segunda-feira, 10 de outubro de 2011

REINALDO AZEVEDO

O papo-furado de Barbiere – Setores do jornalismo precisam tomar mais cuidado com alguns “heróis”

Quem deu trela ao deputado Roque Barbiere (PTB-SP), que parecia ser o novo herói da moralidade, que agora o embale. Eu disse aqui na quarta-feira o que penso a respeito de sua atuação. O título daquele meu post é este: “Barbiere, o deputado que diz saber de um monte de sacanagem, nega-se a falar. Ele está deixando o berço do herói para se deitar no do chantagista… A imprensa precisa tomar cuidado para não virar cúmplice”.

O jornalismo perde a mão às vezes. É o que aconteceu no caso deste senhor. Nunca vi procedimento assim. O sujeito usou a imprensa como inocente útil para eventualmente mandar recados, não entregou um só nome dos deputados que supostamente vendem emendas, recuou miseravelmente no documento entregue ao Conselho de Ética da Assembléia e ainda disse que foi mal interpretado pela mesma imprensa que lhe deu espaço.

Recuou por quê? Tenho ou não o direito de achar que ele foi, digamos, recompensado pelo silêncio, já que disse saber tanto? Nesse caso, o jornalismo serviu como o seu agente, não é? A moda vai pegar? Todo mundo que disser que sabe um monte de safadeza sobre seus pares vai ter direito a cabeças de página, manchetes nos portais, entrevistas exclusivas, mesmo sem revelare um só nome? A imprensa agora serve como instrumento de chantagem?

Taí… Quando se lançou na sua cruzada moralizadores (podem gargalhar aí), o valente afirmou que entre 25% e 30% dos deputados da Assembléia vendiam emendas. Na carta entregue ao Conselho de Ética, afirma agora ser apenas um “pequeno grupo” e que o número usado antes não era um “percentual matemático e devidamente comprovado”. Então a imprensa foi fetia de trouxa durante duas semans. Que sirva de lição! Ah, vá plantar batatas, deputado!

Barbiere tentou ainda arrastar o governo Alckmin para o rolo, mas não conseguiu. O fato é o seguinte: o seu “chefe” é o deputado Campos Machado, também do PTB, dono do partido em São Paulo. Campos Machado está irritado com o governo de São Paulo porque foi malsucedido naquela sua patuscada de tirar a Corregedoria da Polícia Civil da Secretaria de Segurança Pública. Alckmin não topou. Ainda bem! O mundo se rende à eficiência da polícia paulista, conforme atesta relatório da ONU, sem a ajuda de Machado… Parece que Barbiere foi só uma tentativa desastrada de retaliação.

Setores da imprensa precisam tomar mais cuidado com os heróis que elegem. Vai continuar a dar bola para Barbiere, ou o vexame já está de bom tamanho?

Cuidado! Foi um momento de perda de parâmetro.

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