sexta-feira, 28 de outubro de 2011

FERNANDO "NÓ CEGO" HADDAD E O ENEM FRAUDADO

Colégio copiou questões do Enem, afirma ministro
FSP

O ministro da Educação, Fernando Haddad, acusou nesta quinta-feira o colégio Christus de dar acesso antecipado a questões do Enem a seus alunos.
Um simulado realizado pela escola de Fortaleza há duas semanas trazia testes idênticos aos aplicados pelo exame nacional no final de semana passado em todo o país.
O ministro disse que integrantes da escola chegaram a pedir a alunos que não comentassem que o simulado continha questões do Enem.
Haddad afirmou que alguém do Christus copiou irregularmente dois dos 32 cadernos com questões pré-testadas ano passado no colégio. O pré-teste avalia o grau de dificuldade das questões, que depois são incluídas em banco do exame nacional.
O ministro ressaltou, porém, que ainda não é possível saber quais pessoas do colégios se envolveram na ação.
No Twitter, alunos disseram que "Jahilton" foi quem distribuiu o caderno. O site da escola informa que há um docente de física com esse nome. A Folha não o localizou.
HISTÓRICO
O problema veio a público após alunos escreverem em redes sociais, no final de semana, que colégio havia conseguido antecipar questões.
Inicialmente, o MEC identificou oito questões iguais.
Nesta quinta, concluiu que o simulado continha 14 questões do Enem. Elas haviam sido aplicadas no pré-teste realizado por duas turmas da escola em outubro de 2010 --os colégios que fazem o pré-teste são escolhidos por sorteio.
Segundo o MEC, todos os cadernos da pré-testagem foram devolvidos, mas o conteúdo pode ter sido copiado eletronicamente. "O material [o simulado] é o conteúdo de dois cadernos, na íntegra. Está absolutamente comprovado", disse Haddad à Folha.
As provas dos 639 alunos do Christus que fizeram o Enem foram anuladas. Elas serão reaplicadas em 28 e 29 de novembro. Ao todo, 4 milhões de estudantes participaram do exame nacional.
A escola não se pronunciou hoje. Ontem, disse que o simulado foi feito com questões de seu próprio banco de dados, que poderia ter sido abastecido com itens enviados por estudantes.
Haddad disse que a hipótese "é uma impossibilidade lógica", devido ao número de questões coincidentes.
Pais e alunos do Christus disseram que a apostila vazou a estudantes dos colégios Antares, Ari de Sá Cavalcante, Sete de Setembro e Farias Brito. As escolas negam acesso privilegiado, mas disseram que alunos do Christus podem ter repassado o material a seus estudantes.
*
Folha - Como o sr. avalia a edição 2011 do Enem?
Fernando Haddad- O Enem vem ganhando importância e tem sofrido ações criminosas. Mas os problemas de 2010 [tema vazado da redação em PE] e 2011 [simulado no CE] foram controlados. Há pessoas dizendo que o simulado circulou com alunos de outros colégios. Nosso monitoramento não apontou. Não podemos prejudicar 4 milhões com base em boatos.

É possível fazer Enem sem problemas?
Hoje li no New York Times que sete alunos foram processados por terem fraudado o SAT [prova nacional americana]. O que o Enem precisa ter é o antídoto contra ações desse tipo. Claro que precisamos fortalecer os controles, mas sempre haverá o fator humano.

O problema deste ano prejudica sua pré-candidatura à Prefeitura de SP?
Nunca misturo ações do MEC com atividades político-partidárias. E penso que as pessoas compreendem quando o Estado é vítima de ação criminosa.

Aluno aponta possível responsável por vazar questões do Enem

DE SÃO PAULO
Mensagens postadas no Twitter de um estudante dizem que os cadernos distribuídos aos alunos do colégio Christus, em Fortaleza, com questões iguais às que caíram no Enem, foram entregues por uma pessoa identificada como Jahilton. O site da escola informa que há um docente de física com esse nome. A Folha não o localizou.
O MEC (Ministério da Educação) confirmou nesta quinta-feira que 14 questões que estavam em apostila distribuída a alunos da instituição foram copiadas de dois dos 32 cadernos de pré-teste do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) aplicado no ano passado na escola.
Pela rede social, o estudante escreveu em 22 de outubro, primeiro dia de provas do exame: "O Christu mitou. Caiu 8 questões iguais do Enem que tava no nosso caderninho. Valeu Jahilton".

Reprodução/Twitter/@Gabriiellobo
No dia 26 de outubro, o mesmo estudante postou: "só quero ver o que o Jahilton vai far amanhã, ja que foi ele que entregou esses cadernos."

Reprodução/Twitter/@Gabriiellobo
Os candidatos da instituição terão que refazer a prova por determinação do MEC.
Ontem, o ministério reconheceu que um simulado feito pelo colégio, duas semanas antes do Enem, continha oito questões que foram aplicadas no exame, realizado no último fim de semana.
Segundo dados levantados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), 91 estudantes da instituição participaram, em outubro do ano passado, da fase de pré-teste do Enem.
O pré-teste dos itens é feito pelo Inep para avaliar se as questões em análise são válidas e qual é o grau de dificuldade. Depois de aprovadas, elas são incluídas em um banco de itens utilizado para montar a prova.
De acordo com o MEC, nenhum dos cadernos aplicados aos alunos do Christus foi extraviado, mas os técnicos do Inep constataram que as questões contidas nas apostilas são cópias do material aplicado em 2010. O MEC, entretanto, ainda não esclareceu como o material foi copiado.
Vários estudantes do colégio Christus declararam, pelo 0800 do Inep, ter recebido "questões encadernadas em material apócrifo e com programação gráfico-visual distinta do habitualmente distribuído".
A nota do MEC divulga a declaração de um aluno:
"Como aluno da própria escola, confirmo que no máximo três dias antes das provas, recebemos TDs (apostilas) com 92 questões, incluindo 14 que caíram no exame. O mais curioso foi termos recebido das mãos de um dos coordenadores e principais professores, com a instrução de que não deveríamos compartilhar os TDs com nenhum candidato de outra escola." M.R.L., pelo 0800 do Inep. A Polícia Federal no Ceará investiga o caso.
Em nota, o colégio informou que vai recorrer da decisão do ministério de cancelar a prova dos alunos do Christus e nega que tenha praticado qualquer ato ilegal. Para o colégio, a solução mais justa é anular as questões que vazaram.

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