Direita holandesa quer fechar mesquitas para conter invasão de 'Mohammeds'
Jean Pierre Stroobants - Le MondeO nacionalista-populista holandês Geert Wilders ataca novamente: seu Partido da Liberdade (PVV, na sigla em holandês) agora defende o fechamento de todas as mesquitas da Holanda.
"A mensagem tem de ser clara: o país precisa ser desislamizado", explicou recentemente um dos membros do partido extremista durante um debate turbulento no Parlamento de Haia. Machiel de Graaf, um dos porta-vozes do líder do partido, provocou polêmica ao falar na "avalanche de crianças chamadas Mohammed" nas escolas e na "unidade, identidade e cultura holandesas ameaçadas pela imigração e pelos úteros."
O PVV, durante as legislativas de 2012, defendia a proibição de minaretes e a suspensão da construção de mesquitas, não sua proibição. Questionado sobre esse atentado à liberdade religiosa, um tema chave do debate público na Holanda, o deputado explicou que o islamismo não era uma religião, mas sim uma ideologia. Wilders, que no passado comparou o Corão com o "Mein Kampf", já havia falado em uma ideologia "fascista", e informou através do Twitter que aprovava o ponto de vista de seu colega de partido.
"Cultura estrangeira e bárbara"
A polêmica sobre as mesquitas faz parte do modus operandi do PVV: "Ultrapassar um limite novo a cada vez, para chamar a atenção", explica Tom-Jan Meeus, do jornal "NRC Handelsblad". Wilders tem o costume de testar novas ideias fazendo com que um de seus colaboradores as exprima. Se ele vê que elas causam discussão e não provocam uma crítica generalizada, ele as endossa e as amplifica.O PVV, partido mais popular do país de acordo com várias sondagens, tem procurado novamente se destacar com a aproximação de novas eleições: os holandeses votarão em março de 2015 para renovar os conselhos de suas doze províncias.
Essas eleições têm importância nacional porque os parlamentares das províncias em seguida escolhem os membros da primeira Câmara, o Senado. Wilders, que sofreu uma derrota nas últimas eleições europeias, espera voltar a um lugar de destaque ao brandir seu tema predileto: a ameaça islâmica.
De Graaf atribui todos os problemas vividos pela Holanda, reais ou imaginários, à presença de muçulmanos no país. O equilíbrio deste, segundo ele, teria sido preservado caso a imigração em massa não tivesse causado "os pregadores raivosos, a reunificação familiar, a vitimização, a criminalidade dos marroquinos e a interferência turca."
Esse último ponto é uma referência a uma grande polêmica entre Ancara e Haia ocorrida após a publicação recente de um relatório do ministério holandês de Assuntos Sociais. O estudo denunciava o papel das autoridades turcas em uma série de associações, sobretudo religiosas, ativas na Holanda. O governo de Ancara acusou o uso de "uma linguagem agressiva e acusações racistas".
Geert Wilders gosta de propagar seu evangelho entre seus aliados europeus. No sábado ele esteve no congresso da Frente Nacional, em Lyon, para manifestar seu repúdio a uma "cultura estrangeira e bárbara.
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