Pobreza atinge 14% dos franceses, aponta instituto nacional de pesquisas
Claire Guélaud - Le Monde
Loic Venanceloic/AFP
Membros da Cruz Vermelha francesa ajudam sem-teto que em um túnel da estação de trem em Chatou, perto de Paris
A pobreza aumentou de forma regular desde 2008, chegando a atingir 14,3% da população em 2011, e esse aumento se explica pelas crescentes dificuldades encontradas pelos pobres para saírem desse estado.
Essas são algumas das principais constatações feitas pelo Instituto
Nacional de Estatística e Estudos Econômicos (Insee) na edição de 2014
de seu relatório anual sobre "As rendas e o patrimônio familiar"
publicado na quarta-feira (2).A pobreza aumentou de forma regular desde 2008, chegando a atingir 14,3% da população em 2011, e esse aumento se explica pelas crescentes dificuldades encontradas pelos pobres para saírem desse estado.
Como sempre acontece com esse tipo de publicação, os resultados apresentados pelo Insee são ao mesmo tempo interessantes e frustrantes, uma vez que remontam ao ano de 2011, um ano de recuperação confirmada com um aumento de 2,1% do PIB. Também porque, desde essa data, o crescimento francês voltou a cair (+0,3% em 2012 e em 2013), o que certamente tem um impacto sobre as rendas das famílias. Esse efeito ainda não é conhecido, por ora. Mas deve-se lembrar de que em 2011, com um crescimento de 2,1%, o índice de pobreza aumentou 0,3%.
A pesquisa "Rendas fiscais e sociais" revela que em 2011 o padrão de vida médio das pessoas que vivem em uma família na França metropolitana era de 19.550 euros (R$ 59 mil), ou seja, 1.630 euros por mês, e que ele permaneceu estável em euros constantes, depois de ter subido e descido em 2010 (-0,5%) e 2009 (+0,4%).
Antes da crise, entre 2004 e 2008, ele vinha aumentando 1,8% por ano em média. 10% das pessoas mais pobres têm um padrão de vida inferior a 10.530 euros; 10% das mais ricas têm uma renda de pelo menos 37.450 euros, ou seja, 3,6 vezes maior.
Recuperação das rendas patrimoniais
Deve-se lembrar de que o padrão de vida é o conjunto das rendas (de atividades, de pensões etc.) recebidas pelas famílias, livres de impostos diretos e em relação ao número de unidades de consumo.
Ao contrário de 2010, quando praticamente todas as categorias de população viram seu padrão de vida cair, somente os 40% mais pobres estiveram nessa situação em 2011. Já os 40% mais ricos viram seu padrão de vida subir. A maioria dos indicadores mostra uma progressão das desigualdades que atingem seu mais alto nível registrado desde 1996.
Esse aumento é um pouco maior na França do que no conjunto dos países da União Europeia. Uma parte provém do dinamismo persistente das rendas muito altas (a partir de 93 mil euros para os mais "ricos", entre 256 mil e 810.700 para os 60 mil "muito ricos" e pelo menos 810.700 euros para os cerca de 6 mil "mais ricos"). A recuperação deles é explicada em grande parte pelo aumento das rendas patrimoniais.
Já a pobreza vem avançando entre os ativos empregados (8% são pobres) e entre os desempregados (38,9% são pobres). Os aposentados foram os únicos que viram seu índice de pobreza abaixar (-0,7%), indo a 9,3%.
Outra informação interessante: de um ano para outro, a probabilidade de continuar pobre é grande, uma vez que dois entre três pobres em 2009 continuaram dessa forma em 2010. Está diminuindo o número de pessoas que conseguem sair da pobreza e 30% das pessoas que entram em situação de pobreza permanecem nessa condição por pelo menos três anos. Por fim, embora pessoas em cargos de gerência e profissões intermediárias saiam em média mais rápido da pobreza, à medida que o tempo passa as diferenças entre categorias de população vão diminuindo.
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