sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Assembleia já ensaia esvaziar investigação de venda de emendas


Após 15 dias, apuração sobre possível esquema continua paralisada na Casa, e oposição chama caso de 'sabotagem'
Governador Alckmin defende seu secretário Bruno Covas, convidado a prestar depoimento na semana que vem

RODRIGO VIZEU - FSP

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo completou ontem 15 dias desde que abriu apuração da denúncia do deputado Roque Barbiere (PTB-SP) de venda de emendas na Casa dando mostras de que caminha para enterrar o caso.
Assim como na última terça-feira, a sessão de ontem do conselho foi apenas de impasses entre governo e oposição. Deputados bateram boca, causando uma suspensão temporária da reunião, e derrubaram pedidos para chamar envolvidos a depor.
PT e PSOL acusaram a base do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de fazer uma "operação abafa" do caso.
"Tem esvaziamento, sabotagem. Nós não investigamos nada até agora", disse Carlos Giannazi (PSOL).
Os governistas derrubaram a tentativa de chamar o secretário Emanuel Fernandes (Planejamento), a quem Barbiere disse ter alertado sobre o esquema. O governo nega.
A ausência de medidas concretas -até agora ninguém depôs no conselho- preocupa o PSOL, que afirma que o colegiado já usou metade do tempo para concluir a investigação.
Já o PSDB entende que o processo ainda está em "averiguação" sem prazo. Sob anonimato, um tucano disse prever que o caso das emendas "morrerá" em duas semanas, no máximo.
O presidente do conselho, Hélio Nishimoto (PSDB), disse que enviou convite formal para o secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), deputado licenciado, prestar esclarecimentos ao conselho.
O tucano se envolveu em polêmica ao afirmar que recebeu oferta de propina de um prefeito. Também foi acusado de levar R$ 15 milhões em emendas desde 2007, o que nega. Cada deputado tem direito a R$ 2 milhões anuais.
A previsão é que Covas fale na próxima quinta, 20.
O convite a Covas, porém, não deve significar nada de novo, uma vez que o secretário já mandou seus esclarecimentos por escrito. Na ocasião, disse que as afirmações eram hipotéticas.
O próprio líder do PSDB, Orlando Morando, afirmou que Covas já se explicou e que, "no máximo", reenviará o texto que entregou.
Morando negou que a base governista trabalhe para abafar as denúncias de Barbiere e reclamou da criação de um "palanque" contra Covas. "Existe um medo de ele ser escolhido nosso candidato a prefeito", afirmou.
Ontem, Alckmin fez, sua mais enfática declaração em socorro a Covas. "Ele já esclareceu [o que disse na entrevista]. O Bruno Covas é um exemplo em seriedade na política, de responsabilidade."
Em visita a Aparecida (SP), anteontem, o governador prometeu divulgar todas as emendas de deputados liberadas pelo governo desde 2007. Até agora, só são públicos dados pagos em 2011.
Segundo Morando disse que o governador lhe disse que os dados serão divulgados "menor prazo possível".



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