sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

BRASÍLIA E A PUTARIA DE SEMPRE

Velha história
Boas-vindas de líder do governo a Jader Barbalho, em sua volta ao Senado, reiteram influência das oligarquias regionais na política nacional
FSP - Editorial
Depois do escândalo que forçou sua renúncia em 2001, Jader Barbalho está de volta ao Senado. Duas vezes governador do Pará, ministro da Reforma Agrária e da Previdência no governo Sarney, ex-presidente do PMDB, o senador foi recebido pelo líder do governo na casa, Romero Jucá (PMDB-RR), como um "aliado importante".
Mais um, com efeito. Além do próprio Jucá e do reabilitado Barbalho, a base governista no Senado conta com figuras que, em outros tempos, eram vistas com desprezo pela militância petista. Os ex-presidentes Fernando Collor e José Sarney, por exemplo, disputaram por anos a primazia de figurar como a principal "bête noire" nos furores do PT.
Não foram poucos os motivos para que, no passado, Barbalho estivesse sob o ataque dos que se colocavam como defensores da moralidade no trato dos recursos públicos.
No período que precedeu à sua renúncia, esteve no foco de uma série de suspeitas, envolvendo, por exemplo, desvio de recursos pertencentes ao banco do Estado do Pará, e a concessão, pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) de mais de R$ 9 milhões para construir um ranário, do qual nunca se teve notícia.
Mas o sapo virou príncipe, como se vê, no conto de fadas que se repete diariamente desde a ascensão do PT ao poder federal.
Jader Barbalho teve sua posse impedida em 2010 devido a uma interpretação demasiado estrita da Lei da Ficha Limpa. Seria inelegível o político que tenha renunciado ao cargo para evitar iminente cassação. De fato, foi isso o que ocorreu há dez anos -mas o Supremo Tribunal Federal considerou, não sem sólidos motivos, que a lei não poderia vigorar nas últimas eleições.
Nestas, vale também lembrar, o peemedebista obteve perto de 1,8 milhão de votos, contra os menos de 800 mil da segunda colocada, Marinor Brito (PSOL). Se Barbalho agora ocupa a cadeira de senador, não se pode dizer que a vontade da maioria dos eleitores paraenses foi desrespeitada.
Chega-se ao fundo da questão, que não é bonito de se ver. O prestígio local de políticos como Collor, Jucá, Sarney e Barbalho prepondera sobre a imagem que se tem de seu comportamento na esfera nacional.
Uma rede de patrimonialismo, compadrio, troca de favores e relações familiares, ao lado da constituição de verdadeiros feudos na área de telecomunicações, sustenta lideranças políticas atrasadas, não raro truculentas e corruptas, que, por sua vez, dão apoio aos presidentes da República.
Foi assim com Fernando Henrique, continuou com Lula, e subsiste no governo Dilma. A despeito dos discursos modernizantes, moralistas e triunfais que partem do Planalto, pouco ou nada se fez para modificar de fato a estrutura oligárquica da política brasileira.

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