanos. Tais avaliações e hierarquizações sempre constituem expressão das necessidades de uma comunidade, de um rebanho: aquilo que beneficia este em primeiro lugar - e em segundo e terceiro - é igualmente o critério máximo quanto ao valor de cada indivíduo. Com a moral o indivíduo é levado a ser função do rebanho e a se conferir valor apenas enquanto função. Dado que as condições para a preservação de uma comunidade eram muito diferentes daquelas de uma outra comunidade, houve morais bastante diferentes; e, tendo em vista futuras remodelações essenciais dos rebanhos e comunidades, pode-se profetizar que ainda aparecerão morais muito divergentes. Moralidade é o instinto de rebanho do indivíduo."
A Gaia Ciência - Capítulo III, aforismo nº 116

EM BRUXELAS ENCONTREI MINHA GALATÉIA

Sob o domínio de Morpheus, fui procurá-la em terras distantes. Atravessei tempestades oceânicas e terras estranhas, mas finalmente cheguei ao meu objetivo: a terra de valões e flamengos - a Bélgica. Marcamos um encontro no Manneken Pis (que os valões chamam de Petit Julien), uma estátua de bronze de um menino fazendo xixi. A noite estava começando, mas permanecia claro como se fosse dia. Quando ela chegou, com o seu perfume de menina e sorriso maroto de quem fez arte, trajava um jeans comum desbotado em algumas partes, com uma camisa esvoaçante, sensualmente decotada! Calçava tênis dourado, de lona, cano curto.
Seus cabelos bem cuidados realçavam a magreza e a brancura do seu corpo. Logo os seus olhos brilharam, indicando a direção a seguir. Fomos abraçados em meio a uma multidão, anônimos e felizes. Andamos pouco e chegamos a um lugar chamado Délirium Café, numa rua de nome curioso: Impasse de la Fidelité. Conversamos muito, sobre todos os assuntos, nossas mãos tocavam discretamente os nossos corpos, saciando a saudade que tinham de nossas impressões
físicas. Beijamo-nos, namoramos, dissemos um para outro pequenos segredos sem importância, juramos coisas impossíveis, mas a felicidade nos intoxicava. Depois de passadas algumas horas (perdi a noção do tempo), nos levantamos um tanto alegres demais e tomamos o rumo do próximo bar. Quis o destino que ele se chamasse A La Mort Subite, e o nome da rua lembrava o de um filósofo: Montagne aux Herbes Potagères. Lugar muito bonito, decorado com espelhos e colunas art-déco. Mais cervejas, misturadas a promessas de amor, de eternidade. De repente, justamente quando ela dizia o quanto me amava, Morpheus abandonou-me miseravelmente. Sentei-me na cama, bêbado com as cervejas do sonho e pensei: um bar não deveria se chamar assim.

SÁBADO - 4:00

Perdi o sono, perdi noção de quantas cigarrilhas fumei e estou espantado com a quantidade de conhaque que desapareceu da garrafa de cristal em cima da mesa. Perdi também o meu amor.
Ela se foi, atravessou o oceano e disse que não mais voltará para os meus braços. Perdi o meu orgulho, minha razão e tudo o mais. Deixo-me levar. Sei que ali adiante existe um precipício, mas nada temo, ao contrário, sinto um forte desejo de apressar o passo e acabar com essa agonia de uma vez.
Rola baixinho, para não espantar os fantasmas que me rodeiam, o som distante do trumpete de Miles Davis. Ele embala uma música triste, quase existencialista, "Nuit sur les Champs-Élysées". Olho para a capa do disco e vejo a bela Jeanne Moreau - seus lábios trazem a volúpia dos amantes. Lembrei-me dela novamente. Mesmo que a personagem anuncie Ascenseur pour l'échafaud, eu apostaria todas as minhas fichas na paixão avassaladora que me consome centímetro por centímetro. Não sei se por efeito da bebida forte, fico cada vez mais lúcido, a música ganha contornos distintos, suaves, melancólicos. O desespero cede lugar a uma suave melancolia.
Ah! O conhaque acabou e a vizinha do lado está reclamando do barulho. Adeus liberdade!

FILOSOFIA - Schopenhauer II

"CONTRIBUIÇÕES À DOUTRINA DO SOFRIMENTO DO MUNDO
O consolo mais eficaz em toda infelicidade, em todo o sofrimento, é observar os outros, que são ainda mais infelizes do que nós: e isto é possível a cada um.
Parecemos carneiros a brincar sobre a relva, enquanto o açougueiro já está a escolher um ou outro com os olhos, pois em nossos bons tempos não sabemos que infelicidade justamente agora o destino nos prepara - doença, perseguição, empobrecimento, mutilação, cegueira, loucura, morte, etc.
A história nos mostra a vida dos povos, e nada encontra a não ser guerras e rebeliões para nos relatar; os anos de paz nos parecem apenas curtas pausas, entre atos, uma vez aqui e ali. E de igual maneira a vida do indivíduo é uma luta contínua, porém não somente metafórica, com a necessidade ou o tédio; mas também realmente com outros. Por toda parte ele encontra opositor, vive em constante luta, e morre de armas em punho."

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

W. H. AUDEN

"LUNAR, ESTA BELEZA Lunar, esta beleza É primeva, inteira, Não tem nenhuma história. Se a beleza mais tarde, Exibe algum traço, Foi porque já teve amante, Já não é como antes. Nisto, qual em sonho, Vige um outro tempo, Perdido se o dia De tudo se apropria. O tempo são centímetros E mudanças de alma Que espectro assombrou, Perdeu e desejou. Mas isto, por certo, Não foi coisa de espectro, Sentiu-se a gosto, ainda, E enquanto persista, Nem se chega amor A tal doçura e a dor Tampouco lhe vem dar Seu infinito olhar."

Augusto dos Anjos

"MONÓLOGO DE UMA SOMBRA Ah! Dentro de toda alma existe a prova De que a dor como um dartro se renova, Quando o prazer barbaramente a ataca... Assim também, observa a ciência crua, Dentro da elipse ignívona da lua A realidade de uma esfera opaca. Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa, Abranda as rochas rígidas, torna a água Todo o fogo telúrico profundo E reduz, sem que, entanto a desintegre, À condição de uma planície alegre, A aspereza orográfica do mundo! Provo desta maneira ao mundo odiento Pelas grandes razões do sentimento, Sem métodos da abstrusa ciência fria E os trovões gritadores da dialética, Que a mais alta expressão da dor estética Consiste essencialmente na alegria."

FILOSOFIA - Schopenhauer

"As dores do mundo Nenhum indivíduo é talhado para a duração eterna: ele sucumbe na morte. Entretanto, nada perdemos com ela. Pois a existência individual subjaz algo inteiramente outro, do qual ela é uma exteriorização. Esse algo não conhece nenhum tempo, portanto nenhuma duração ou perecimento (...) Aquela existência que permanece intocada na morte do indivíduo não possui por formas nem o tempo nem o espaço: por outro lado, tudo o que é real para nós apareceu nessas formas, por isso, a morte nos aparece como uma aniquilação. Cada pessoa sente que é algo mais do que um ser criado por outros a partir do nada. Daí lhe nascer a convicção de que a morte até pode colocar fim à sua vida, mas não à sua existência. Por conta da forma cognitiva do tempo, o homem se apresenta como uma raça de seres nascendo e morrendo continuamente. O homem é algo mais do que um nada vivificado (...) Como pode um homem, diante da visão da morte, supor que por ela uma coisa-em-si se torne um nada (...) É um conhecimento imediato e intuitivo de cada homem que, aquilo que encontrar o seu fim, é antes apenas um fenômeno no tempo, sem que a coisa-em-si seja atingida pela morte (...) (...) Podemos, por conseguinte, considerar cada homem a partir de dois pontos de vista opostos: de um, ele é o fugidio e efêmero indivíduo, que principia e finda temporalmente, fatalmente atado a erros e dores; - de outro, ele é a essência originária indestrutível, a objetivar-se em toda existência (...)"

Mário de Sá-Carneiro

"Quase Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém... Quase o amor, quase o triunfo e a chama, Quase o princípio e o fim - quase a expansão... Mas na minha alma tudo se derrama... Entanto nada foi só ilusão! De tudo houve um começo... e tudo errou... - Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... - Eu falhei entre os mais, falhei em mim, Asa que se elançou mas não voou... Momentos de alma que desbaratei... Templos onde nunca pus um altar... Rios que perdi sem os levar ao mar... Ânsias que foram mas que não fixei... Se me vagueio, encontro só indícios... Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; E mão de heróis, sem fé, acovardadas, Puseram grades sobre os precipícios... Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí... Hoje, de mim, só resta o desencanto Das coisas que beijei mas não vivi... Um pouco mais de sol - e fora brasa, Um pouco mais de azul - e fora além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém."

Pablo Neruda

"As Feridas Foi talvez a ofensa do amor escondido e talvez a incerteza, a dor vacilante, o temer à ferida que não somente a tua pele e minha pele, transpassasse, mas que chegasse a instalar uma lágrima áspera nas pálbebras da que me amou, o certo é que não tínhamos nem céu nem sombra nem ramo de vermelha ameixeira com fruto e orvalho e só a ira dos becos que não têm portas entrava e saída em minha alma sem saber onde ir nem voltar sem matar ou morrer."

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Fernando Pessoa

"Dorme enquanto eu velo... Deixa-me sonhar... Nada em mim é risonho. Quero-te para sonho, Não para te amar. A tua carne calma É fria em meu querer. Os meus desejos são cansaços. Nem quero ter nos braços Meu sonho do teu ser. Dorme, dorme, dorme, Vaga em teu sorrir... Sonho-te tão atento Que o sonho é um encantamento E eu sonho sem sentir."

Manuel Bandeira

Eu faço poema como quem chora De desalento... de desencanto... Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente... Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do meu coração. E nestes versos de angústia rouca, Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca. - Eu faço versos como quem morre.

Ana Cristina César

"Fotografando Hoje estas delícias do banal me lembram quando eu te amava à distância - trope galope de dois cavalos pelo mato abro o livro do dever muito depressa sacudo as folhas do alto da cabeça e cai um aviso, mania de segredamento "naquele dia..." Lampejei."

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Romance sonâmbulo

"Verde que te quero verde. Verde vento. Verdes ramas. O barco no mar e o cavalo na montanha. Com a sombra na cintura ela sonha em seu balcão, verde carne, pêlo verde, com olhos de fria prata. Verde que te quero verde. Sob a lua gitana, as coisas a estão olhando e ela não pode olhá-las." Federico Garcia Lorca

Canto amigo

"Eu te direi: poderás te libertar do peso da vida,
Poderás encontrar um amigo no fantasma que te habita,
Os homens poderão amordaçar os tiranos que quiserem
se transformar num só.
Eu te direi: da própria fraqueza emerge a força,
E muitas vezes a renúncia é o esquema da vitória.
Se conheces o dom que vem do alto e que afasta!
Por que aumentas o terror que rodeia o teu lar,
Por que em vez dos retratos dos poetas
Que prolongam no tempo a corrente do amor e da fraternidade
Suspendes na tua casa fotografias de couraçados e de fortalezas volantes
Por que acreditas no julgamento dos chefes transitórios do homem
Por que recusas pão e brinquedos às crianças, dando-lhes granadas
Que futuro preparas, homem amigo, para os teus descendentes
Ó meus irmãos, eu ando entre vós como o sobrevivente
duma cidade arrasada.
Ouvi os últimos acordes do meu canto de perdão e de ternura
Antes que as rádios extingam minha palavra com anúncios de guerra.
Ó meus irmão, eu sou aquele que não ri, o que não mistifica,
Eu sou o que vos poderia odiar e que vos ama,
Eu sou aquele que espera a vitória divina sobre as forças do mal
Que agem poderosamente dentro de mim e de vós."
Murilo Mendes

Me transformo

"Me transformo, outra janela - outro que se afasta e não se reaproxima nas desobjetivações e reativações, nas linhas e realinhamentos outros me atravessam morto de ser coisas perdem o sentido expressões figuradas como ossos de borboleta me transformo na observação de uma pétala Me transformo a mesma janela - outro que não se afasta Nas objetivações, alinhamentos e linhas inexistentes iguais me repassam Retrato desativado, taxidermista de mim mesmo" Régis Bonvicino

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

E se eu disser

"E seu eu disser que te amo - assim, de cara,
sem mais delonga ou tímidos rodeios,
sem nem saber se a confissão te enfara
ou se te apraz o emprego de tais meios?
E se eu disser que sonho com teus seios,
teu ventre, tuas coxas, tua clara
maneira de sorrir, teus lábios cheios
da luz que escorre de uma estrela rara?
E se eu disser que à noite não consigo
sequer adormecer porque me agarro
à imagem que de ti em vão persigo?
Pois eis que o digo, amor. E logo esbarro
em tua ausência - essa lâmina exata
que me penetra e fere e sangra e mata."
Ivan Junqueira.

Procurando chifre em cabeça de cavalo

O Sinistro da Justiça, Tarso Genro, não tendo o que fazer num país tão calmo e tranqüilo como o Brasil, resolveu criar uma polêmica quando defendeu uma punição para os militares que participaram da tortura de civis durante a ditadura militar (1965/1985). A questão esbarra na existência da Lei da Anistia (será ampla, geral e irrestrita) aprovada em 1979. Mas o sinistro da justiça parece que não entende muito de leis, afinal ele é só o Ministro da Justiça! Os militares estão inquietos...

Mistérios insondáveis cercam o nosso grande líder

Há algo de muuuito sinistro no ar quando depois de seis anos e meio de (des)governo o nosso grande líder, o pai da nação, resolve criar o Sinistério da Pesca por Medida Provisória. Nem o presidente doa Câmara, Arlindo Chináglia consegue justificar o caráter ungente da medida.
É mais um buraco onde recursos legítimos terão um destino obscuro. Engordar o patrimônio de alguém, talvez.

A misteriosa classe média emergente

Muito se festeja neste país o crescimento da classe média, mas não se comenta que tal crescimento foi causado pela estabilidade criada pelo plano real, sua transformação quando necessária (câmbio flutuante, por ex.) e na sua continuidade através dos anos (ele é de 07/1994).
Além disso é necessessário uma análise acurada sobre a qualidade desses empregos (que são baixa qualificação). Como eu disse ontem: há tanta coisa a fazer! Não podemos achar que isto já foi o suficiente. Não dispersar a nossa atenção com outras coisas (Olimpíada, por ex.).

Os senhores da guerra.

E pensar que a paz no planeta depende de dois seres como o Bush e o Putin dá medo!
Enquanto o Bush destrói o Iraque e com ele uma civilização milenar (mesopotânica), o seu companheiro russo na fica atrás: os bombardeios à Geórgia e a não aceitação de paz já demonstra a queda que o Putin tem em destruir países. Pobres povos, que Deus os proteja! Porque os homens não mostram nenhuma disposição nesse sentido.

Eleições nos EUA

O candidato dos democratas, Barack Obama tá me parecendo um grande furada, como o Fernando Collor de Mello foi pra nós em 1989. Cada vez que discursa, ele passa um programa econômico diferente, mais conservador. Isso significa que ele não tem um projeto definido para os EUA. Quer tão somente ganhar as eleições. Daí vale-se de todas as estratégias para garantir mais eleitores. Um político menor, típico de um sociedade em crise como a norte-americana. O candidato republicano, John MacCain, tem contra ele o peso da idade e o fato que ele tem um plano para o Iraque mas escorrega quando o assunto é política interna. Para quem ja teve como presidente um político como F. Delano Roosevelt, é lamentável tal situação.

domingo, 10 de agosto de 2008

Nosso Senhor é praça-forte - Martinho Lutero

"Nosso senhor é praça-forte, um bom escudo e arma. Liberta-nos de toda sorte de mal que nos alarma. O velho e vil rival declara guerra. Seu arsenal - ardil e mais poder hostil - não tem igual na Terra Com nossas forças nem a custo vencemos a contenda. Deus mesmo escolhe o homem justo, Porém, que nos defenda. Mas quem é ele Seu nome é Jesus Cristo, Deus único e benquisto, guerreiro que repele esse inimigo reles. Mesmo que o mundo tomem demos querendo devorar-nos, vamos vencer e assim podemos tratá-los com escárnio. Grite iracundo, pois já não se recobra, o Príncipe do Mundo. Julgado está de sobra e uma palavra o dobro. O Verbo há de vingar malgrado negarem-no - O Senhor traz, apoiando o nosso lado, espírito e esplendor. Com nosso endosso, tomem-nos carne e osso, bens, nome, prole, esposa. Não ganham grande coisa. O Reino ainda é nosso."
Após essa abertura das Olimpíadas em Pequim, Londres vei ter que rebolar muito para se equiparar. A alta tecnologia e a delicadeza uniram-se de maneira inédita. Foi um espetáculo que demonstrou do que é capaz a China. Gigante. Não, não vou falar de uma (im)possível olimpíada no Brasil. A abertura seria com muito bumbo e batuque, com mulatas seminuas.
Só propagandeamos isso! O nosso Grande Líder está na China tentando viabilizar o evento.
E as coisas aqui ainda se encontram por fazer. Há tanta coisa! Sem comentários...

sábado, 9 de agosto de 2008

"Ah, o desperdício de falar, quando há tanta coisa a ouvir de quem nada tem a dizer. Às vezes somos como o grito de uma serraria, escondendo o solo perfeito de um violino. Só é preciso prestar atenção e ficar em silêncio, para escutar a música que vem do mundo. Nela estão as respostas que procuramos, e nela está a certeza de que todas as perguntas são fúteis quando somos felizes."
Luiz Carlos Lisboa

Dia de Outono

"Senhor: é mais que tempo. O verão foi muito intenso. Lança a tua sombra sobre os relógios de sol e por sobre as pradarias desata os teus ventos. Ordena às últimas frutas que fiquem maduras; dá-lhes ainda mais uns dois dias de calor, leva-as à completude e não deixes de pôr no vinho pesado sua última doçura. Quem não tem casa, não a irá mais construir. Quem está sozinho, vai ficá-lo ainda mais. Insone, há de ler, escrever cartas torrenciais e correr as aléias num inquieto ir-e-vir enquanto o vento carrega as folhas outonais." R. M. Rilke

Trompe L'oeil

"Nosso amor, como tudo nesta vida: faz-de-conta, um bordado de miçangas num trapo fabuloso entre varandas pintadas em paredes sem saída... É assim que me apareces, rodas, andas e eu sigo em tertúlias e quadrilhas onde o amor é a aquarela das sibilas. Mas olha como o vento enfuna as mangas fictícias, pintadas na cal virgem da perfeita mansão avarandada que eu fabrico de sonho, de vertigem, de desespero... O vento vem do nada e ao nada leva tudo, a cor pintada e o nosso vago amor voltando à origem..." Bruno Tolentino