O pato caiu na delação
Bernardo Mello Franco - FSP
As delações dos marqueteiros Duda Mendonça e João Santana ajudaram a
desvendar os esquemas do PT. Agora é a vez de Renato Pereira abrir a
caixa-preta do financiamento das campanhas do PMDB.
As confissões do publicitário atingem figurões do partido nas duas
maiores cidades do país. No Rio, ele delatou Sérgio Cabral, Luiz
Fernando Pezão e Eduardo Paes. O primeiro está preso, o segundo é o
atual governador e o terceiro quer disputar a cadeira em 2018. O plano
pode ser abortado se a doutora Raquel Dodge completar o serviço do
antecessor.
Na delação, Paes é acusado de organizar um caixa clandestino com
dinheiro de empreiteiras e da máfia dos ônibus. Numa passagem, o
marqueteiro diz que o ex-prefeito o orientou a buscar R$ 1 milhão em
espécie na sede das empresas de Jacob Barata Filho, que voltou a ser
preso nesta semana. Paes nega as acusações.
Em São Paulo, Pereira delatou Paulo Skaf e Marta Suplicy. A dupla
defendeu as cores do PMDB nas últimas eleições para o governo e a
prefeitura. No ano que vem, Skaf pretende disputar o mesmo cargo. Marta
tentará a reeleição no Senado.
Segundo o publicitário, a ex-prefeita usou um contrato do Ministério da
Cultura para cobrir gastos eleitorais. Se as provas forem suficientes,
ela pode ser denunciada por peculato.
Na terça-feira, o ministro Ricardo Lewandowski cobrou ajustes no acordo
de delação. A decisão abre espaço para que Pereira esclareça alguns
pontos cegos do depoimento.
No capítulo sobre Skaf, o marqueteiro diz que recebeu dinheiro da Fiesp e
do Sistema S para promover o empresário "com vistas à disputa eleitoral
de 2018". O desvio de finalidade está claro, mas o valor do serviço
ainda é desconhecido.
Pereira também afirma que a campanha "Quem vai pagar o pato?", que
ajudou a instalar o PMDB na Presidência, foi fruto de uma fraude. Ele
conta que Skaf direcionou uma licitação para beneficiar sua produtora.
Falta dizer quanto ganhou pela ideia.
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