sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

IH, ELE VAI MATAR! NOOOSSA, ELE ESTÁ MATANDO! CRUZES, ELE MATOU!

Monitor diz que missão da Liga Árabe não é derrubar presidente
Protestos levam 500 mil às ruas e rebeldes sírios anunciam cessar-fogo
O Globo
DAMASCO - Um observador da Liga Árabe disse à multidão enfurecida em Douma, na Síria, que o trabalho de sua equipe é apenas observar e não ajudá-los a retirar do poder o presidente contra o qual se rebelam há nove meses. As imagens do observador, que não revelou seu nome, foram exibidas ao vivo pela al-Jazeera nesta sexta-feira. Os sírios atenderam os apelos da oposição e mais de 500 mil foram às ruas para mostrar a insatisfação com o regime de Bashar al-Assad, em uma das maiores manifestações desde o verão no país.
- Nosso objetivo é observar, não é remover o presidente, nosso objetivo é devolver paz e segurança à Síria - afirmou o monitor da Liga, falando em um alto-falante a partir de uma mesquita lotada de manifestantes.
O observador, entretanto, prometeu divulgar o sofrimento dos manifestantes:
- Pelo que ouvi aqui, sangue está sendo derramado.
Ativistas afirmam acreditar que muitos observadores são pró-governo ou acreditam que é muito difícil comunicar com o grupo longe de acompanhantes do governo. Dentro da mesquita de Douma, a multidão parecia suspeitar dos observadores. Um orador da mesquita tentou acalmar o público, pedindo que deixassem o observador falar. Mas um homem rompeu o silêncio imediatamente, gritando: “Meu filho é um mártir, eles o mataram”, puxando a cantoria de “Com sangue e alma, nós redimiremos os mártires.”
O observador, que pediu ao público que não o filmassem, mas que mesmo assim foi gravado pela al-Jazeera, afirmou:
- Nós, como monitores, não deveríamos falar, mas a situação me forçou a dizer algo: estamos monitorando os elementos de um protocolo assinado entre a Liga Árabe e o governo. Esta é uma missão humanitária para transmitir os problemas existentes e solucionar a crise.
O chefe da missão, o general sudanês Mustafa Dabi, tentou consertar o impacto de suas declarações de que “não havia nada de assustador” em Homs, uma cidade ocupada por militares há cinco meses e que enfrenta uma forte repressão do regime. Em um comunicado, a Liga afirmou que os comentários atribuídos a Dabi eram “infundados e incorretos”, e anunciou que os integrantes da missão só vã se expressar por escrito a partir de agora.
Desertores dizem que interromperam ataques
Riad al-Asad, comandante do Exército Livre Sírio, grupo de desertores das forças armadas de Bashar al-Assad, anunciou nesta sexta-feira que decretou um cessar-fogo das ações de suas tropas durante todo o período em que os observadores da Liga Árabe estiverem no país. Segundo o militar, ordem foi dada desde que a missão de paz chegou a Damasco.
- Dei a ordem para que todas as ações contra as forças do governo sejam interrompidas desde a chegada da missão da Liga, na sexta-feira passada. Não haverá operações, a não ser em situações em que tenhamos que nos defender – afirmou Riad.
Enquanto os rebeldes militares interrompem as atividades, os protestos continuaram a sofrer repressão. Centenas de manifestantes na cidade de Douma entraram em choque com forças de Assad que tentavam reprimir a multidão, atirando gás lacrimogêneo e bombas de prego. Pelo menos 24 pessoas ficaram feridas no confronto. A oposição diz que pelo menos 35 pessoas foram mortas em todo o país nesta sexta-feira.
Os registros dos observadores da Liga Árabe têm gerado muitas dúvidas na oposição síria, já que, após uma visita à cidade de Homs, sede dos protestos contro o governo, o chefe dos monitores, o sudanês Mustafá Dabi, minimizou a gravidade dos confrontos dizendo que não havia “Nada de assustador” no local.
Pouco antes do grupo de fiscalização chegar a Homs, o Exército sírio retirou das ruas os tanques de guerra, que representavam a maior prova da repressão do regime de Assad a manifestações da oposição.
No entanto, o grupo de ativistas do Comitê de Coordenações Locais sírio afirma que ao menos 130 pessoas, entre elas seis crianças, foram assassinadas no país desde a chegada da missão da Liga Árabe, pois forças do governo teriam aumentado a repressão em zonas “voláteis” e afastadas na Síria.

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