Ativista indiano desiste de jejum contra corrupção
Anna Hazare não conta mais com o apoio da população como antes
VEJA
O ativista indiano Anna Hazare acabou nesta quarta-feira, um dia antes do previsto, com a sua greve de fome para pressionar a aprovação de uma lei anticorrupção mais ambiciosa do que a que está prestes a ser aprovada no Parlamento, informou a imprensa local. A preocupação com a saúde de Hazare, segundo os jornais indianos, deve-se à falta de apoio popular a esse novo desafio contra o Executivo, que contrasta com a onda de protestos que percorreu a Índia em agosto, quando o ativista chegou a ser preso.
Na época, este seguidor de Gandhi de 74 anos contou com o apoio de milhares de seguidores em sua greve de fome em Nova Délhi e pôs em xeque o governo presidido por Manmohan Singh, que se viu obrigado a acelerar o trâmite legislativo.
Greve de fome - Hazare rompeu seu jejum na última hora da tarde após afirmar que já estava há quatro dias jejuando - embora oficialmente tenha iniciado a greve de fome na terça-feira - e que havia uma maneira melhor de lutar contra o que considera um engano do governante Partido do Congresso. "Faremos atos nos cinco estados (que em breve têm eleições legislativas) e ali despertaremos as pessoas pedindo para que não votem em traidores", disse o ativista gandhiano, que acrescentou que suspendia os demais protestos dos próximos dias.
Os médicos haviam advertido nesta quarta-feira sobre a deterioração de saúde do ativista indiano, que sofre de problemas renais, se persistisse com a greve de fome, inicialmente prevista para concluir quinta-feira.
A falta de apoiadores ao jejum foi relativizada por Hazare e sua equipe, que atribuíram a baixa adesão às dificuldades do transporte público em Mumbai, onde ocorreu o protesto. "Este é o início de uma longa luta. Talvez demoremos 10 ou 20 anos para vencer", admitiu Hazare após anunciar que interromperia seu protesto.
Lei - A câmara baixa da Índia aprovou na terça-feira após 10h de debate a lei 'Lokpal' e espera-se que a câmara alta dê nesta quarta-feira na última hora ou nesta quinta-feira o sinal verde definitivo ao projeto gestado após meses de deliberações e pressões políticas.
Os ativistas mantiveram que o projeto governamental anticorrupção é frágil. A corrupção é percebida pela população indiana como um dos problemas mais graves do país. Uma pesquisa divulgada este ano apontou que a maioria dos indianos (60%) acredita que seu governo é corrupto e apoia os ativistas que lutam contra esta praga.
(Com agência EFE)
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