Novo chefe da PF diz que corrupção no país e 'sistêmica' e que ampliará Lava Jato
FSP
Indicado ao cargo com apoio da cúpula do PMDB, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia,
afirmou nesta sexta-feira (10) que a corrupção no Brasil é "sistêmica" e
que vai ampliar as operações conduzidas pela corporação, inclusive a
Lava Jato.
"O que a PF pretende é ampliar, aumentar o combate à corrupção. Então
não será só uma ampliação, uma melhoria na Lava Jato, será em todas as
operações que a PF já vem empreendendo. Bem como ampliar, criar novas
operações", disse Segóvia durante cerimônia para assinatura de seu termo
de posse.
"Pode ter uma única certeza: a corrupção nesse país é sistêmica, mas
existe a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e vários outros
órgãos que a combatem e nós pretendemos continuar cada vez mais fortes
nesse combate", completou.
Com aval
do ex-presidente José Sarney e do ministro da Casa Civil, Eliseu
Padilha, ambos do PMDB e alvos de delações no âmbito da Lava Jato, o
novo chefe da PF admitiu que terá que atuar politicamente enquanto
estiver no posto.
"A política, na realidade, faz parte da vida do ser humano, então como
diretor-geral eu tenho que realmente trabalhar politicamente com vários
órgãos, várias instituições, o que não quer dizer que a gente não
combata os crimes, que são cometidos por pessoas", disse Segóvia.
A escolha de seu nome foi estratégia para o núcleo do governo do
presidente Michel Temer, que desejava mudanças na condução das
investigações da Lava Jato. Desde maio, com a delação de executivos da
JBS, as apurações avançaram sobre o coração do Palácio do Planalto.
Segóvia assumiu a PF no lugar de Leandro Daiello, que ficou no posto por quase sete anos, desde o governo Dilma Rousseff (PT).
A cerimônia de transmissão do cargo está marcada para o dia 20 de
novembro, mas Segóvia já assumiu os trabalhos desde esta quinta-feira
(9), quando sua nomeação foi publicada no "Diário Oficial" da União.
TROCAS
O delegado também reconheceu que deve fazer trocas em postos-chave da
PF. Disse que já se reuniu com diversos integrantes da equipe e que
mudanças são "naturais".
"Com certeza sempre tem gente que tá cansado e quer sair, e tem gente que tá novo e quer entrar, isso é natural", afirmou.
Uma das modificações, por exemplo, envolve o posto de número dois da PF,
até agora ocupado por Rogério Galloro, o preferido do ministro Torquato
Jardim (Justiça) para assumir o comando da instituição.
O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Sandro Avelar é
o nome preferido para o cargo. Ele recebeu dinheiro da campanha de
Michel Temer quando foi candidato a deputado federal em 2014.
Candidato pelo PMDB, Avelar teve 21.888 votos e não foi eleito.
Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ex-secretário
recebeu R$ 11,6 mil do comitê de Temer, que naquele ano foi candidato a
vice na chapa de Dilma. O PMDB, por sua vez, doou R$ 236 mil. O total
arrecadado pelo candidato foi, segundo o tribunal, R$ 460 mil.
A reportagem tentou contato com Avelar e com o presidente Michel Temer,
mas até a publicação da reportagem não havia tido resposta.
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