E a JBS, hein?
Roberto Dias - FSP
Suponha que você seja dono de um açougue no interior. Um dia descobre uma ótima oportunidade de negócio: o ramo do crime.
Você decide dar bola a tantos quantos conseguir. Prefeitura e Câmara,
eleitos e candidatos, fiscais sanitários, o gerente do banco público que
pode liberar generosos empréstimos, o gestor da empresa estatal que
terá súbito interesse em injetar capital no seu açougue —quem quiser
levar algo só precisa entrar na fila. Seus novos amigos não cabem no
dedos de muitas mãos, você leva alguns deles para passear de iate,
planilhas registram quem ganhou o quê.
Sua generosidade transborda. É essa gente, montada na Viúva, que lhe fará super rico.
Só que uma hora a casa cai. Você acaba levado em cana.
Toma multas suaves —a mais "dura" delas faz com que pague a cada ano um
dia de seu faturamento diário. É preso e afastado da gestão do açougue.
Mesmo assim, mantém as rédeas da empresa; vende um pedaço aqui outro
ali e coloca seu pai para cuidar da lojinha, a despeito do beiço do
banco e da empresa estatal que lhe ajudaram.
É justo que você mantenha todo esse patrimônio após muita corrupção? É
moral que você continue tendo dinheiro público sob seu controle?
Pois bem, caminha nesse sentido a narrativa da JBS, seja pelo que ainda está em investigação, seja pelo muito já confessado.
Quem pensa que seu crescimento explosivo se deveu a um método incrível de gestão deve acreditar também na Mula-sem-cabeça.
Quem compra o discurso de que "é preciso preservar os empregos" esquece que já se comia carne antes de Tony Ramos nascer.
Quem sonhou mudar os dicionários da língua portuguesa foi Joesley Batista, que ameaçou processar
quem lhe chamava de "criminoso confesso". E quem, soube-se depois,
definia-se a si próprio como "criminoso", esse também foi Joesley
Batista.
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