Ano bom para os bandidos
Rodolfo Oliveira - MSM
Os bandidos no Brasil estão em polvorosa. Enquanto os nobres parlamentares brasileiros aprovam a Lei da Palmada e o desarmamento civil, os criminosos impõem, a ferro e fogo, a Lei da Bala. O Brasil é uma festa. Aqui, as pessoas chamam assassinos de “ex-ativista político” e terroristas de “jovens guerrilheiros ideológicos”. Tentem dar uma palmada no seu filho.
O moleque jogou gasolina na irmãzinha mais nova e tentou atear fogo na coitada. Você corre lá, arranca os fósforos da mão do guri e lhe aplica uma palmada no bumbum. Pronto. Você terá agora que lidar com todo tipo de militante politicamente correto e pró “direitos humanos” pelo resto da vida, militantes estes que lhe encherão o saco até você reconhecer que sim, “sou um monstro ignóbil, um ser vil, um destruidor de infâncias alheias e mereço ir para a cadeia por causada daquele atentado contra a juventude (a palmada)”.
Mas eu falava sobre a violência. De acordo com o Mapa da Violência 2012, 50 mil brasileiros morrem vítima da violência todos os anos. Um ser extraterrestre, vendo tais números, poderia me questionar. “Mas como?”. Simples, meu caro ET. Esses dados são consequência direta de uma política pró-bandido.
O pacote é completo e inclui a adequação de certas nomenclaturas à nova realidade (assassino de 17 anos de idade não é um assassino, e sim, um jovem em situação de risco e em conflito com a lei), a criação de mitos (vamos todos promover o desarmamento civil, ainda que 99% dos crimes sejam cometidos por bandidos com armas ilegais) e, também, a glorificação da carreira de bandido (no cinema, na literatura, na música popular brasileira, bandido é sempre o excluído lutando contra a falta de oportunidade de um mundo indiferente e capitalista, enquanto as forças da lei são os caretas).
O fato é que carreira de bandido, no Brasil, compensa, e muito. Ora, eu tenho uma arma ilegal (que eu comprei à luz do dia em um mercado popular) e a lei a meu favor (sabe como é, só faço 18 anos no ano que vem). Vou pular o muro da casa do leitor e roubar lá o que tiver de roubar, afinal, eu sei que o governo praticamente impede que cidadão de bem tenha uma arma legal para defender a si e a sua família.
Para o azar do leitor, ele estava em casa na hora do ocorrido e, ossos do ofício, toma um tiro e morre. Pergunta. O que acontecerá com o bandido? Nada, é um “jovem em conflito com a lei”. O que acontece ao leitor? Vira estatística. Feliz Natal, leitores, e se não desejo um feliz Natal para os bandidos também, é só porque eu sei que eles já tiveram um ótimo ano.
Publicado no jornal O Estado em 22 de dezembro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário