sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

CRISE EUROPEIA - ESPANHA

Espanha anuncia cortes 'extraordinários'
Plano de austeridade prevê tesourada de € 8,9 bi no Orçamento e aumento de impostos para arrecadar € 6,2 bilhões
Medida do novo premiê foi anunciada junto com deficit de 8% em 2011, valor maior que o previsto por antecessor FSP
O ano de 2012 será de ainda mais contenção para os espanhóis. Ontem, o novo governo anunciou como pretende driblar a crise: com um grande corte de € 8,9 bilhões (R$ 21,5 bilhões) no Orçamento e aumento de impostos para arrecadar € 6,2 bilhões (R$ 15 bilhões).
As medidas já são uma resposta ao anúncio, também feito ontem, do deficit espanhol de 2011, que chegou a 8% do PIB (Produto Interno Bruto) -dois pontos percentuais maior do que era previsto.
Os cortes afetarão principalmente o Ministério do Fomento, que perderá € 1,6 bilhão (R$ 3,9 bi). As pastas da Indústria, da Economia e de Assuntos Exteriores sofrerão com cortes de € 1 bilhão (R$ 2,4 bilhões) cada uma.
E, segundo a vice-premiê, Soraya Sáenz de Santamaría, os espanhóis devem se preparar: tais medidas são apenas "o início do início". Antes de assumir como primeiro-ministro, em 21 de dezembro, Mariano Rajoy havia manifestado a intenção de cortar € 16,5 bilhões (quase R$ 40 bilhões) do Orçamento para 2012.
"Estamos diante de uma situação extraordinária e imprevista" que exigiu medidas "extraordinárias e imprevistas", disse a número dois do governo após a reunião do Conselho de Ministros.
O novo plano de austeridade surge em meio a um escândalo de corrupção e mau uso do dinheiro público que envolve a família real, num momento que a Espanha enfrenta o maior índice de desemprego da Europa -22,5%-, com perspectiva de crescimento perto de zero em 2012.
CONTENÇÃO
Entre as medidas para conter gastos, está o congelamento dos salários dos funcionários públicos e do valor do salário mínimo em € 641,40 (cerca de R$ 1.550) -após ter sido reduzido em 5% em 2010, durante o governo Zapatero. Os servidores também terão um aumento na jornada semanal de 35 horas para 37 horas e meia.
O governo ainda cortará vagas ociosas no serviço público, com exceção de "serviços essenciais", em áreas como saúde, educação e segurança.
Já o aumento de impostos atingirá os espanhóis que declaram mais do que € 300 mil por ano. Para eles, o imposto de renda ficará entre 0,7% e 7% maior, proporcionalmente à renda declarada.
Segundo o ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, só com essa medida, espera-se arrecadar mais de € 4,1 bilhões. Pesará mais no bolso também o imposto sobre imóveis com valor "acima da média" nos próximos dois anos.
Os únicos beneficiados serão os pensionistas, que terão um reajuste de 1% no valor das aposentadorias. O aumento custará aos cofres espanhóis € 968,5 milhões.
BODES EXPIATÓRIOS
A União Geral de Trabalhadores foi uma das primeiras a reagir ao pacote, criticando as escolhas do novo governo. "Os funcionários públicos voltam a ser os bodes expiatórios para aliviar as contas deficitárias do Estado", disse o sindicato, em comunicado.
O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), do ex-premiê Zapatero, também condenou o plano. "Rajoy disse que não ia subir os impostos. Ele cometeu uma fraude com seus eleitores e enganou todos os espanhóis", disse Inmaculada Piñero, representante do partido no Congresso espanhol.
Apesar de saudar o "significativo pacote" de austeridade, o comissário da União Europeia para Assuntos Monetários, Olli Rehn, lamentou o deficit maior do que os 6% previstos.
Após o anúncio, o principal indicador da Bolsa espanhola subiu 0,92%, mas fechou 2011 com queda de 13,11%.

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