Aldo ignora desvios no Esporte e elogia Orlando Silva
Ministro fala em continuidade e enfatiza organização de Copa e Olimpíadas
Gabriel Castro - VEJA
Para quem esperava que o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, impussesse uma correção de rumos na pasta permeada por corrupção, o primeiro sinal não foi dos mais animadores. Em sua cerimônia de posse, nesta segunda-feira, o comunista não mencionou a necessidade de uma faxina no órgão e usou quase todo o discurso para elogiar o antecessor, Orlando Silva, e discorrer sobre a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
No evento, realizado no Palácio do Planalto, Rebelo prometeu dar atenção especial aos dois eventos esportivos - sinal de que a pasta voltará a atuar na preparação dos torneios. E não fez qualquer menção à necessidade de moralização em convênios firmados pelo ministério, que foram o foco dos desvios nos últimos anos.
O novo comandante do Esporte elogiou o antecessor, Orlando Silva, que deixou o cargo envolvido em denúncias de corrupção. "O desafio se torna mais leve, se torna menor pelo que foi construído e realizado até agora", declarou Aldo, que se manteve ao lado do camarada: "O bem que os homens fazem é enterrado com seus ossos. E o mal que lhe atribuem ele leva consigo", filosofou, citando o romano Marco Antônio.
A cerimônia desta segunda-feira, aliás, transformou-se em uma grande encenação - como no caso dos outros ministros demitidos. Quem se deixar levar apenas pelas declarações acredita que o governo perde um homem altamente capacitado e absolutamente inocente.
Dilma - A presidente Dilma Rousseff foi menos profunda do que Aldo Rebelo e preparou uma citação de Martinho da Vila: "Deixo o rumo me rumar para onde quero ir", sem deixar claro o que queria dizer. De acordo com o faz-de-conta da presidente, foi o ministro quem pediu para deixar o cargo, sob o argumento de que precisava se defender. "Orlando Silva não perde meu respeito. Desejo-lhe muito sucesso em sua cruzada pela verdade. Perco um colaborador mas preservo o apoio de um partido cuja presença no meu governo considero fundamental", afirmou a petista, que classificou a mudança como algo "não planejado".
Curiosamente, a mesma presidente que atribuiu a Orlando SIlva a iniciativa de demissão se contradisse em outro trecho do discurso. Dilma deixou transparecer que a troca foi operada pelo comando do Executivo: "Muitas vezes somos conduzidos a situações inesperadas que temos de enfrentar. E enfrentar, muitas vezes, com tristeza; mas sempre com coragem e determintação. Foi o que fizemos neste caso".
Inocência - O discurso mais aplaudido foi justamente o do homem que rebaixou o Ministério do Esporte a um balcão de negócios. "Depois de passar por essa turbulência, eu fico feliz de poder olhar nos olhos da minha mãe, da minha esposa e da minha filha, de olhar nos olhos da senhora, presidente, e poder falar: eu sou inocente". Nem parecia alguém que perdeu o cargo enrolado em uma teia de corrupção.
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